domingo, 6 de dezembro de 2015

Nicanor Parra -- Plácido, poema traduzido: EPITÁFIO

(49) EPITAFIO (40)

 


De estatura mediana,
Con una voz ni delgada ni gruesa,
Hijo mayor de un profesor primario
Y de una modista de trastienda;
Flaco de nacimiento
Aunque devoto de la buena mesa;
De mejillas escuálidas
Y de más bien abundantes orejas;
Con un rosto cuadrado
En que los ojos se abren apenas
Y una nariz de boxeador mulato
Baja a la boca de ídolo azteca
-- Todo esto bañado
por una luz entre irónica y pérfida --
Ni muy listo ni tonto de remate
Fui lo que fui: una mezcla
De vinagre y de aceite de comer
!Un embutido de ángel y bestia!

Poemas y antipoemas -- 1954.

EPITÁFIO

 

De estatura mediana,

Com uma voz nem fina nem grossa,

Filho mais velho de um professor primário

E de uma modista de sobrado;

Fraco no nascimento

Ainda que devoto da boa mesa;

De bochechas esquálidas

E de abundantes orelhas;

Com um rosto quadrado

Em que os olhos se abrem apenas

E um nariz de boxeador mulato

Sobre uma boca de ídolo asteca

-- Tudo isto banhado

Por uma luz entre irônica e pérfida –

Nem muito esperto nem completo idiota

Fui o que fui: uma mescla

De vinagre e de azeite de comer

Um embutido de anjo e besta!

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