sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

TREINADOR

...treinador
pois
me treinei
em suportar a dor
a vi desde cedo
treinador
um nome pronunciado com medo
treino meu medo e a dor fica um pouco menos insuportável
ela é uma criatura que nasceu comigo ameba gesso tifo
ostiomielite
elite?
é isso
que me restou lembranças da época em que ainda sentia algo
anestesiado sigo acostumado comigo na dor de um desconhecido

Dom Quixote e os planetas

...trazemos o mundo conosco sabemos tudo e à medida que crescemos desaprendemos seja por vergonha por medo estabelecemos um compromisso com o acerto que é onde começam nossos reais problemas os professores principalmente os de português se satisfazem em nos contar as agruras das regras sem nos incitar sobre os mistérios das letras Dom Quixotes e os planetas e aí diminuímos diante dos mestres que os diminuíram esse o verdadeiro dilema aprendemos que não podemos que não somos ninguém para poder e aí não poderemos e aí esquecemos da criança que fomos e aí nada mais tem graça nada disfarça o medo da solidão das palavras

ICE MAN -- INSTRUMENTO

O homem de gelo pelos cinquenta resolveu em menos dezesseis graus Censius testar sua capacidade física e mental exemplo de marido e pai só suportou os últimos cinco quilómetros da maratona por estar de mão dada com seu filho de seis anos sem energia precisou do calor do amor para ultrapassar a linha de chegada e nos ensinou em cinco horas e vinte e cinco minutos de superação que o corpo é só um instrumento do sentimento

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Último poema do projeto "365 dias com poesia"

DESILUSÃO

Irmão

Descobri

Com você

Que iria

Morrer

E

Foi essa desilusão

Que começou a me preparar para o que viria

Outras descobertas

Foram bem-vindas

Depois da sua partida

As coisas me afetavam mais e quanto mais era afetado mais me assustava com os rumos que a vida estava tomando

Disso tudo me recordo pouco

Tenho só uma leve sensação

Intuição

(É o jeito que nos revelamos

Com a revelação)

Passado o susto

Só me restava o futuro que viria

(E veio de qualquer modo)

e segui

Rolando como roda de carroça

Desengonçado e sério pelas responsabilidades advindas com a missão que era seguir...

...até que chegamos ao dia

cinco de maio de dois mil e oito

Data da criação do poema Frederico, em sua homenagem...

...Bom o resto

Já é bastante conhecido...

(Amigos, agradeço a oportunidade, nesse ano, sabendo-me lido, pude amadurecer na dura empreitada de fazer, ou melhor, postar um poema por dia. Para o próximo ano desejo a todos saúde e realizações, informando que o projeto “365 dias com poesia” foi devorado pelo blog “PeNsAmEnToS eM mOvImEnTo”. Abraços, Marco Plácido).

Vesgo

ninguém entende o meu modo inteiro de ver as coisas não são apartadas tudo nos influencia sobremaneira todos estamos interligados não somos irmãos mas nossas dificuldades dificultam algumas facilidades deliberadas libero uma libélula mas seu voo ofende às estátuas nada posso fazer com a velocidade das minhas palavras escrevo em português e sou ouvido? em chinês talvez seja mais fácil sofrer em chinês talvez seja mais fácil não compreender o que trago o uísque é falsificado aqui do lado errado todos estamos quando pretendemos não evoluir e sim usufruir do talento alheio quem disse que Picasso era vesgo?

A FOLHA

...o sol amplia a luz do dia
alegria em forma de quentura
semeio a semente dura de preguiça que trago
penso na árvore
e a esmago
fazendo suco de verde
consistência
que logo virará caule
marrom verdade
que me dará
a tão desejada folha
que será despida em poema

CACTOS

ao acordar todo dia penso ser uma dádiva depois que perdi meu irmão com a rapidez das vinte e quatro horas passei a enxergar a luz do dia como um presente recebido e agradecido tento deixar o curso do rio sem desvios de temperamento ou qualquer outro empecilho acredito que temos que ajudar começando por nos ajudar esticar as mãos em oração só depois de trabalhar os medos e defeitos só depois de enxugar um pouco do gelo de indiferença com que quase todos recebem nossos laços fazem parte do passado e devem ser podados e tratados como uma orquídea não como cactos

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

PRÓXIMO ANO PRÓXIMO

Insatisfeitos todos somos insatisfeitos os casados querem liberdade os solteiros um pouso para os domingos à tarde os flamengos querem um título se possível com pouco treino os nenses querem o Imperador indesejado pelo time italiano os franceses não querem ouvir os ingleses que por ventura se perderam na Santa terrinha o bacalhau tira onde de português e não engana ninguém quem tem bom emprego queria cantar quem canta quer trabalhar no Senado o cara aqui do lado reclama porque não paro o aleijado queria correr atrás das saias do varal o ator famoso queria andar solto afinal como iremos resolver essa total insatisfação? Ah, já sei!: fazendo promessas para o próximo ano!

Cabana

...passei por Copacabana
e
fiquei com saudade
dos meus amigos de infância...

...fiquei com saudade
dos meus amigos de infância?
ou
fiquei com saudade da minha infância?
cabana bacana era Copa a praia me assustava com enormes ondas ainda sinto o cheiro de alho do arroz da minha rosa avó e as rosas do Itanhangá não me deixam cheirar mais nenhuma flor

DO POMBO

não sei se você já se sentiu assim
eu contra o mundo
o mundo contra mim
às vezes parece que nossa vontade ofende o outro
às vezes parece que é quase sempre
se ninguém faz nada
se ninguém se coça
minha coceira
deve incomodar
as estátuas não gostam do voo do pombo
(isso já me disseram há algum tempo)
mas
o que devemos fazer
ignorar?
chorar?
parar?

ANO NOVO

...e a vida acaba sendo
um empréstimo de talentos
vi, li, ouvi
revi, reli, e ouvi de novo
como não sou invejoso
não tenho problema em prestar atenção
ao talento alheio
acho que todos temos dom
e por isso
devemos compartilhar
agradeço o empréstimo que vocês me concederam
do seu ao meu talento
e
espero pagar com juros
de músicas e poesias

Próspero Ano Novo! Marco Plácido.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Violão

...não desistir...
essa a única opção
coragem
palavra que separa os homens dos meninos
de vez em quando afino meu violão
canto uma canção que fiz para mim
isso é quase
tudo
(além de te amar...)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

CINEMA 2

Roteiro:

porque me analiso
consigo
te entender
não me aliso
então não queira compaixão
é aceitar o defeito alheio
só que aceitar é verbo difícil de ser aceito por mim
tento mas ainda não consigo
esse ainda não é o fim


Filmagem:
Não me aliso
me analiso
por isso
te entendo
mas
não queira compaixão
meus defeitos ainda me incomodam
e aceitar os alheios é quase impossível
aceitar é verbo difícil de ser vivido
tento mas não consigo

esse ainda não é o fim

Copião:

Não me aliso
me analiso
(esse não é meu fim)
te entendo
mas não tenho compaixão
seus defeitos ardem
meus olhos não aceitam
aceitar
verbo difícil de ser vivido
meu fim virá quando aprender a perdoar?

Ventilador

o vento seco
bate na minha janela
me lembrando
do seu nome
não sei
se abro a janela
ou
ligo o ventilador

domingo, 26 de dezembro de 2010

LOÇÃO

como um furacão
você
bagunçou minha vida
transformou
letras em
poesia
sofrimentos plantados
na forma de rimas
exalam a exata
noção do por quê um poeta se descobre poeta

sábado, 25 de dezembro de 2010

Chilique

não confundam
sucesso com repercussão
sucesso é fazer com talento
fama com prestígio
prestígio é ter o talento reconhecido
temperamento com chilique
chilique é ficar irritado por não ter sucesso nem prestígio

FAMA


é aquilo que a pessoa pensa em tirar de proveito dizendo que você é perfeito

é o jeito que quem te ignorou te trata para não ser ignorado por você no estrelato

é o tamanho da grana que quem encosta pensa em tirar do bobo da corte

SIM

...o que dizer
para quem não me ouve
ouça
aqui e agora
é o único motivo de estarmos juntos
o que passou
passou
e o que virá só será aproveitado juntos
se deixarmos de lado
vaidades e inteligências prévias
abandone-se nos sentimentos
esqueça os centímetros
esqueça a métrica
aproveite os poucos momentos de solidão que ainda temos juntos
esqueça livros
esqueça de tudo
feche os olhos
e diga
sim

Assims

vivo
o presente
recebido a cada dia
com o passado tracei um pacto de não agressão
o futuro está vivo no meu trabalho
todo dia planto uma semente
em forma de poema
adubo com música
meus problemas são resolvidos
e sigo
plantando um jardim
de assims

Ferrugem

o ferro não espera a ferrugem
a pedra não espera a maresia
a angústia não espera o dia
a tristeza não espera a alegria

nós esperamos a morte?

ANIMAÇÃO EM 2011

20011 será um ano animado! Com certeza, ano em que lançarei meus novos três livros de poesia, se Deus quiser! Terminarei a gravação do meu segundo CD, farei pelo menos um show grande para a gravação em DVD, começarei a gravar um programa sobre poesia chamado "Rascunhos Poéticos, para colocar no youtube, ampliando o público da oficina poética de mesmo nome e... Bom, espero ótimas surpresas, vamos ver! Bom Natal e Excelente Ano Novo! Marco Plácido.

Música e Poesia (diferença)

A diferença fundamental que vejo entre poesia e música, ou melhor, entre um poema e uma letra, na verdade são duas: uma formal e uma material.

Formalmente, acho que na música a melodia quase sempre limita a dimensão do poema transformando-o em letra de música. E é natural que isso aconteça pelo jeito que as músicas se configuram com estrutura de letra mais refrão. Essa dinâmica torna a música mais fácil e por isso provoca repetição de partes do poema, o que limita seu significado.

No conteúdo, vejo que a temática de um poema é muito mais abrangente, fala com mais peso sobre qualquer assunto, fome, mesmo que seja existencial, amor, ódio, pobreza, etc., enquanto a letra de música ou o poema adaptado a uma melodia geralmente fala de assuntos relativos ao amor.

Outra característica que se evidencia na prática é que a melodia suaviza certas passagens do poema que seriam mais brutas com a simples leitura. Na realidade, apesar de estarmos acostumados com grandes letristas/poetas é a melodia que na música comanda o show.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Os da pá

quem pinta o sete?
há quem minta sobre o oito?
quem já fez dezoito?
onde estão os de mentalidade avançada?
os avós estão da pá virada?

Aleijado

a solidão do poeta não se explica em palavras
aliás
as palavras são suas nossas companheiras
permitem a troca de olhares
e de lenços
as palavras são muletas
para o poeta aleijado
por saber
(escrever)
sobre nossos defeitos




solidão

a solidão do jogador de pôquer em Las Vegas

a solidão do jogador de futebol em Milão

a solidão do menino da Somália

a solidão do menino em Minas Gerais

a solidão do garoto do morro de São Carlos

a solidão do falido da Bolsa de Valores

a solidão do poeta na folha em branco



quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Matéria

para quem come, fome é abstração
para quem some, presença é afobação
para quem dorme, sono é distração
para quem entope, artéria é preocupação

Tempo e dinheiro

você não imagina o esforço para começar a escrever foi um sufoco você não imagina o esforço para desaprender começar a escrever sem medo de errar sem medo do que vão achar você não imagina o quanto tantos falaram ser um absurdo você não imagina o esforço de me fazer surdo para tanta desaprovação você não imagina o quanto um dom pode ser perigoso alguns não lidam bem com o talento alheio você não imagina o número dos que me disseram que escrevo porque tenho tempo e dinheiro você não imagina porque não sente o mesmo você não imagina porque não imagina mesmo

Criadores

um amigo pastor
não gostou
quando disse
não precisar de Deus
sou como ele criador
crio a dor
à Sua semelhança
à Sua semelhança
somos todos criadores de esperança

autor

que palavra que significa amor?
AMOR
que palavra define solidão?
SOLIDÃO
que palavra gasta dinheiro?
DINHEIRO
que palavra define o criador?
AUTOR

todos

onde posso dizer o que penso? aqui!
e penso que posso dizer tudo e o mundo inteiro saberá
sabe por que?
porque todos querem saber algo de alguém que pensa em não esconder quem é porque todos querem algo todos querem alguém todos querem fugir do ninguém que somos quando deixamos de querer

Quero-quero

quero querer quero perder para aprender quero ganhar para te dar quero-quero quero suco quero figo quero e fico quero hoje quero tudo quero o mundo quero feder quero cheirar-te quero esmero quero e não espero quero o certo e o errado quero o certo e o estrábico quero-quero quero-quero quero-quero

MAUS E BONS

Poesia é porrada na babaquice
pau no c...
da hipocrisia
quem disse que poeta é afeminado
quem gosta dum cara seguro de seus predicados?
os maridos não gostam dos poetas
os produtores não gostam dos poetas
os editores não gostam dos poetas
os maus poetas não gostam dos bons poetas

TORTAS

em várias ocasiões durante vários anos ficava ali da janela do escritório do apartamento dos meus pais olhando as janelas do prédio em frente via espaços sem vida via algumas vizinhas me dispunha a ficar olhando a vida alheia ao invés de aproveitar os livros que estavam ao alcance das minhas mãos escolha errada que me levou a escrever errado por linhas tortas

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

MELHORES

Outro dia, lendo poemas numa coletânea, vi que cada poeta pode colocar três poemas de sua autoria. Daí foi um pulo para começar a pensar em quais poemas colocaria se estivesse no livro. E logo me veio a dificuldade de tal empreitada. Como poderia escolher só três poemas? Se já tenho uns cem poemas publicados em três livros, mais outros cem, que serão publicados em 2011, como escolher? Com qual critério? Poemas mais sérios, mais gaiatos, mais filosóficos? Sei lá?!

Mas mesmo sem saber acabei pensando em três...Dos primeiros livros seriam: FREDERICO (meu primeiro e xodó), PRÓPRIO AMOR e CHORO DA MENINA. Dos ainda inéditos seriam: BACON, NOMES e PLÁSTICOS ENIGMÁTICOS. E dos que estão no blog: QUIROMANCIA, TEMPOS e MOLE.

Todos estão no blog, na seção TOP, e vocês podem escolher, abraços, Marco.

Destemidas

todos os dias
formigas
lutam pela vida
destemidas
desconhecem seu pequeno tamanho
continuam
catando folhas grãos e qualquer alimento que possa fazê-las continuar
não sonham não dão autógrafo nem entrevistas
não cantam não invejam só lutam para continuar e continuam lutando todos dias são amassadas até caçadas e continuam catando alimento tentando continuar

S.I.L.E.N.C.I.O.

(o silêncio desse pensamento...
mostrado apenas
por uma folha molhada)









(pingo d'água)

POESIA BRASILEIRA, ANOS 80 -- Eucanaã Ferraz

"
O poeta insiste:
brune, lava, escoda.

Mas já não sonha
o perfeito.

Verruma
porque o canto é assim mesmo.

Isso:
toda palavra é defeito.".

Vivo

palavra de sal
saudade
por segundos paralisa
alisar os cabelos, uma pista
o tempo sem pensamento roendo unhas, outra
aquele olhar distante
adiante
o passado é o perfume da rosa
os espinhos, o cuidado com o futuro
e o presente é estar vivo

Verde amor

...os dois se olharam

pareciam nascidos um para o outro

nascidos no mesmo bairro

tinham brincado no mesmo jardim escorregaram na mesma gangorra e dormido na mesma sombra da árvore que já não mais existe

sorrisos parecidos e um olhar de querer aprender mas tristes até aquele encontro que mudaria suas nossas vidas

em pouco tempo viram que possuíam um plano de vida parecido e estavam sendo iludidos pelos seus respectivos pares que só pensavam em carros, fotos, viagens resolveram então sem alarde que ficariam juntos e dariam uma nova chance à vida criando vidas

seus nomes?

a zul e amarelo

Rios

...juntas as letras
até que é fácil
o difícil é dar propriedade aos sentimentos represados
por anos de ignorância anos como rios
passando arrancando o barranco vegetação se dispersando e quando fui ver só havia essa solução

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

De lembrança

o vento
apaga minhas pegadas
esperei muito tempo
para mostrá-las
essa vingança da natureza
é
por tudo que dela retirei

as chuvas choram de lembranças do homem irritado que fui

Piadas

...uma desculpa...

um poema
é uma rima
sem culpa
despida polpa
gostosa colcha
de retalhos
culpo o
compadre de
com fraque ficar só no chalé
sofrendo
quando eu
treinado que estou
em escrever gemendo
podia lhe contar algumas piadas

POESIA BRASILEIRA, ANOS 80 -- Cláudio Nunes de Morais

"DISCURSO DO MÉTODO

Fazer uma esponja
tragar
impregnando-a
do suco gástrico
da poesia

Espremer a esponja
sobre um suculento
pedaço de papel
em branco
num recipiente

E começaremos
assim
a estudar a digestão
in vitro, ou seja
fora do peito"

POESIA BRASILEIRA, ANOS 80 -- Ivo Barroso

"O SINO

Teu nome é um sino imerso no meu peito.
Um pequenino verso que nasceu já feito.
Plange tão silente na manhã festiva
de minha alma cheia,
que o não ouve a gente nem desperta a aldeia.
Nasce tão calado da emoção tão viva
que me sela a boca,
que qualquer pessoa não percebe ao lado
como o sino toca, como o verso soa.".

POESIA BRASILEIRA, ANOS 80 -- Roberval Pereyr

"OFÍCIO

A minha luta é banir-me
a partir mesmo dos ossos
da ossatura dos sonhos
com seus remorsos, rebanhos
de feras subtonadas.

Banir-me a partir do corpo
onde o ego se ampara
com o porte de um porco
obeso, de banha farta.

Poia havia o destino cego
e uma carta lacrada: o ego
com que me fiz e me nego
porque não rasguei a carta.

Rasgo-a. E quanto mais rasgo
mais ela mesma se escreve.".

POESIA BRASILEIRA, ANOS 80 -- Adriano Espínola

"QUÍRON

Metade de mim
é o que não foi;


a outra metade,
o que poderia


ter sido. Entre as duas,
sou, sendo (suponho)


aquilo que so (u)
brou, ferido: o sonho


do dia presente,
feito luz e sombra


e carne e agonia:
inteiro, no poente.".

Urso

se o crente mente para Deus consequentemente a frente se aprofundará

se o poeta atleta pega ameba infesta a testa e a festa terminará

se o roqueiro rói a roupa do Rei de Roma realmente resta pouco para o ruim ruminar

se a uva de viúva me viu e uiva ufano e uso um uivo urso para lha conquistar

Estúpido

úmido de molhado
único de amarrado
cúbico de gramado
súbito de assustado
estúpido de abilolado

Poço

todo o tempo
penso
nos passos que me trouxeram até esse ponto
esse é o ponto que quero realçar
andamos sem saber
sem nos governar
as coincidências nos desbotam ou colorem depende de quanto atentos estivermos ao momento da curva andar em retas cansa e não dá em nada depois da mudança vem a bonança então ainda não parei de rolar não me vejo verde mas quem se vê como é? quem sente o cheiro do próprio chulé é mais fácil ficar vendo defeitos alheios e alheios seguimos sem direção até o instante que nos vemos sem possibilidade de retorno do fundo do poço a escuridão magoa

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O amanhã

...seguiremos ou voltaremos?
esse é o sofrimento
o tempo da decisão
pode estar se perdendo
amanhã a saudade bate
e pode ser tarde
nossas mãos podem não encontrar nossa solidão
e os olhos de ansiedade
denunciam nossas dúvidas
onde estão as memórias que me levarão ao amanhã?

Única

silêncio quero ouvir a voz-música única que me induz a rezar comer cantar vox populi vox dei para chorar de saudade única que me induz a falar escrever sussurrar palavras em outro idioma Roma onde está o espelho para transformar em amor onde há um professor de vida onde está minha canção pequena e sentida mas minha

única

Reações

não entendo como um poeta escreve e não consegue mostrar o que me move são as reações gostem ou não escrevemos para os outros nós já sabemos daquilo tudo e retiramos para conversarmos com outros olhares que nos darão a medida exata da importância daquilo que estamos pensando naquele dado momento e esse é o argumento para sentarmos de novo e recomeçarmos se for o caso

Imperfeitos

tanto tempo sendo desperdiçado com vaidades
títulos e entrevistas sem coragem de dizer o que todos deveríamos saber
toda arte é um acúmulo de autoestima, dom e trabalho
a repercussão disso
pode ser
propaganda
espontânea ou não
círculos de amigos ajudam
mas
o valor de determinada obra de arte só será alcançado com o tempo
temperatura e pressão
não entram nessa equação de números imperfeitos

Rei

choro
também choro o sentimento alheio
em certo sentido
todo choro é um arremedo
raiva e incompreensão
embutidas
também choro a morte da bezerra
do touro e do mosquito
choro por tudo que ainda não temos aqui
dentro desse choro há tristeza
e também uma má-criação
de não aceitar limites
de me impor nesse mundo
em que a ilusão
só é permitida aos amigos do Rei de então

FENOTIPO

Genotipo ou fenotipo?
Quem acreditar em genotipo (DNA)
tem que acreditar
que nascemos prontos
que dom é dom, não é ajudado pelo trabalho
que tudo está pré-determinado
e
quem acreditar no fenotipo?
É tudo aquilo ao contrário

esquecimento

tempo sendo contado por gotas de areia

Migalhas

não gosto de correntes...
nem mesmo as literárias
sou escravo
mas das palavras
consequentemente
trato da liberdade
a rima com arde se impõe e por isso
não vou usá-la
não gosto
de nada
imposto
aposto
sobreposto
não gosto
de migalhas

Dez anos

a intensidade
transforma
dias em meses
segundos em mundos
comecei ontem
e
me lembro como se fosse a mais de uma década...
(uma vez me perguntaram se me lembrava de quando tinha vinte anos e assustado descobri que tinha jogado dez anos fora...).

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sensação

...tantas formas de comunicação
e nenhuma emoção...
aparelhos
e mais aparelhos
permitem o contato imediato
o contato
sem olfato
sem tato
sem o olhar mediando a mentira
todos
estão bem estão na medida do padrão aceitável
loucos são os diferentes os que de fato assumem quem são
e sãos somos os que aprenderam na televisão
livros não servem mais para nada talvez a fogueira imediata dos sem razão
e seguimos contentes em ver os novos romances os novos famosos de ocasião
que não sabem explicar se estão indo ou voltando de sua sensação

Desejadas

...os que olham e vêem
os que procuram o perfume da diferença
são poetas
esses
mesmos
mesmo que não escrevam
escrever nesse caso é apenas um pequeno detalhe
entalhe na carne o verso e serás tatuado com o doce veneno da desconfiança adulta culta a cura não pede perdão digito direto a paixão de escrever sem pensar pois os que pensam não sabem o que falar e eu que nada sei me aqueço das palavras desejadas

sábado, 18 de dezembro de 2010

Caótico

...a vida não é fácil...

ao acordarmos
há preguiça e adaptação à realidade não sonhada

trânsito caótico violência trabalho

problemas desculpas atraso

volta para casa

trânsito caótico desculpas atraso

pouco tempo para nos concentrarmos em nós mesmos e para reconhecermos os outros em nós mesmos e mesmo assim torcemos por outro dia e mais outro e mais outro ao acordarmos...

Natação

natação
arte da respiração
potencialização da concentração
segundos que inventam mundos
de poemas-bolhas
de ar
de braçadas
de pensamentos
balé
poético de fundura azul

Estátuas

...no fundo
o que todos queríamos era nascer prontos
mas
que graça teria
por isso não acredito plenamente em dom
dom é responsabilidade de melhorar
quantos nasceram para cantar e cantam?
quantos nasceram pra desenhar e desenham?
quantos nasceram para pombas e estatuam?
quantos nasceram para pedras e rolam?

Descartes

prezo a descoberta, descarto o fácil
prezo a coberta, descarto o estrelato
prezo a bicicleta, descarto o inchaço
prezo a sentinela, descarto o cansaço

LETRAS DAS MÚSICAS DO CD "Coleção de Besouros" -- PINGO AZUL

Rosa escuridão

Ainda

me permitiu

imaginar ver...

sua sutil silhueta

sombra perfeita

para meu anoitecer...

desesperado

por desconhecer

a cor de seus olhos...

me inventei

pintor...

e pinguei

azul

nos olhos

que chorei...

CELLO SOLO

desesperado

por desconhecer..

a cor de seus olhos...

me inventei

pintor...

e pinguei

azul

nos olhos

que chorei...

Rosa escuridão

Ainda

me permitiu

imaginar ver

sua sutil silhueta

sombra perfeita

para meu anoitecer

desesperado

por desconhecer

a cor de seus olhos

me inventei

pintor

e pinguei

azul

nos olhos

que chorei...

LETRAS DAS MÚSICAS DO CD "Coleção de Besouros" -- VERSOS

Não por gostar

de navegar

para me testar X 2

Pela janela

Vejo a vida passar

Sinto medo

Devo confessar

Mas me visto com as roupas

Da coragem

E com lealdade

A quem pretendo ser

Saio pra combater

Todos os meus receios

Zarpo sem rumo

Pelo simples prazer

De

Estar

Enfrentando o mar

Zarpo sem rumo

Pelo simples prazer

De me conhecer

Não por gostar

de navegar

para me testar

Pela janela

Vejo a vida passar

Sinto medo

Devo confessar

Mas me visto com as roupas

Da coragem

E com lealdade

A quem pretendo ser

Saio pra combater

Todos os meus receios

Zarpo sem rumo

Pelo simples prazer

De me conhecer

Não por gostar

de navegar

para me testar X 2

Lálálá

Lálálálállálá X 2

Só para me testar em versos

LETRAS DAS MÚSICAS DO CD "Coleção de Besouros" -- CEGOS

Ouça o quê

Chico

Disse

Ouça o quê

disse

Chico

Os cegos

e

os poetas

enxergam na escuridão

Me dificulte então

Não emita som

No escuro do seu quarto

Beijo seu pescoço

Me acho em suas mãos

Prendo a respiração

Os cegos

e

os poetas

enxergam na escuridão

Me dificulte então

Não emita som

No escuro do seu quarto

Beijo seu pescoço

Me acho em suas mãos

Prendo a respiração

Sou jovem e asceta

Necessito da solidão

Pra não chorar em vão

Agarro suas mãos

Triste e com o fardo

De saber quem sou

Prendo a respiração

Mudo minha direção

Os cegos

e

os poetas

enxergam na escuridão

Me dificulte então

Não emita som

Triste e com o fardo

De saber quem sou

Prendo a respiração

Mudo minha direção

Os cegos

e

os poetas

enxergam na escuridão

Me dificulte então

Não emita som

No escuro do seu quarto

Mostrarei meu dom

Te deixando sem respiração.

LETRAS DAS MÚSICAS DO CD "Coleção de Besouros" -- FIM ou INÍCIO

Depois de escrever

Sentimentos e emoções

Erros e acertos...

Na caminhada

Da vida...

Sinto-me vazio

Porém feliz!

Nada resta a fazer

Se não recomeçar

Escolher

novos caminhos...

Chorados

Os que se foram...

Amados

os que ficaram...

Repensar

E

Testar

novos sabores...

Retirar

Os espinhos das flores

Que trago em mim...

Depois de escrever

Sentimentos e emoções

Erros e acertos

Na caminhada

Da vida

Sinto-me vazio

Porém feliz!

Nada resta a fazer

Se não recomeçar

Trilhar

novos caminhos

Sonhados

Os que se foram

Florados

os que ficaram

Respirar

E

confirmar

novos valores

Retirar

Os espinhos das flores X3

Que trago em mim!

Que trago em mim X4

trago em mim

LETRAS DAS MÚSICAS DO CD "Coleção de Besouros" -- À CECÍLIA

O resto

de mato

na minha framboesa vida

não me impossibilita

de querer

ter

hálito

de margaridas...

hábito

de esconder

minha tristeza

em canteiros

inteiros...

flores

parecidas...

repletas

esquecidas...

O resto

de mato

na minha framboesa vida

não me impossibilita

de querer

ter

hálito

de margaridas

hábito

de esconder

minha tristeza

em canteiros

inteiros...

flores

parecidas...

repletas

esquecidas...

reza forte

me permitirá

te embalar

em sonhos

antes da despedida

minha sorte

me permitirá

continuar

moço

antes da despedida

O resto

de mato

na minha framboesa vida

não me impossibilita

de querer

ter

hálito

de margaridas

hábito

de esconder

minha tristeza

em canteiros

inteiros...

flores

parecidas...

repletas

esquecidas...

reza forte

não me impedirá

de continuar

moço

antes da despedida

minha sorte

me permitirá

te embalar

em sonhos

antes da despedida

o cheiro de mato

na minha framboesa vida...

LETRAS DAS MÚSICAS DO CD "Coleção de Besouros" -- COMPLEXA VAZÃO

Teço no verso

O diverso senso da razão

Peço enquanto rezo

Continuar sentindo sua mão

No meu rosto

Meu sentir

Sua vida me ferindo

Enquanto beija minha face

Arremedo de paixão

Complexa vazão

Indigesta sensação

De que nada nem ninguém

Me pertence

(a mim)...

Pertence a mim... X3

Quebro no verso

Seus incomodados nãos

Meço no sexo

Meus instintos sãos

No meu gosto

Seu mentir

Sorriso me ferindo

Enquanto beija minha face

Arremedo de paixão

Complexa vazão

Indigesta sensação

De que nada nem ninguém

Me pertence

(a mim)...

Pertence a mim... X3

Tenho...

no verso...

Acomodada uma paixão

Rezo...

pra seu sexo..

Adoçar minha emoção.

Arremedo de paixão

Indigesta sensação

Complexa vazão

LETRAS DAS MÚSICAS DO CD "Coleção de Besouros" -- COLEÇÃO DE BESOUROS

Poema

É um mundo

ao alcance das mãos

Poema

é inflexão

É choro sem prisão

Poema

é coleção de besouros

Poema

é esquiva de touros

o mundo real

Poesia

Poesia é a vida

Fantasia possível

Véu num corpo nu

Poesia

Poesia é o azul

kung fu de cinema

mundo sem problemas

Poema

é coleção de besouros

Poema

é esquiva de touros

o mundo real

Poesia

Poesia é o azul

kung fu de cinema

mundo sem problemas

Poema...

Poesia...

Poema...

Poesia...

Poema

É coleção de besouros

LETRAS DAS MÚSICAS DO CD "Coleção de Besouros" -- BLUE

Sucumbi

No azul! X 6

Derramei

Até a última gota

Da palavra fiz

escudo protetor

Por pintar a dor

Me fiz de forte

Perdi meu norte

Me esforcei...

Me esforcei

Até a última força

Da palavra

Quis retirar...

o símbolo

Da sorte

Me tornei...

Sucumbi

No azul! X 6

Derramei

Até a última gota

Da palavra

Fiz

escudo protetor

Por esculpir na dor

Me fiz

de norte

Perdi meu sul

Sucumbi

No azul! X 6