domingo, 30 de outubro de 2011

Do Ensaio SILÊNCIO OLHAR AZUL

Capitulo 3 – Olhar azul


O que é um olhar azul?

Queria te ver feliz todos os dias, felicidade é utopia? Esquina de cidade do interior que não existe no Rio...todo dia é um desafio enfrento trânsito, sinais, perigo de vida. Todo dia esqueço uma rima para me lembrar de você. Todo dia sonho com sorrisos, mas enfrento dentes mesquinhos. Todo dia, todo dia, é uma luta diária, todo dia tenho dor na arcada, mas não paro de enfrentar (de me enfrentar),
a dor me lembra de estar vivo. Olhar azul é estar vivo, olhando...olhando tudo.

Gosto do gosto de Deus no rosto, uma linha de gozo dedilhada nas cordas de um violão abluesado, pintado de um azul de céu estrelado...conhecimento da situação, única sensação de pertinência... essência de tudo que não seja maldade. Bondade é olhar azul.

Alimento-me do ensejo, como a boca do beijo, como o dente deseja fartura, como os olhos desejam a culpa. Desejos são olhar azul.

Uma foto de um menino sorrindo, não é uma foto é um ninhode bolações, criações alucinadas de uma criança amada. Amar e ser uma criança amada é olhar azul.

Engraçado quando vejo olhos procurando mentiras que agradam só a quem ouve...couve agrada só a quem vende...verdades agradam só a quem fala. Verdades são olhar azul.

Um olhar da lua, olhar azul, nova visagem, nova sugestão nova lua nova. Olhar azul...a perspectiva de um menino querendo acordar cansado de tanto brincar...Olhar azul é a intenção muito mais do que a razão.

Quem trouxe esse mundo cinza ao meu olhar azul? Foi o tempo com sua rotina de perdas?

Inimizade

pouco provável que haja solução...
um relacionamento depende de vontade e emoção, positivas
quando um olha para o outro e só vê defeitos, alguns que incomodam porque são os mesmos, a vaca já foi para o brejo
detesto dizer isso, mas acho que desisto de tentar...

(algumas vezes é necessário parar de testar nossos limites)

OS BEBEÇAS RODGERS

Os quatro garotos aprontavam. três primos com sua banda de rock imaginária e o menino de verruga na bunda. Cage, Nicolas Cage, Ti ago e Vivico se esbaldavam. Corriam, gritavam, pulavam por toda a extensão do sítio do avô. O sítio do pica-pau Azul era lindo, tinha lago, patos, marrecos, pintinhos...
Cage, era um papagaio, repetia tudo o que o primo mais velho falava. Se Ti ago falasse: "Soltei um pum!", ele imediatamente repetia, com uma vozia de criança feliz: "Soltei um pum!. Vivico era o menorzinho, mas não podia ver os outros dois, juntos ou separados, que abria aquele sorriso de fazedor de merda. Brincadeiras a mil, ajudados pelo menino de verruga na bunda, que adorava nadar no lago, acho que para mostrar o motivo do apelido. O garoto era um azougue, só pensava em se divertir...falava para os amigos que um dia iria partir dali.... (continua numa próxima oportunidade).

sábado, 29 de outubro de 2011

...escrevo...

...a folha caindo amarelecida pelo tempo
o pássaro pedindo comida
o menino olhando a revista
a mãe de mão dada com o pequeno
o pai preocupado com o resultado do campeonato
o jornaleiro esperando a hora passar...

...vida passando não esperando nada...

tatoo

o sol arrasa meus olhos tatua em meu corpo um hálito de suor sal de encontros ao redor de mim tudo se desfaz porque espraia a essência da falta de coragem para me queimar

SILÊNCIO OLHAR AZUL, nome do Ensaio

Silêncio olhar azul é o silêncio solidão solitário do astronauta da lua olhando a terra azul é a descoberta da verdade científica que muda tudo que mudo muda o silêncio do homem que se descobre só solidifica a sensação tênue aqui na Terra que temos com quem conversar de lá tudo é azul um silêncio solitário azul de um homem que sabe que não adianta chorar

pequenos olhos

todo dia eu me lembro de mim esqueço de tudo e me lembro de mim (é extremamente necessário lembrar-se de si) em ti amanheço e não esqueço somos únicos lembranças de momentos (esquecemos de vez em quando o começo) sinfonia de melodia romântica românica-latina brevidade clínica de nossas melhores lágrimas essências de árvores demos frutos e o mundo sorri para nossos pequenos olhos felizes

espelho

sinto medo e desespero
medo de sentir medo
medo de estar só
medo do medo

desespero de demonstrar esse medo e de me acharem medroso
todos os corajosos julgam-me assam-me em seus fornos de incompreensão
todos os corajosos continuam a correr atrás dos próprios sonhos desdenhando da emoção do outro (da minha emoção, pequena mas minha) que não existe positivamente, existe
sendo sombra do medo refletido em meu desespero

irmãs

onde estão todos?
onde estão os tolos?
onde estão os toldos que cobriam nossas vergonhas?
onde estão os caroços de manga?
onde estão os jardins que renovavam nosso ar?
onde estão a alegria e a ingenuidade no carnaval?
onde estão os espaços que provocavam nossa criatividade?
onde estão amizade e saudade?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

o vento

emocionante a ilusão por um instante entre aquilo que o ouvido ouve e o vento de música que fiz pensando em você

o azul

não é estilo
é um menino sentimento:
da ilusão do voo do passarinho sou o azul da pena que cai

sóbrio

o sóbrio sabor do chão esgotou as possibilidades da minha boca
gosto amargo de saudades adiadas

o gosto

cadeiras no quarto
sendo
oito pedaços de madeira
de chão solitário
sem tábua
sem reflexo
sem água de olho
sem desgosto
sem cheiros
sem medos

(esse é o gosto da solidão?)

severo

observo o servo servil servindo sirvo-me do seu significado cego sendo solução saúdo a saudável salinidade sistêmica suo sendo severo

afogamento

...irritado com os poucos erros...

estou fazendo as coisas no padrão
sem tesão sem imaginação
soltar as amarras me permitiu criar
me afogar em ilusões
e transformar cada suspiro em palavra
cada dor em devassas lágrimas de incompreensão
cada gota de suor em paixão

inconformado com o que escrevo
subverto-me

caduco

não posso me comunicar como eu quero

a culpa é dos verbos intransigentes
intransitivos
não quero depender do magistério (já me ferrei com um professor caduco)

a ligação será feita com a mesma emoção do encontro de gerações com predicados alongados com adjetivos de holanda com a laranja do suco de vida

só assim só desse jeito terei tempero!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Drummond

Doce criatura
De pedra
Das minas
De metais preciosos
Como as esquinas do rio
Musgo
Estio
Simples como seu sotaque
Duro como as montanhas encaracoladas das Minas
Gerais odores são seus amores escritos com a delicadeza
Da calça xadrez de um palhaço-menino

goiaba

...um amor profundo pelo mundo...
pela brincadeira de criança que não acredita em pedrada
que não mata passarinho
que não espreme barata
criança levada, sim
comendo goiaba, jabuticaba e laranja no pé
no pé com asas...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

beijos

indo para o trabalho
vejo beija-flores
beijando flores
beijo flores
como beija-flores
com a boca com penas
sorrio surpresas

domingo, 23 de outubro de 2011

esquilos

...fingem...
...fingimos...
todos sabemos nossos defeitos e todos pretendemos escondê-los um tolo segredo como os doces que comemos escondidos como esquilos pulamos de galho em galho sem nos darmos conta do perigo que é esquecer do tempo que precisamos para os estragos da maquiagem mal feita pó de arroz de time de várzea
em cara amarrotada

sábado, 22 de outubro de 2011

BERNARDO SOUZA, poeta

Ao Poeta Marco Plácido

Poesia é como semente
Brota dentro da gente
Deixando todos contentes!

como o ar

Ao poeta Bernardo Souza

um poeta que não escrevia
me ensinou a ser poeta
por um dia
um único dia
que vem se prolongando...

(um dia que nunca acabará...).

diabo

o diabo não é mau por maldade
nem por arte
é mau por idade

mefisto

crio
creio
mito
meio
mítico
melindre
mefisto

erva-mate

certo de algumas certezas
cego para o ego
livre das asperezas
próprias e impróprias
me concentro no talento
herdado
erva-mate de verdades

prazo de validade

relevante questão me trouxe de volta à poesia:
continuo cultivando meus sins
ou acreditando na força de seus não?
outra:
um poeta precisa ser lido ou basta brincar de ser menino?
e a última:
existe prazo de validade?
(explico)
aos quarenta parece que a opinião dos outros é bobagem

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

brincantes

o menino de verruga na bunda queria brincar
chamou os amigos da gangue auto-proclamada bebeças rodgers
os garotos eram demais
vivico, ti ago e cage, nicolas cage eram uns batutinhas
lindas criancinhas sem a menor vontade de obedecer as ordens de parar de brincar
se esbaldavam tanto que sorriam até de dor de dente
o menino de verruga na bunda adorava aprontar com eles
quatro capetas
quatro serelepes
certezas de felicidade
quatro cabeças brincantes
quatro seres esperanços

segredo de (a)mar

queria escrever uma coisa bem bonita queria mas...
só de pensar me lembro que seu sorriso está apagado pelo cheior de mar
a rotina da saudade te azucrina desanima seu jeito de se ninar
os carros na esquina são jarros desarrumados são ensaios de retinas querendo chorar
as cores dispostas nos vestidos das meninas maltratam...
relembram momentos tão próximos e tão comoventes que não existe um passado a sonhar
à beira d'água uma declaração de amor rabiscada na areia é só um desabafo segredo de (a)mar

OS IDIOTAS E A POLÍTICA

Primeiro artigo que faço sobre política e provavelmente o último, prefiro as rimas às idiossincrsias humanas. Os idiotas e a polítca é para tentar explicar a "geração Google", da qual, graças a Deus, não faço parte.

A geração Google, já tão famosa, sendo inclusive nome de patologia médica, tipífica seres humanos que acham que porque conseguem ler e, pretensamente, entender as informações disponibilizadas por aquele site de buscas, têm a capacidade de entender o mundo em que vivemos.

Cidadãos que não votam, não gostam, não colam, não suportam diferenças, sim, porque cidadãos que não suportam sins. Levam a vida buscando produzir os próprios nãos e, lógico, não se adequando à vida real.Animal político, o ser humano não pode abrir mão de tentar entender as diferenças entre ele e os outros habitantes do planeta Terra, sejam judeus, turcos, brasileiros, flamengusitas, corintianos.

Alguns, por terem estudado um pouco mais, inclusive, acham que podem dar lição, sem nunca ter frequentado a escola da vida. Acham que entendem porque o Sarney continua se reelegendo, porque o Maluf continua flanando em São Paulo ou porque o Lula foi agraciado na Sorbonne.

Acham por achar, acham por inventar terem os poderes especiais do Super-homem, ou melhor, do Super-computador, esquecendo-se de que mais importante do que ter a informação é trabalhar o raciocínio para entendê-la. Não à toa que Einstein, reconhecido gênio, disse ser a imaginação mais importante do que o conhecimento. Isso, qualquer um pode entender, repetir conhecimento não é criar conhecimento.Por isso, talvez, os artistas se sintam tão especiais. Pequeno comentário (sardinha na brasa), volto à questão fundamental.

Como pessoas sem nenhuma experiência de vida podem se arvorar a ensinar algo a outras somente por que leram no Google informações totalmente sem contexto?

Aquilo que em Direito se chama subsunção, que é a adequação de um texto ao arcabouço jurídico geral, também deve ser observado nas nossas relações sociais e políticas. Ora!

Para finalizar, é importante destacar que o contexto universal é o tempo e sem tempo para reflexões as verdades são espelhos dos preconceitos.(Marco Plácido. Niterói, em 19/10/2011.).

rupestre

...e acaba sendo assim:
os músicos eruditos, resolvidos, entendem que o popular possa sonhar, mas não apreciam trabalhos que na estrutura musical seriam equivalentes aos desenhos de macacos; mais ou menos como matemáticos de alto nível que ficariam putos vendo ganhar dinheiro alunos resolvendo equações de segundo grau; mais ou menos como poetas que percebem a rupestre estrutura das letras de músicas...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

floresta

já plantei a árvore
já escrevi o livro
já tive filhos
agora o que me resta?

inventar uma nova floresta?

(tu)barão

...com prensa...

a intensidade me alimenta carne para tubarão café em terras de barão
vermelha solidão!

compressão

nada interessa tudo sem pressa sem presa sem esse sem eça
nada interessa tudo na presa na pressa sem essa sem esse
nada interessa com eça com esse com essa com pressa com presa
compressão

petróleo

coquetel de ilusão e frequência cardíaca
mistura fina de inteligência e dissabores
monstros odores exalando amores
todas as cores sou eu
um arco-íris de intenções

pequenas solidões amassadas em tinta-petróleo

cego

...e em que esquina guardei meu pecado
de mim estava andando quando pensei em mentir dizer que fui embora que fui tentar encontrar o fim do arco-íris, se é que isso é possível
desvendar algumas planícies de países desconhecidos por mim inventados com base em algum calendário inca será mentira tudo o que li? será verdade o que inventei para ti? o começo de uma história é um desejo? o fim de um livro é um desígnio?
sem resposta sigo
sigo sem me importar com nada
sigo sem pensar
apenas sigo porque cego

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

gole

turva nuca
gosto de vinho na boca
tonta de saudade
arde em mim
a necessidade
de um gole
de um fôlego
sobrevivendo a quem fui

i-pod

às vezes fica parecendo que eu amo a loucura
não
é a loucura que me defende
quem precisa de i-fone
i-pod
ai, preciso urgentemente de gente
que fale pelos cotovelos
que babe de um jeito próprio
que peide
que seja humana

gente como a gente
que exerça o ato sagrado de feder
entende?

amem

...ame...
não importa se o amor é falso ou verdadeiro
ame amar
ame querer sentir
ame até mentir
ame sim
ame o não também
ame bem
ame sem nenhum tipo de preconceito
se verde ou segredo
ame quente
ame o ausente
ame frequentemente
ame sheik
ame de tirar o fôlego
ame o fôlego de tirar o amor de dentro
ame o ventre e o brinquedo da criança que vai nascer
ame a semente
ame a árvore sem fruto
ame-se e mande tudo para o inferno
se precisar
a
m
a
r

boi lambeu

aquele cara que começou há três anos não é mais aquele cara é um outro cara minha cara metade desse tempo passei escrevendo tecendo fios de ouro numa vida de prata enruguei suei magoei cresci me perdi encolhi desejos foram apalavrados não posso fingir que tudo não aconteceu aconteceu me contorceu cresceu boi lambeu a língua passou a fazer parte da estrada cinza retinta muitas vezes magoada em batalhas perdidas mil linhas milhas de árvores foram ultrapassadas trespassadas pela espada da angústia que virou compreensão de que tudo tem seu preço de que tudo vale a pena de que cada linha tem seu dia de ilha

ócios

respiro seu ar
como seu olhar
transformo sonhos em fronhas
em cabelos enrosco dedos
sendo efeitos
de canção
balanço sins
subverto nãos
suspendo corpos
sustento ócios

bravatas

...hoje pedra
amanhã vidraça

entegues às próprias palavras
todos agitavam as bandeiras em bravatas
agora
mais perto das vidraças
temem sujar as mãos
com as impróprias opiniões

sucesso

todos jogam pedras
poucos constroem muros
todos têm opinião
poucos escrevem com alguma razão
todos entendem do assunto
poucos enfrentam os sustos
todos querem sucesso
poucos assumem estar certos

um par

...e o que é o tempo
senão um par de olhos esperando um momento?

intangível

...de tudo o que existe
o tempo é o contexto presente
possível
inatingível

menino

...esperando uma palavra
o menino continua a caminhar
se ficasse parado o tempo também passaria, pensou
por isso anda
na esperança
de brincar de ser o tempo, sendo
menino

cobertor

uns, ansiosos
correm atrás da desconhecida sabedoria
outros, ingênuos como nós
acreditam na lanterna existente na ponta dos pés

cada passo uma nova descoberta

domingo, 16 de outubro de 2011

solto

O quão estamos afastados de nós?
o quanto amo amá-los a sós?
enquanto canto
um amo ama a escrava rara
nobre flor
perfume dor
rosa de sabor
tinto
gota de oceano-vinho
numa boca apertada de saudade
num canto solto todo o ardor do sabor de tê-los por aqui

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

VIRGÍNIA

quando raro paro para me concentrar em pensamentos dourados sinto seus olhos de um halo azulado olhos amados amando um rastro de compreensão raro em mim definido como amor farto mato em areia da praia alegria verde única prova divina de vida vida possível sentimento impossível incrível mítico rítmico cisma num símio me faz declamar em palavras o quanto canto enquanto te amo amo amo virgínia anjo

ondas-força

Na beira d'água crianças brincam
de príncipes
princesas
desconhecendo a força da
natureza desconhecendo que uma
onda-força pode por fim aos seus sonhos

Fúria

A fúria do vento
cabelos temendo
a respiração de sal
sol ocupando a mão
em proteção vazia
areia fria
incidindo sobre
olhos que temem
a fúria do vento...

areias

na mão de um dos filhos a água
do mar está preservada da angústia
barata de escorrer pelas areias
que estão na praia para nada
para testemunhar pés sem caminho

Água Viva

água viva águo

viva vida vivo

água vivo vida

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

MBAs

no olho do furacão da crise econômica mundial de 2009 onde estavam os experts sabidos que eram e são onde estavam os homens e seus MBAs mágicos onde estavam a vontade e os interesses de resguardar os investimentos da população crédula?

(c) aladas

...mímicos...
desejos cínicos
sem som
sem coragem de exprimir-se em tons
da música interior
tão necessária
tão imaginária
tão esgotada
em palavras (c) aladas

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

suplícios

... importância da vida é viver
simples assim
nos preocupamos com tantas coisas que um simples esticar as mãos ou tentar compreender uma diferença explícita fica esquecido em suplícios de vontade

crianças

não vivemos
o tempo
vivenciamos momentos
e
quando nos damos conta a brincadeira acabou

atos

animais definidos pelo tempo é o que somos
espremidos pelo tempo vivemos
de olhos fundos nos ponteiros
esquecendo
de nos motivar
a ultrapassá-lo com atos de raciocínio

a roda

nosso único brinquedo é o tempo
estamos sós
esperando a roda da vida
para girá-la?

tempero

...o tempo
verdadeiro tempero da vida

quanto mais passa
mais problemas, solúveis
mais satisfações, pequenas
mais experiências, divinas

terça-feira, 11 de outubro de 2011

comédia

Se eu roço minha flor reclama
se eu coço me arranha a dor
se eu posso é porque me foi permitido
se eu troço é porque inibido não sou

mágica

as borboletas voam em asas
os poetas planam
palavras
inventam
o voo da lagarta

tabuada

quando escrevo
é como se tudo parasse
como se o mundo escutasse
o choro de um menino que descobriu que não precisa decorar a tabuada
para conseguir somar

presa

num mundo em alta velocidade
acho que a poesia não tem mais lugar
por que continuo?
porque estou sem pressa...

lesmas

...aos poucos vamos abrindo mão do que desejamos
nos aprisionando
e
depois não sabemos por quê as coisas começam a nos incomodar?

temporal

chove tanto lá fora
como aqui dentro...

um pedaço
de
sofrimento
dividido
em lembranças
de partidas

perdidas

coelhos

movidos pelo tempo
esprememos sentimentos
uma falha nos abala, porque aproveitada pelo outro
uma alegria, desperdiçada em momentos tolos
um sorriso, enviado de soslaio
um abraço mal dado, que talvez nunca seja perdoado

tatuagem

...somos quem multiplicamos
(isso já disse)

também somos falhas
mas
as falhas não são nosso fim
são apenas marcas
das batalhas
machadadas
no forte tronco de árvore
que trazemos como alma

válvula

válvula de escape da loucura mais fácil, em poesia tudo que não é esperança é saudade

bolhas azuis

...mágico...
o universo da piscina é mágico
hálito salgado
transformado em bolhas azuis
ideias azuis
ideais azuis
mundos azuis
submersos
molhados esperamos o sonho começar

domingo, 9 de outubro de 2011

corvo

pela milésima vez tentarei explicar
a certeza da morte deveria espantar o medo de errar

embriague-se

espinhas

a merda não é esperar
é achar que tem de esperar
algo ou alguém

as pessoas não reparam nos próprios cortes de cabelos
não se interessam em diferenciar gêmeos
não entendem o porquê das dores corporais
como poderiam ajudar a mim ou a você a demonstrar nossos desejos?

mertiolate

...belo corte
belo terno
só é belo porque terno
sincero na experiência de sabre
sangue nos dentes
sabedoria que arde
mertiolate
que mais machuca do que cura, então é arte

investidor

espremo entre letras pequenas recordações
ações de papel
não são
papel de ações
uma página de livro é um investimento raro, sem riscos, com retorno garantido

torta

em qual idioma escrevo saudade?
com qual letra começo a explicar que sal misturado à idade vira torta de saudade?

terno

aquela tarde com pipoca, desenhos e refrigerante não sai de mim
olhos maternos
cuidados fraternos
pai de terno
primos espertos

brincadeiras eternas

(acabaram em versos...)

verdades

quem sabe querer não pede, faz
quem quer o poder não pode temer fazer
quem quer saber não pode temer se perder

a mão

debaixo da testa um nariz me resta e espera a tramoia que a boca está a preparar com a cabeça levada da breca resta à mão sentar a pua falar escrevendo da emoção que é ter um autor obedecendo-a

autor

hoje eu vi o futuro de pé esperando uma mão ele conversava com o escuro o escuro do mundo estava pendurado num galho cantando tudo o que já havia acontecido tudo o que iria acontecer estava ali sendo tramado tudo esperava alguém com coragem de perguntar

negro

fotos coloridas escondem o lado negro de nosso olhar?

sábado, 8 de outubro de 2011

cancione

o sal da vida é a idade
que nos dá perdas
nos obriga a dançar a canção
saudade

em saudades

a solidão gosta do tempo
o
tempo
é solidão
quando nos afasta de quem gostamos
quando nos escraviza em saudades mesquinhas

enfim

conversamos por solidão cantamos
tuitamos por solidão escrevemos
festejamos por solidão dançamos
nos beijamos por solidão enfilhamos

ventos

alguns adultos inventam tempo, outros argumentos

jabuticaba

Cinco, seis vezes tentei me livrar de tormentos ventos de pensamentos tempos centros de esforços em vão sãos unguentos vitrificaram meus olhos negros de saudade de um gosto de jabuticaba de Minas que já não mais existe

envelhecido

as velas do tempo
queimaram meus argumentos
minhas certezas se viram ceras enegrecidas
esquecidas
pelas vontades de ouro da realidade de prata

com hífen

...DESISTO! desisto de tentar lutar contra minhas carências desisto e por isso bebo fumo me escondo em brinquedos eletrônicos me escondo em carros importados em drogas em boates brindo ao brinco de ouro que comprei para a patroa que como eu não enxerga a desconfiança própria na própria doméstica certeza erra na esperança que a era de ouro era a era dos outros anos cinquenta sessenta setenta oitenta é o caralho anos de ouro são os meus hoje porque estou vivo e errando direto com hífen e tudo

O Castor

"Tudo vai dar certo!", diziam os professores, médicos e pais
quem diz que tudo vai dar certo é normal...
normalmente dormente
dorme com seus medos e finge por temer confrontar o segredo...
segredo de adultos inconformados com os outros que ganham a vida sendo crianças os artistas são carecas com franjas de enfrentar a hipocrisia geral geral não gosta geral enrosca cabelos e se balança na hora de dormir todos tememos morrer sozinhos todos esquecemos de ninar nossos desejos-passarinhos

utopia

(...de uma esquina sentindo o vento no rosto...)

há trinta e tantos anos via surfistas na esquina conversando sobre as ondas, imagino
passava apressado e achava um absurdo aquela conversa sobre o nada
a vida seguiu fatos se transformaram em acontecimentos,
onze de setembro entre outros,
mortes, doenças, brigas, ritmos acelerados, de todos os lados poluição
o calor do sol no rosto me lembrou essa esquina de utopia...

(que vento bom!).

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

turvo

diferente dos meus olhos
o fundo da piscina
não é turvo
sofro mudo
com o silêncio
surdo
de opiniões volumosas

bandeira

quando finjo finco em mim uma vontade de não entender quem sou abro mão do estilo do meu jeito de entortar o pescoço louco imito o pior dos outros e passo a dançar para o falso aplauso sucesso entre boçais anormais quereres querem ditar minha moda e aceito de bom grado o guardanapo alheio sujo de sugestões mesquinhas porque sem saber da minha vontade inicial
quando finjo finco em mim um estilo que não é meu

...estilo

...modo de respirar
modo de aturar as rimas
modo de embicar papagaio
modo de não se dobrar às vontades

...estilo

paletó

...chega uma hora que não dá vontade nem de pensar quanto mais me arrumar para escrever certo por linhas imaginárias

imã

a rotina é um imã
atrai tudo todos se sentem compelidos a se entregar uma carta fora do lugar numa cama fora do lugar numa vida fora do lugar...

folia

estranho o voo de árvores o lodo verde o lobo azul estranho a folia de perdas doloridas certezas amarelecidas esquecidas pelo samba que come solto a essa hora da rotina

estranha

disciplinas

poesia
não é rimas
é rotinas
não é cismas
é disciplinas
não é meninas
é piscinas

Marlon

ainda não consegui responder à pergunta que não quer calar: onde há a maior rotina de solidão, no facebook, na tela em branco ou no silêncio de um pensamento brando?

, chaves

fingindo desconhecer nossas próprias dificuldades adoramos apontar o dedo para os defeitos alheios segredos que guardamos a sete palmos de terra, digo, chaves

cheiro

respeito não é ficar de braços cruzados esperando o seu cheiro

macarrão

o sal da memória é a história com que temperamos nossos suculentos momentos

enrascada

...não é questão de estar certo
de querer estar certo
descobrimos o caminho durante a caminhada
e
quando numa enrascada
descobrimos saber sair dela
somente quando saímos
é só isso

soul

presencio
nos seus olhos
o amanhecer
de um sorriso
que me avisa
do menino que ainda sou

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

tatuí

reflito
sobre
o inciso
que estatuiu
que o tatuí deve seguir cavando sem se importar com o tamanho das ondas ou a intensidade da maré

dilúvio

as letras
não servem
não secam
meus instantes
de palavras
nuvens-carregadas

pedaço

por que fazer algo se posso me esconder debaixo de um pedaço de solidão?

,cantadas

não ser músico é uma pequena dificuldade
superada pelo calor das palavras, cantadas

Roma

única sensação possível de uma cidade iluminada

amor

luzes

algumas pequenas verdades me fazem escrever:
precisamos de amigos, precisamos não morrer,
não morrer é nos treinar a ver nossas verdades, continuar acreditando que ao andar iluminamos o caminho e descobrimos novas possibilidades

azuis

a liberdade da finitude
não é tudo
mas
deve ser o desfrute do suco de vida que ainda nos sobra
que ainda existe
a liberdade da finitude
é sair da rotina de reclamações e julgamentos que todos fazemos para cavar a própria história para dar asas à sensação de estar lutando por um lugar numa parte do terreno desse mundo possível, único fruto duro que nos cobre de pequenas alegrias azuis, porque a terra é azul

Apresentação descartada do futuro livro PELAS JANELAS AMARELAS

Libelo contra a indiferença! Muita vez indiferença em relação aos próprios desejos!
PELAS JANELAS AMARELAS é uma prova que a observação leva a descobertas prodigiosas, coloridas, inclusive. De cores quase sempre escondidas dos próprios pintores, que esquecidos de quem são compram produtos vendidos pelos vendilhões dos templos.
Aquecido pelos ventos das lembranças da infância, o poeta produziu arte, tratou-a como filha, embalou-a no cheiro de mangas de sua casa de fazenda, para nós virtual (?). Mas não se esqueceu da cantiga de roda que nos ajudará a ler tantos poemas sinceros, versos serenos que diminuem nosso espanto com a vida moderna. O que é que isso seja!
O poeta-cravo encontra-se em harmonia com a poesia-flor fazendo nascer da árvore-dor esperança. Herança de cor numa vida desassistida: sem verde, sem mato, sem calor.
Livro repleto de poemas-pombas da paz!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

farinha

enquanto o touro se bate rebato argumentos tão falhos quanto a boca rala de notícias dos críticos que se soubessem fariam todos farinha do mesmo saco

o aurélio

sabe sério às vezes o aurélio eu sinto saber a ignorância é uma benção dádiva destinada aos que merecem morrer sem tentar

sambas

todo dia todos suam todo dia todos sentem uma dormente mente um dormente sempre sente a dormência demência de estar dormindo o ronco ou seu princípio sinaliza todo dia todo santo dia sinto sinto muito muito sinto sento santo tanto não ter como te explicar que os dormentes também amam cantam mamam os dormentes também sabem sambar

distorção

normal é dormir de avental?
comum é aquilo que é para qualquer um?
quando estabeleço em mim atitudes que me ajudam a existir é comum ou normal?
quando levo o cachorro para passear e cato seu coco sou comum ou normal?
quero sempre ser comum ou normal?
comumente me vejo alimentando ideias incomuns
normalmente me vejo sendo tratado de forma anormal?
sou sempre boçal quando almejo me normalizar? ou acomodar?
ter ideias e escrevê-las é comum ou normal?
de comum acordo farei papel de normal?

nesse mundo distorcido quem vê sua imagem no espelho?

lanternas

olhos meninos
iluminam meu caminho

as sombras das dificuldades são apenas árvores

surdo

...e acaba sendo um pouco desse jeito:
acredito na minha ignorância
ou
acabo acreditando na capacidade ilimitada de criar um mundo
surdo
para as dificuldades, faço arte

escuridão

...opções...
a vida é feita de opções
visões
posso ver um copo meio cheio ou meio vazio
posso achar que nada sei
ou ter a ingenuidade ou intuição de achar que andando acho uma outra mão...

migrantes

...flutuantes...
antes flutuava em grandes imagens...
de elefantes
talvez

...flandres...

equilíbrio de instantes...

...nantes...

migrantes imagens de gigantes...

domingo, 2 de outubro de 2011

ilusões

ontem
já foi um amanhã de ilusão
será que hoje repito aquela emoção?

borboletrinhas

palavras sozinhas são larvas
só voam
acompanhadas

bo(r)bo

como problemas
arroto
b
o
r
b
o
l
e
t
r
a
s

a palavra

o cachorro da esquina sonha com o frango da padaria eu sonho com o dia em que um manto de estrelas se faça dia para me adormecer em carinhos de letras vizinhas formadoras da palavra que não quer calar

o contexto

meus passos no papel são o texto
o tempo que levo para entender o porquê do vento é o contexto

corda bamba

num poema cabe fodam-se e os caralhos
mas prefiro não abusar do vocabulário acho graça dos otários que acham que poesia é coisa de meninas não sabem que o papo é sério muito sério inclusive poucos conseguem passar o que sentem e olha que todos sentimos todos mentimos tentando esconder nossas desilusões o poeta é apenas o cara que por medo, coragem ou loucura anda na corda bamba sem rede sem crença sem prenda apenas se coloca na encrenca sem nenhum tipo de comemoração

argumento

Medo ou raiva?

escrevo por medo

raiva é o medo com argumento!

água rosa

...escrever com medo?
um calafrio passa pelas minhas mãos
obtusa sensação
uma risada nervosa cisma com meus dentes
que batem em insensíveis batuques cristãos
esquecidos que estão de alguma reza morna de alguma água rosa de alguma desculpa nua e crua
esfarrapada como os andrajos dos mendigos que não sabemos que somos

pão

...a última notícia que tive de mim
dizia-me que eu não poderia querer-me assim
desse jeito todos estariam conscientes da minha inconsciência
inconsistência
influência negativa própria
torta de nozes
pastel de vento
sem tempero
estaria absolutamente vadio
sadio de minha loucura seguiria nua rua fruta muda
seguiria sendo pão

as coisas

...queria te ver feliz
impossível?
queria te ver sem pensar em me perder
sem pensar em nada sem pensar em empada
sem pensar...
queria me ver feliz
sem pensar em quantos anos ainda me restam em quantos quilos ainda se prestam a me engordar fofo de tanta poesia tola rotina vazia sem letras que queiram me acompanhar queria tanta coisa mas perece-me as coisas não saem do lugar

ROCK IN RIO

Para mim, até o show de sexta-feira, algumas lições ficaram claras. Do pouco que eu li e do pouco que vi, pelo Multishow, afirmo:

1-- Um artista sem carisma pode ter carreira, se for excepcional músico LENNY KRAVITZ;

2 -- Um artista sem conteúdo e com carisma pode fazer o que quiser no palco, IVETE SANGALO;

3 -- Um artista sem conteúdo e sem carisma pode fazer sucesso, CLÁUDIA LEITTE;

4 -- Um artista com carisma e com conteúdo é Deus, STEVIE WONDER.

MARTINHO DA VILA, poeta

Sonho de um Sonho

SonheiQue estava sonhando um sonho sonhadoO sonho de um sonhoMagnetizadoAs mentes abertasSem bicos caladosJuventude alertaOs seres alados Sonho meuEu sonhava que sonhava SonheiQue eu era o rei que reinava como um ser comumEra um por milhares, milhares por umComo livres raios riscando os espaçosTransando o universoLimpando os mormaços Ai de mimAi de mim que mal sonhava Na limpidez do espelho só vi coisas limpasComo uma lua redonda brilhando nas grimpasUm sorriso sem fúria, entre réu e juizA clemência e a ternura por amor da clausuraA prisão sem tortura, inocência feliz Ai meu DeusFalso sonho que eu sonhava Ai de mimEu sonhei que não sonhavaMas sonhei

sábado, 1 de outubro de 2011

autorretrato

a insegurança é a dança das cadeiras
das cadelas sem cachorro
é manga com leite
é o estorvo de ler o chico
estar de chico
deve ser lindo
(só um homem diria isso)
cinco num jogo de dados
cínico autorretrato