Poesia, música e pensamentos, muitos pensamentos ao vento, pensamentos em movimento...
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
CONTRA WILLIAM (do livro RASCUNHOS POÉTICOS)
Saiba
Não há superação
O que há é
Bela decisão
De ser quem
Se é
Deixar
De ser
Ou não ser
pulgas
não são palavras
são
significados
versos
são o resto de mim que desaguou
que se misturou ao barro
de notícias sem fim
de augúrios risonhos
de poucos e bonitos sonhos,
ilusão no coração infantil
sinceramente espero
que um dia não precise mais cativar o sol
espero que neguemos a sombra
espero que nos deixamos viver
que não aceitemos nos encolher
e que acreditemos na possibilidade do pulo
no circo da vida
são
significados
versos
são o resto de mim que desaguou
que se misturou ao barro
de notícias sem fim
de augúrios risonhos
de poucos e bonitos sonhos,
ilusão no coração infantil
sinceramente espero
que um dia não precise mais cativar o sol
espero que neguemos a sombra
espero que nos deixamos viver
que não aceitemos nos encolher
e que acreditemos na possibilidade do pulo
no circo da vida
MUNDO CÃO (do livro RASCUNHOS POÉTICOS)
Não me perguntem já não sei mais por que escrevo
no início era zelo pelo que pensava necessitava deixar
tudo registrado mesmo cansado nunca parei como parar
de se investigar? hoje já é um hábito a rotina todo dia me
ensina a continuar não posso não devo parar parar para
quê? Se continuo conversando comigo por essas linhas
me arrepio me rio me desconfio e fio as tramas da minha
história não há cansaço não há mormaço que me faça
deixar de escrevinhar e escrevo quase em apneia essa a
ideia de não respirar não gosto de dicionários não gosto
de rabiscado punk poemas na medida certa da minha
inquietação que é grande como dizem os músicos que não
sabem o tamanho da encrenca não entendem que minha
sina é muito maior do que uma simples canção cantá-la
é possível mas impreciso não preciso de orelhas nesse
mundo cão
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Terra
pequeno jardim
regado a lágrimas
cada pétala
uma pequena palavra
que me identifica
cada grão de terra
uma letra
que mistura minhas incertezas
mas produz beleza
cada cor de flor
veio de uma dor
tão grande
que esse jardim
tem o tamanho do mundo
mas
cabe nas minhas mãos
regado a lágrimas
cada pétala
uma pequena palavra
que me identifica
cada grão de terra
uma letra
que mistura minhas incertezas
mas produz beleza
cada cor de flor
veio de uma dor
tão grande
que esse jardim
tem o tamanho do mundo
mas
cabe nas minhas mãos
desVANTAGEM
por que deixamos para nos emocionar na velhice?
será que ficamos mais emotivos pela saudade
ou pelo medo?
por que não envelhecemos logo para aproveitar a desvantagem que está no ar desde nosso nascimento?
será que ficamos mais emotivos pela saudade
ou pelo medo?
por que não envelhecemos logo para aproveitar a desvantagem que está no ar desde nosso nascimento?
Ocre
A Chagall
rósea curva
metalizada em púrpura
esverdeada em absurda
mata
sagrado estorvo
pés em logro
despudoradamente
descobertos
em sexo
terno
ocre dor de amor
rósea curva
metalizada em púrpura
esverdeada em absurda
mata
sagrado estorvo
pés em logro
despudoradamente
descobertos
em sexo
terno
ocre dor de amor
sábado, 27 de outubro de 2012
saída
depois de um tempo
três são as emoções para continuar trilhando o caminho
cair de joelhos e tentar perdoar
se isolar e adoecer
descobrir as tintas e pintar uma saída
três são as emoções para continuar trilhando o caminho
cair de joelhos e tentar perdoar
se isolar e adoecer
descobrir as tintas e pintar uma saída
soslaio
dormi
e acordei velho
ressentido
comigo
pelos sonhos engolidos, esquecidos
e mijados
amarelados
como seu sorriso
ao entender esse poema
apesar de olhá-lo
de lado
e acordei velho
ressentido
comigo
pelos sonhos engolidos, esquecidos
e mijados
amarelados
como seu sorriso
ao entender esse poema
apesar de olhá-lo
de lado
sensação
com que mão
pintar
emoção?
a noção da direita é canhestra
a mão esquerda sendo cega...
com que mão
pintar?
como expressar solidão?
de que cor é um não?
pintar
emoção?
a noção da direita é canhestra
a mão esquerda sendo cega...
com que mão
pintar?
como expressar solidão?
de que cor é um não?
Placidamente
Por que Coltrane?!
Poderia responder:
Por que Jobim?
Por que Buarque?
Por que Miles?
Por que Rotko?
Porque Chagall?
Por que Picasso?
porque Plácido
Poderia responder:
Por que Jobim?
Por que Buarque?
Por que Miles?
Por que Rotko?
Porque Chagall?
Por que Picasso?
porque Plácido
artência
NÃO, NÃO É AZUL
É VERMELHO!
o que me define é o espelho
os cacos quebrados dos segredos guardados
sentimentos de remorsos de atos que não controlei
mas
opinei
(escondido, mas nem tão escondido assim)
e para mim passaram a verdades
(passadas que ardem,
pois não sairam dos meus pés
passadas entristecidos pela perda da ilusão)
não é azul que define a dor em que quero sofrer
é vermelho labareda de fogueira que expressa
a ardência que me toma quando parado vejo
que o que resolve é o movimento
por mim entendido como sofrimento
mas que nas mãos de outros é arte
É VERMELHO!
o que me define é o espelho
os cacos quebrados dos segredos guardados
sentimentos de remorsos de atos que não controlei
mas
opinei
(escondido, mas nem tão escondido assim)
e para mim passaram a verdades
(passadas que ardem,
pois não sairam dos meus pés
passadas entristecidos pela perda da ilusão)
não é azul que define a dor em que quero sofrer
é vermelho labareda de fogueira que expressa
a ardência que me toma quando parado vejo
que o que resolve é o movimento
por mim entendido como sofrimento
mas que nas mãos de outros é arte
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
meses humanos
em julho envelheci mais um ano
que não começou em janeiro
em muitos fevereiros e marços
emburrei porque nunca gostei de carnaval
em abril abri
um novo livro que não li
em maio vi sábios casarem
juntos em junho se separarem
o que ocasionou um agosto sem tempo
setembro é só um mês antes
de tudoutubro
que antecipa a preguiça que dá de pensar
nos planos planos
de fim de ano
para o próximo ano
tudo recomeçar
que não começou em janeiro
em muitos fevereiros e marços
emburrei porque nunca gostei de carnaval
em abril abri
um novo livro que não li
em maio vi sábios casarem
juntos em junho se separarem
o que ocasionou um agosto sem tempo
setembro é só um mês antes
de tudoutubro
que antecipa a preguiça que dá de pensar
nos planos planos
de fim de ano
para o próximo ano
tudo recomeçar
Cut-Outs
quando Matisse fez as agora famosas cut-outs cortou pedaços de sua certeza e misturou às tintas necessidades diárias de arte em doses alopáticas de saudade cortava cortava se cortava porque precisava expor impor dispor supor continuar fazendo aquilo que veio ao mundo fazer precisava confirmar que podia continuar extenuado pela doença tinha pelo menos uma crença a arte precisa do artista que inventa vida
OPÇÕES
único animal com consciência do que irá acontecer
o homem
tem esse ônus
e com ele praticamente tem duas opções
praticar a nobre arte
de rezar
ou
fazer arte
o homem
tem esse ônus
e com ele praticamente tem duas opções
praticar a nobre arte
de rezar
ou
fazer arte
peão
enquanto todos lutam
por ter razão
o artista tenta resgatar
a velha emoção
muitas vezes
de um modo equivocado
mas
sem estar errado
já que a cicatriz adquirida
é lida
vista
expelida
e
acaba sendo
chamada
pelos outros
de
obra
de
arte
por ter razão
o artista tenta resgatar
a velha emoção
muitas vezes
de um modo equivocado
mas
sem estar errado
já que a cicatriz adquirida
é lida
vista
expelida
e
acaba sendo
chamada
pelos outros
de
obra
de
arte
MIRÓ
qual a emoção de ao subir as escadas do Pompidou ver o tom de azul do quadro BLUE
de Miró?
sete livros de Poesias depois ainda não estou apto a descrever em palavras
de Miró?
sete livros de Poesias depois ainda não estou apto a descrever em palavras
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Sir
hoje andei olhando o sol
ele era azul
uma calçada com areia da praia
me falou tanto ao passado
que as passadas inventadas
calaram em mim lágrimas
do mais profundo azul
cor que escolhi ser
Sir
ele era azul
uma calçada com areia da praia
me falou tanto ao passado
que as passadas inventadas
calaram em mim lágrimas
do mais profundo azul
cor que escolhi ser
Sir
duna
sue
um sorriso
tente sonhá-lo
só
azul
um blue
cantado
baixo
como um riso
sibilado
o riso possível
duma vida real
um sorriso
tente sonhá-lo
só
azul
um blue
cantado
baixo
como um riso
sibilado
o riso possível
duma vida real
SET LIST do show no SOLAR DE BOTAFOGO, dia 06/12/2012
1 – Ainda lembro/Na Estrada (com Renata Rubim)
2 – O Alvo;
3 – Don’t Stop Dancing;
4 -- Sim;
5 – Constelação;
6 – Contra;
7 – Desafios;
8 – Pedra;
9 – À Cecília;
10 -- Brigas;
11 – Crazy;
12 – Cegos;
13 – Minha Alma.
2 – O Alvo;
3 – Don’t Stop Dancing;
4 -- Sim;
5 – Constelação;
6 – Contra;
7 – Desafios;
8 – Pedra;
9 – À Cecília;
10 -- Brigas;
11 – Crazy;
12 – Cegos;
13 – Minha Alma.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
incêndio
a casca
que me defende
das setas
é explicada pelos nós
formados pelos erros
acontecidos
pelos motivos normais da vida
fazer errar e aprender
fazendo uma floresta
do pólen
que escapa dos insetos
que
teoricamente
são inferiores
diante da inteligência humana
que me defende
das setas
é explicada pelos nós
formados pelos erros
acontecidos
pelos motivos normais da vida
fazer errar e aprender
fazendo uma floresta
do pólen
que escapa dos insetos
que
teoricamente
são inferiores
diante da inteligência humana
árvores
o tempo todo fingimos que o outro não existe
e o tempo todo tratamos os outros como ouro
os outros na verdade são parte de nosso reflexo
se acreditarmos neles ficaremos paralisados ou pelo medo ou pelo desejo da imagem que fazem de nós
e sempre seremos diferentes do retrato que pintam com parte do nosso desconhecimento que realçam
por serem
outros
(e nós por sermos nós somos árvores, com raízes)
e o tempo todo tratamos os outros como ouro
os outros na verdade são parte de nosso reflexo
se acreditarmos neles ficaremos paralisados ou pelo medo ou pelo desejo da imagem que fazem de nós
e sempre seremos diferentes do retrato que pintam com parte do nosso desconhecimento que realçam
por serem
outros
(e nós por sermos nós somos árvores, com raízes)
revanche
...não adianta
eles
não entendem
falam tanto em perdão
mas
não entendem
que não devem perdoar o outro
devem sim
perdoar o sentimento de vingança
que os preenche
eles
não entendem
falam tanto em perdão
mas
não entendem
que não devem perdoar o outro
devem sim
perdoar o sentimento de vingança
que os preenche
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
traços poéticos
sendo um quadro
as rimas são
a combinação das tintas?
as linhas dos desenhos são
as palavras escritas?
o senso estético
é o sentimento poético expresso?
as rimas são
a combinação das tintas?
as linhas dos desenhos são
as palavras escritas?
o senso estético
é o sentimento poético expresso?
VIVA!
...ELE NASCEU!
eu nasci...
cresci
perdi
aqui
em mim
esqueci
lembrei
criei
fui criado
perdoei
fui perdoado
continuei
fui continuado
(ELE MORREU!
morri
mas
não
esqueci
de
viver)
eu nasci...
cresci
perdi
aqui
em mim
esqueci
lembrei
criei
fui criado
perdoei
fui perdoado
continuei
fui continuado
(ELE MORREU!
morri
mas
não
esqueci
de
viver)
domingo, 21 de outubro de 2012
Dilema 2
num poema acabo fazendo um tradução de uma imagem emocionada
as palavras servem como linhas
que descrevem mais as sombras
do que o desenho
como irei traduzir uma imagem emocionada em imagens que emocionem?
as palavras servem como linhas
que descrevem mais as sombras
do que o desenho
como irei traduzir uma imagem emocionada em imagens que emocionem?
exclamo
gás
gastar as palavras
deixar pingar das mãos
pensar nos sins
escrever os nãos
não afirmo
por isso
poesio
gastar as palavras
deixar pingar das mãos
pensar nos sins
escrever os nãos
não afirmo
por isso
poesio
carlitos
onde estão?
onde está o som?
o dom?
o front?
onde está
aquele cheiro que me explica?
aquele pelo que me excita?
aqueles pensamentos
que são alimentos?
aquele queixo é meu?
aqueles olhos são seus?
aquele caminhar separado
foi que nos juntou?
onde está o som?
o dom?
o front?
onde está
aquele cheiro que me explica?
aquele pelo que me excita?
aqueles pensamentos
que são alimentos?
aquele queixo é meu?
aqueles olhos são seus?
aquele caminhar separado
foi que nos juntou?
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
visão
já li por diversas vezes
e ouvi em outras
que não adianta
mostrar o que estamos fazendo porque
ninguém está ligando
ninguém está ligando
isso pode até ser verdade, mas em parte
e explico
penso que a questão não está no que os outros pensam
e sim
naquilo que queremos demonstrar para nós mesmos
se trata muito mais da nossa capacidade de mostrar aquilo
que estamos fazendo
com todos os riscos e pressões
que sentiremos conosco
ao
ao
expor tais questões
do que de como elas serão recebidas
parece pequena essa diferença
mas de fato
é essa diferença
que demonstra
que apesar de possíveis opiniões contrárias
continuaremos fazendo aquilo que temos que fazer
mas de fato
é essa diferença
que demonstra
que apesar de possíveis opiniões contrárias
continuaremos fazendo aquilo que temos que fazer
úmido
hoje
o dia inteiro
pensei em várias palavras
como iniciaria um poema
de um modo que só eu
poderia iniciá-lo
pensei e esqueci
esqueci e pensei e
agora
lembrando de novo esse dilema
que nada tem de importante
resolvi apenas
demonstrar
que quase sempre
melhor que ficar pensando
é sentar e escrever
escrever até cansar
até deixar de pensar
e aí sim
produzir algo único
que venha sem pensamento
que venha úmido
o dia inteiro
pensei em várias palavras
como iniciaria um poema
de um modo que só eu
poderia iniciá-lo
pensei e esqueci
esqueci e pensei e
agora
lembrando de novo esse dilema
que nada tem de importante
resolvi apenas
demonstrar
que quase sempre
melhor que ficar pensando
é sentar e escrever
escrever até cansar
até deixar de pensar
e aí sim
produzir algo único
que venha sem pensamento
que venha úmido
(PALAVRÃO)
não sei mais em que língua estou
penso e não falo
enrolo-me em palavras simples
(PALAVRÃO)
no meu país era inteligente
aqui
a saudade ou o medo
(busco em mim esse segredo)
me deixou refém
dos meus sentimentos
e sempre que lembro
lembro-me de um nariz, de
uma risada e de algumas palavras
que
poderiam estar aqui
penso e não falo
enrolo-me em palavras simples
(PALAVRÃO)
no meu país era inteligente
aqui
a saudade ou o medo
(busco em mim esse segredo)
me deixou refém
dos meus sentimentos
e sempre que lembro
lembro-me de um nariz, de
uma risada e de algumas palavras
que
poderiam estar aqui
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Sorríssimo
hoje vi Veríssimo e ele me viu
esboçei um sorriso ele um suspiro
hoje vi Veríssimo e ele me viu e fugiu
ouviu um suspiro em português e se fechou em inglês
today I saw Veríssimo
e ele sorriu
esboçei um sorriso ele um suspiro
hoje vi Veríssimo e ele me viu e fugiu
ouviu um suspiro em português e se fechou em inglês
today I saw Veríssimo
e ele sorriu
algodão
um quadro com as cores das minhas verdades que realce no centro todo o desenho do desejo toda a angústia que a vida traz com o tempo tempo que normalmente levaria as cores os desejos os amigos o medo todo o tempo o tempo todo desejo tintas que sujam de vida um pedaço de algodão
transeunte
ando em anos
em cantos,
em carros, caros
escarro, tanto
em tantos prantos
enquanto santos
encontro barro
embaraço
sarro, saro
em sangue, transe
u
n
t
e
em cantos,
em carros, caros
escarro, tanto
em tantos prantos
enquanto santos
encontro barro
embaraço
sarro, saro
em sangue, transe
u
n
t
e
(diálogo)
"Você quer se perder de mim!"
"Como te deixar perdida, amor, se foi você que me deu direção?!".
"Como te deixar perdida, amor, se foi você que me deu direção?!".
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
de novo
existe algo novo?
explico
se o novo é bom
remete a alguma coisa que é padrão
porque é passado
então
o novo só é novo se for ruim?
acho que sim
explico
se o novo é bom
remete a alguma coisa que é padrão
porque é passado
então
o novo só é novo se for ruim?
acho que sim
amnésia
o artista produz por raiva da hipocrisia das palavras produz com saliva, olhos e mãos trêmulas pela emoção produz pelas rimas pelas tintas tontas emissões cantadas desprevenidas produz ira sendo ele sendo quem ele quer esmurrar até a última gota cospe furioso em sobras de silêncios em sombras de perigos demonstra quem é o que quer atira contra quadros fartos amarelados muitas vezes avermelhados o azul do céu é seu telhado chão serve pelo barro que é o marrom que almeja esquenta esfria atento atenta é cerca está perto de quem se enxerga é tela é ferramenta é intensa amnésia
para continuar
para continuar
página
...e a semente
foi plantada
pelas mãos santas
da palavra
que salva
que acalma
que nina
a árvore
plena
da certeza de mãe
da sina serena
da
flor
página
foi plantada
pelas mãos santas
da palavra
que salva
que acalma
que nina
a árvore
plena
da certeza de mãe
da sina serena
da
flor
página
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Andorinha
A Andréa Cunha
quando voa
o pássaro
esquece do esforço
do possível tombo
esquece de tudo
se concentra no azul do céu
que vê
no som do vento
que ouve
na liberdade
que acredita
voa
porque nasceu para
voa
porque aprendeu a
voa
para ensinar
quando voa
o pássaro
esquece do esforço
do possível tombo
esquece de tudo
se concentra no azul do céu
que vê
no som do vento
que ouve
na liberdade
que acredita
voa
porque nasceu para
voa
porque aprendeu a
voa
para ensinar
diferença
nesse tempo
uma lição:
se tudo já foi feito
não há risco
escrever
cantar
pintar
pode ser feito
com desapego
brincando
apenas brincando de ser sério
indo para lá e para cá
fazendo
como uma criança
que dança
canta
sapateia
sem pensar em acertar
(esse a grande diferença)
uma lição:
se tudo já foi feito
não há risco
escrever
cantar
pintar
pode ser feito
com desapego
brincando
apenas brincando de ser sério
indo para lá e para cá
fazendo
como uma criança
que dança
canta
sapateia
sem pensar em acertar
(esse a grande diferença)
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
polegadas
de que tamanho tem o espaço
que trago
aqui dentro?
um espaço
de nada
de mil polegadas
de um quadro?
espaço
de um trago
do estrago
que tenho feito
em mim
ao não me reparar?
que trago
aqui dentro?
um espaço
de nada
de mil polegadas
de um quadro?
espaço
de um trago
do estrago
que tenho feito
em mim
ao não me reparar?
domingo, 14 de outubro de 2012
manifestações
de uma maneira
meio mágica
para cantar
não é preciso ter voz
para escrever
não é preciso ter palavras
para pintar
nem é preciso
saber desenhar
o que isso tudo trata
é do relato
daquilo que necessitamos saber
sem saber
sem saber
e que é
cantado
escrito
pintado
pelos artistas
pelos artistas
do modo esquisito
que nos entendemos
hoje em dia
e é dessa emoção
contraditória, por vezes
de que tratam
essas manifestações artísticas
e é disso
que precisamos
muitas vezes
sem saber
e é disso
que precisamos
muitas vezes
sem saber
andanças
quanto mais nos conhecemos
mais podemos arriscar
brincando de crianças
as crianças não sabem que são crianças
vivem sendo
os jovens detestam
querem crescer
sem saber do ônus
os adultos
artistas
nos permitimos
criar
um modo peculiar
de olhar
que é apenas uma lembrança
mais podemos arriscar
brincando de crianças
as crianças não sabem que são crianças
vivem sendo
os jovens detestam
querem crescer
sem saber do ônus
os adultos
artistas
nos permitimos
criar
um modo peculiar
de olhar
que é apenas uma lembrança
Viagem
Uma das coisas mais engraçadas
é ouvir dizer que todos somos iguais
como iguais?
se os africanos e chineses trabalham
Os americanos e japoneses viajam
Os argentinos e italianos falam
E os brasileiros torcem?!
é ouvir dizer que todos somos iguais
como iguais?
se os africanos e chineses trabalham
Os americanos e japoneses viajam
Os argentinos e italianos falam
E os brasileiros torcem?!
sábado, 13 de outubro de 2012
Robert Creeley, A FLOR
Penso que cultivo tensões
como flores
num bosque onde
não vai ninguém.
Cada ferida é perfeita,
fecha-se numa minúscula
imperceptível pétala,
criando dor.
Dor é uma flor como esta,
como aquela,
como esta,
como aquela.
como flores
num bosque onde
não vai ninguém.
Cada ferida é perfeita,
fecha-se numa minúscula
imperceptível pétala,
criando dor.
Dor é uma flor como esta,
como aquela,
como esta,
como aquela.
Besteiras
Ver besteira na arte moderna
demonstra menos a besteira
e mais
nossa capacidade
de querer ver besteiras
se nos treinamos vendo besteira o dia inteiro
porque ao ver algo que não entendemos
iremos ter paciência para não tentar ver besteira?
demonstra menos a besteira
e mais
nossa capacidade
de querer ver besteiras
se nos treinamos vendo besteira o dia inteiro
porque ao ver algo que não entendemos
iremos ter paciência para não tentar ver besteira?
Mendigos
a poesia não abandona o poeta
porque ele viaja
um mendigo em Paris não é chique
aliás
nenhum mendigo é chique
o ser humano nasceu para sonhar
se emocionar
e
a preocupação com o alimento de hoje
no dia de hoje
acaba com qualquer capacidade criativa
um menino não brinca mais porque mora num país desenvolvido
aliás
quantos ainda somos meninos?
porque ele viaja
um mendigo em Paris não é chique
aliás
nenhum mendigo é chique
o ser humano nasceu para sonhar
se emocionar
e
a preocupação com o alimento de hoje
no dia de hoje
acaba com qualquer capacidade criativa
um menino não brinca mais porque mora num país desenvolvido
aliás
quantos ainda somos meninos?
Globalização
Grande vantagem ter habilidade com os dedos
Quando tento falar frânces
Perguntam se falo inglês
Quando falo inglês
Perguntam se sei falar espanhol...
Grande vantagem ter habilidade com os dedos!
Quando tento falar frânces
Perguntam se falo inglês
Quando falo inglês
Perguntam se sei falar espanhol...
Grande vantagem ter habilidade com os dedos!
Picasso 2
...e nos acabamos numa manhã de eternidade
e valeu a pena?
valeu, porque não tive medo
(a primeira vez que não tive medo do medo)
...e me veio um pensamento:
Catedrais são imensas e portanto podemos!
e valeu a pena?
valeu, porque não tive medo
(a primeira vez que não tive medo do medo)
...e me veio um pensamento:
Catedrais são imensas e portanto podemos!
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Charles Bukowisk, SEM CHANCE DE AJUDA
existe um lugar no coração que
nunca será
preenchido
um espaço
e mesmo durante os
melhores momentos
e
os melhores
tempos
nós saberemos
nós saberemos
mais do que
nunca
existe um lugar no coração que
nunca será preenchido
e
nós iremos esperar
e
esperar
nesse
lugar
nunca será
preenchido
um espaço
e mesmo durante os
melhores momentos
e
os melhores
tempos
nós saberemos
nós saberemos
mais do que
nunca
existe um lugar no coração que
nunca será preenchido
e
nós iremos esperar
e
esperar
nesse
lugar
B O M D I A
- Bom dia!
(B O M D I A)
- ...eu queria saber
(Q U E R I A S A B E R)
-...quanto tempo...
(Q U A N T O T E M P O)
- Quando o Senhor irá parar
de digitar para que possamos conversar?!
(B O M D I A)
- ...eu queria saber
(Q U E R I A S A B E R)
-...quanto tempo...
(Q U A N T O T E M P O)
- Quando o Senhor irá parar
de digitar para que possamos conversar?!
Fantasmas
Fantasmas sem castelos
quando negamo-nos
nos falamos por ais
Podes
Pads
negue
fede
fedelhos
fedemos
fantasmas do futuro
nu
escuro
sem castelos
sem nexo
de sexos
diversos
o quê digitar?
para quem digitar?
quem é o outro
que não está lá?
quando negamo-nos
nos falamos por ais
Podes
Pads
negue
fede
fedelhos
fedemos
fantasmas do futuro
nu
escuro
sem castelos
sem nexo
de sexos
diversos
o quê digitar?
para quem digitar?
quem é o outro
que não está lá?
POESIA = PRESENTE
POESIA = ANTI-VIRTUAL
VIRTUAL = AUSÊNCIA DE PRESENTE
PRESENTE = ANTI-FUTURO
FUTURO = ANTI-POESIA
VIRTUAL = AUSÊNCIA DE PRESENTE
PRESENTE = ANTI-FUTURO
FUTURO = ANTI-POESIA
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
THE BEA(s)TS
A Allen Ginsberg
As bestas
Bateram
Na testa
Da
Senhora
Hipocrisia
Bateram ainda mais
Onde sabiam que
Doía
Nos olhos
Nos ossos
Nos bolsos
Nos escrotos
Bateram
E foram
Aceitas
(abatidas?)
Pela batida
Milk-Shake
Da fruta
Mentira
As bestas
Bateram
Na testa
Da
Senhora
Hipocrisia
Bateram ainda mais
Onde sabiam que
Doía
Nos olhos
Nos ossos
Nos bolsos
Nos escrotos
Bateram
E foram
Aceitas
(abatidas?)
Pela batida
Milk-Shake
Da fruta
Mentira
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Presa
Falam
E não entendo
Não entendo a pressa
De falar
Ao celular
Sobre o quê?
Com quem?
Se se morre
De medo
De todos
Por que falar?
Temos medo
Do tempo?
Por quê?
Ele é
A única coisa que sobreviverá
Ao celular
Ao medo
Aos outros
A todos nós...
E não entendo
Não entendo a pressa
De falar
Ao celular
Sobre o quê?
Com quem?
Se se morre
De medo
De todos
Por que falar?
Temos medo
Do tempo?
Por quê?
Ele é
A única coisa que sobreviverá
Ao celular
Ao medo
Aos outros
A todos nós...
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Estátuas
A chuva ajuda as plantas e acaba com fotos
O cinza incendeia monumentos
Os momentos
Menos coloridos
Mas
Mais doloridos
Escondem-se em sorrisos sem graça
As palavras se perdem
No mármore duro das lembranças
Não adianta
Carregamos conosco
Nossas estátuas
O cinza incendeia monumentos
Os momentos
Menos coloridos
Mas
Mais doloridos
Escondem-se em sorrisos sem graça
As palavras se perdem
No mármore duro das lembranças
Não adianta
Carregamos conosco
Nossas estátuas
Então
Diferentemente das crianças
Os poetas
Trabalhamos as lembranças
Elas ainda estão vivendo
As que terão
Então
Não sofrem quando escrevem
Não sofrem quando perdem a direção
Pois ainda não estao condicionadas a acreditar na perda
Estão apenas brincando com suas certezas
Os poetas
Trabalhamos as lembranças
Elas ainda estão vivendo
As que terão
Então
Não sofrem quando escrevem
Não sofrem quando perdem a direção
Pois ainda não estao condicionadas a acreditar na perda
Estão apenas brincando com suas certezas
Pontes
Vendo tantas fotos e tantos monumentos
Sento e lembro
Lembro e fermento
Fermento
Um bolo de imagens
Pensamentos
Mensagens
Idade
Que congestiona
Condiciona
Passagens
Sem pontes
Que me permitam escolher o caminho...
Sento e lembro
Lembro e fermento
Fermento
Um bolo de imagens
Pensamentos
Mensagens
Idade
Que congestiona
Condiciona
Passagens
Sem pontes
Que me permitam escolher o caminho...
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
po(d)emos
criação
infância
velhice
lembranças
por isso
a meia idade é tão
perigosamente artística!
Pois
po(d)emos imaginar
as lembranças
que queremos
ter
ou
po(d)emos lembrar
das imagens
que queremos
crer!
infância
velhice
lembranças
por isso
a meia idade é tão
perigosamente artística!
Pois
po(d)emos imaginar
as lembranças
que queremos
ter
ou
po(d)emos lembrar
das imagens
que queremos
crer!
fotossíntese
a diferença
é que normalmente
fotos não servem para a tristeza
as palavras
de mim pulam tristes
mas espelham quase sempre
sentimento
contrário do que sinto
sou feliz por saber administrar em mim
a tristeza que nos aflige
a todos nós
que estamos vivos e errando
muitas vezes
em atos e palavras
sem sentido
é que normalmente
fotos não servem para a tristeza
as palavras
de mim pulam tristes
mas espelham quase sempre
sentimento
contrário do que sinto
sou feliz por saber administrar em mim
a tristeza que nos aflige
a todos nós
que estamos vivos e errando
muitas vezes
em atos e palavras
sem sentido
Livro RASCUNHOS POÉTICOS, apresentação da parte E = MC2 (Explosão é igual a ação vezes emoção vezes ao quadrado.
O poeta-cientista nos ensinou nesse livro que nossa
vontade é singular, que é importante ter crença em Deus
e no tamanduá, sendo formigas, para conseguirmos desvendar
os mistérios da poemática (imaginação combinada
à matemática).
Para tanto explodiu em azul (sentimento-blue) nos
mostrando que a fórmula de Einstein
–E = mc2 –
significa, na realidade: Explosão é igual a ação vezes
emoção ao quadrado!
Com suas palavras, temperadas, nos fez sonhar,
melhor, acreditar que nosso fim não está intrinsicamente
ligado ao nosso início. O genótipo pode ser fenotipamente
alterado, nos disse rindo!
Quando confidenciou que fotos não se escondem para
chorar, o poeta quis realçar nossa humanidade, perdida
em fórmulas de sucesso, regras gramaticais e receitas de
bolos, próprias daqueles que desconhecem a geometria
poética, que diz que um círculo só se livra do quadrado
explodindo!
Mostrou-nos, enfim, que existe uma poção mágica
para a felicidade possível e que, qual drúidas, devemos
na mistura colocar como ingredientes: autoconhecimento,
amor, paixão, experiência e autoestima, que nos proporcionarão
a verdadeira transformação: lagartas se vendo
borboletas amarelo-espoleta voando alto, colorindo nossa
existência.
vontade é singular, que é importante ter crença em Deus
e no tamanduá, sendo formigas, para conseguirmos desvendar
os mistérios da poemática (imaginação combinada
à matemática).
Para tanto explodiu em azul (sentimento-blue) nos
mostrando que a fórmula de Einstein
–E = mc2 –
significa, na realidade: Explosão é igual a ação vezes
emoção ao quadrado!
Com suas palavras, temperadas, nos fez sonhar,
melhor, acreditar que nosso fim não está intrinsicamente
ligado ao nosso início. O genótipo pode ser fenotipamente
alterado, nos disse rindo!
Quando confidenciou que fotos não se escondem para
chorar, o poeta quis realçar nossa humanidade, perdida
em fórmulas de sucesso, regras gramaticais e receitas de
bolos, próprias daqueles que desconhecem a geometria
poética, que diz que um círculo só se livra do quadrado
explodindo!
Mostrou-nos, enfim, que existe uma poção mágica
para a felicidade possível e que, qual drúidas, devemos
na mistura colocar como ingredientes: autoconhecimento,
amor, paixão, experiência e autoestima, que nos proporcionarão
a verdadeira transformação: lagartas se vendo
borboletas amarelo-espoleta voando alto, colorindo nossa
existência.
Andréa Cunha apresenta a parte PELAS JANELAS AMARELAS do livro RASCUNHOS POÉTICOS
Não se iluda leitor se ouvir dizer
que se trata de um livro só de poesia.
é um livro escrito com as mãos abertas
sobre uma inundação de sentimentos impressos em
cada palavra
Janelas da alma folheadas em cada página.
Assim como em tecido fino nossa memória se enrola
em momentos passados nas gotículas poéticas
que no espanto de belo jardim se faz florescer a magia
da sua escrita.
PELAS JANELAS AMARELAS é uma obra
para se deslumbrar a janela da vida,
navegar com arte, amor e sonoridade as lições de
sentimentos citadas em cada poesia.
“Enquanto houver sentimentos
Enquanto houver nobres momentos
Enquanto houver credo
Enquanto houver amigos por perto…”
haverá enormes janelas amarelas para serem abertas.
Andréa Cunha
Pedagoga e Psicomotricista
Militando, à época, no projeto sócio-cultural
“Coriscolandia” em Ponta Delgado, Portugal.
que se trata de um livro só de poesia.
é um livro escrito com as mãos abertas
sobre uma inundação de sentimentos impressos em
cada palavra
Janelas da alma folheadas em cada página.
Assim como em tecido fino nossa memória se enrola
em momentos passados nas gotículas poéticas
que no espanto de belo jardim se faz florescer a magia
da sua escrita.
PELAS JANELAS AMARELAS é uma obra
para se deslumbrar a janela da vida,
navegar com arte, amor e sonoridade as lições de
sentimentos citadas em cada poesia.
“Enquanto houver sentimentos
Enquanto houver nobres momentos
Enquanto houver credo
Enquanto houver amigos por perto…”
haverá enormes janelas amarelas para serem abertas.
Andréa Cunha
Pedagoga e Psicomotricista
Militando, à época, no projeto sócio-cultural
“Coriscolandia” em Ponta Delgado, Portugal.
Maria Luiza Leite, apresenta a parte SOUL POESIA do Livro RASCUNHOS POÉTICOS.
Tarefa difícil fazer caber neste pequeno espaço toda
a intensidade da poesia do Marco. A cada página encontramos
os mais profundos sentimentos ali revelados
de uma maneira tão direta, tão clara, tão emocionada…
Como encontrar palavras que ainda não foram escritas
para aqui deixar sobre esta deliciosa coleção de
poemas? Só mesmo mergulhando fundo em seus versos,
lendo e relendo, deixando-os permear nossas almas e
usando suas próprias palavras para aqui falar da beleza
que guardam as páginas de SOUL POESIA…
é a mais pura poesia na vida, é assim que ele vive e
também nos convida a viver, nos faz voar sem ter asas,
porque escreve palavras que amam, nos fazendo enxergar
nossa vida no papel, nos vendo como somos…
impossível não gostar do Marco como ele é, inteiro
com várias partes, querendo a emoção de dividir conosco,
a alma de sua poesia e assim nos alentando e
alimentando a todos, com tamanha generosidade.
Maria Luiza Leite,
psicóloga.
a intensidade da poesia do Marco. A cada página encontramos
os mais profundos sentimentos ali revelados
de uma maneira tão direta, tão clara, tão emocionada…
Como encontrar palavras que ainda não foram escritas
para aqui deixar sobre esta deliciosa coleção de
poemas? Só mesmo mergulhando fundo em seus versos,
lendo e relendo, deixando-os permear nossas almas e
usando suas próprias palavras para aqui falar da beleza
que guardam as páginas de SOUL POESIA…
é a mais pura poesia na vida, é assim que ele vive e
também nos convida a viver, nos faz voar sem ter asas,
porque escreve palavras que amam, nos fazendo enxergar
nossa vida no papel, nos vendo como somos…
impossível não gostar do Marco como ele é, inteiro
com várias partes, querendo a emoção de dividir conosco,
a alma de sua poesia e assim nos alentando e
alimentando a todos, com tamanha generosidade.
Maria Luiza Leite,
psicóloga.
Livro RASCUNHOS POÉTICOS, apresentação da parte IMAGINAR-TE
… criar o azul do mar, imaginar… IMAGINAR-
-TE!
Livro em que o cineasta-poeta brinca de fazer arte!
inventa ângulos, atores, adoça o todo com partes de
uma torta de biscoitos, anseios, beijos e temperos, que
demora segundos ou mundos para ficar pronta. Se é que
um dia ficará!
O poeta pinta sonhos, esculpe movimentos, entalha
sentimentos… nos ama por palavras! Estica o elástico
da própria pretensão para nos definir como artistas da
nossa própria vida. Linda, finita, aquecida por versos
produzidos pela saudade de uma infância feliz.
Nesse livro, Chaplin, Cervantes, Fellini, Guignard,
Picasso, Rodin e, o mestre maior dos poetas, Fernando
Pessoa convivem, como se fosse possível conviver, como
se fosse crível tantos talentos se aturarem no espaço
exíguo de um livro de poesia. Mas estão aqui juntos para
prestar homenagem à nossa capacidade de sonhar…
sonhar todo dia, como a rima-menina sonha encontrar um
príncipe-poeta encantado!
IMAGINAR-TE é, antes de tudo, um ato de
coragem do homem que se esconde atrás do poeta, asceta
da solidão, mas que sabe traduzir em palavras nossa
humanidade, perdida muitas vezes em pequenos detalhes
de desconsideração.
Salve poeta, por conseguir com um voo melódico
ultrapassar o humano que há em ti!
-TE!
Livro em que o cineasta-poeta brinca de fazer arte!
inventa ângulos, atores, adoça o todo com partes de
uma torta de biscoitos, anseios, beijos e temperos, que
demora segundos ou mundos para ficar pronta. Se é que
um dia ficará!
O poeta pinta sonhos, esculpe movimentos, entalha
sentimentos… nos ama por palavras! Estica o elástico
da própria pretensão para nos definir como artistas da
nossa própria vida. Linda, finita, aquecida por versos
produzidos pela saudade de uma infância feliz.
Nesse livro, Chaplin, Cervantes, Fellini, Guignard,
Picasso, Rodin e, o mestre maior dos poetas, Fernando
Pessoa convivem, como se fosse possível conviver, como
se fosse crível tantos talentos se aturarem no espaço
exíguo de um livro de poesia. Mas estão aqui juntos para
prestar homenagem à nossa capacidade de sonhar…
sonhar todo dia, como a rima-menina sonha encontrar um
príncipe-poeta encantado!
IMAGINAR-TE é, antes de tudo, um ato de
coragem do homem que se esconde atrás do poeta, asceta
da solidão, mas que sabe traduzir em palavras nossa
humanidade, perdida muitas vezes em pequenos detalhes
de desconsideração.
Salve poeta, por conseguir com um voo melódico
ultrapassar o humano que há em ti!
Livro RASCUNHOS POÉTICOS, apresentação da parte NO TEMPO DO VENTO
“Com o passado tracei um pacto de não agressão!”
Essa afirmação desvenda um pouco do
NO TEMPO DO VENTO livro fresco como os
ventos das lembranças de um passado quase perfeito, do
jeito que todos gostaríamos para os nossos filhos e netos.
um começo que fala do fim? Como assim? O poeta
brinca com as palavras e com o tempo, mas não para,
somente dá um tempo, tempo em que a saudade se
mistura aos seus olhos de jabuticaba.
Ontem já se foi, amanhã será uma surpresa e o hoje?
hoje é um dia especial por isso chamado presente!
Esse livro é um eterno hoje mitigado de futuro gordo
e rechonchudo, roxo, como quando o pai nasceu, depois
cresceu, sofreu e se descobriu poeta.
O tempo, mistura de rugas e saudade, não é padrasto
é o único motivo de fazermos algo que nos dá medo.
As palavras são chama sem fim e no fim nada tem
tanta importância, no fim o que fica é um eco de um sorriso.
Sorriso de poeta levado da breca que chora gotas
de rubi pela sensação de estar vivendo no tempo de uma
piscadela.
O aconchego de suas palavras, poeta, nos faz pensar
e querer mais, correndo o risco de esquecer de quem
fomos ou somos...cosmos!
Essa afirmação desvenda um pouco do
NO TEMPO DO VENTO livro fresco como os
ventos das lembranças de um passado quase perfeito, do
jeito que todos gostaríamos para os nossos filhos e netos.
um começo que fala do fim? Como assim? O poeta
brinca com as palavras e com o tempo, mas não para,
somente dá um tempo, tempo em que a saudade se
mistura aos seus olhos de jabuticaba.
Ontem já se foi, amanhã será uma surpresa e o hoje?
hoje é um dia especial por isso chamado presente!
Esse livro é um eterno hoje mitigado de futuro gordo
e rechonchudo, roxo, como quando o pai nasceu, depois
cresceu, sofreu e se descobriu poeta.
O tempo, mistura de rugas e saudade, não é padrasto
é o único motivo de fazermos algo que nos dá medo.
As palavras são chama sem fim e no fim nada tem
tanta importância, no fim o que fica é um eco de um sorriso.
Sorriso de poeta levado da breca que chora gotas
de rubi pela sensação de estar vivendo no tempo de uma
piscadela.
O aconchego de suas palavras, poeta, nos faz pensar
e querer mais, correndo o risco de esquecer de quem
fomos ou somos...cosmos!
Livro RASCUNHOS POÉTICOS, apresentação da parte MEU VAGABUNDO OLHAR
Abusado, indignado, debochado, sem meias palavras.
Palavras que vêm para detonar a babaca mania
do politicamente correto; papo reto, com sexo, drogas
e rock’n’roll.
Sem pieguice, sem frouxidão. Sem influência francesa.
Sinceridade portuguesa. Poeta com coragem de
dizer aquilo que tem de ser dito, sem meninice de
intelectual querendo agradar aos pares. Punks poemas
dum cara que escreve com tesão de viver, de escrever
sem se esconder, de nada nem de ninguém.
Demonstração cabal de que poesia também tem
ligação com as trevas – inveja, calúnia e difamação,
provando que o poeta não pode, nem deve, frequentar
ambiente religioso, sob pena de negar Deus, na presença
Dele. Ou reafirmá-lo, por contraste!
MEU VAGABUNDO OLHAR vem para acabar
com a sensação de que os poetas são românticos. Niilista,
extremista, acaba com o papo de que as regras limitam
o discurso poético e prova que as regras acabam com
qualquer manifestação artística!
Bigode na Mona Lisa!
Palavras que vêm para detonar a babaca mania
do politicamente correto; papo reto, com sexo, drogas
e rock’n’roll.
Sem pieguice, sem frouxidão. Sem influência francesa.
Sinceridade portuguesa. Poeta com coragem de
dizer aquilo que tem de ser dito, sem meninice de
intelectual querendo agradar aos pares. Punks poemas
dum cara que escreve com tesão de viver, de escrever
sem se esconder, de nada nem de ninguém.
Demonstração cabal de que poesia também tem
ligação com as trevas – inveja, calúnia e difamação,
provando que o poeta não pode, nem deve, frequentar
ambiente religioso, sob pena de negar Deus, na presença
Dele. Ou reafirmá-lo, por contraste!
MEU VAGABUNDO OLHAR vem para acabar
com a sensação de que os poetas são românticos. Niilista,
extremista, acaba com o papo de que as regras limitam
o discurso poético e prova que as regras acabam com
qualquer manifestação artística!
Bigode na Mona Lisa!
SELVAGERIA (Do livro PENSAMENTOS EM MOVIMENTO)
A latente selvageria do homem
Selvagem agressividade
Talvez
seja o motivo imanente
que tenha feito o menino correr
para escrevendo
se proteger
talvez
seja esse o motivo tão repentino
de tão desatinada produção
falar ao coração deve ser bom
mas não pode nem deve
ser a última explicação
homenagem a meu irmão
coragem de expulsão
dos demônios, exteriores
coquetel de solidão, interior
mais um pouco de vaidade
(disse vaidade!)
Compuseram a receita
Agressivamente romântica
Desse escrevinhador
Que vos escreve
Selvageria bacana
Ingenuidade quintana
Drummondiana
a serviço da
Pessoa
que em frente a vós
se amolece
no ritmo do mar
a pretender
camonianamente
afrontar vosso olhar fremente
para placidamente
ganhar mais um amigo
a proteger o dolente menino
que se esconde a escrever
freqüentes versos
sobre o amor
que sente
(invasor)
por habitar
sem se desculpar
o corpo do homem
selvagem!
CRIAÇÃO (Do livro INTENSAIDADE)
Criou-os
Abençoou-os
Chamou-os de filhos
Gerou mais
Arrependeu-se
pela maldade
irritou-se
Diluviou
Cheirou o suave cheiro
Abençoou
O dia e a noite
O inverno e o verão
Perdoou
Mas não foi perdoado!
ENIGMÁTICO (Do livro DECLAMADOR DE SONHOS)
Plácido
Seu toque
no meu rosto
Sensação de vazio
Se esvaindo
Tenho vontade de chorar
Por não te merecer
Enigmático
A pensar
naquilo
que sei dever
te dizer
Flácidos
Músculos
não conseguem
me impulsionar
para dizer que
ainda te amo
Contínuos toques
Estoques vários
Atingindo meu coração
Por falta de coragem
Para perguntar
O que sentes
Mentes
Desconexas
Sem saber
Para onde ir
Quem comandará
Nossa direção
Nesse
Bólido
Possante
em alta velocidade
para o agitado
final
do nosso
tempo!
PRÓPRIO AMOR (Do livro de mesmo nome)
Como diminuir
O amor
Que sinto
Por mim
Próprio amor
Apenas por mim sentido
Encarregado de me levar a algum lugar
Um lugar
Que não sei
Nunca saberei
Aonde vai dar
Sujeito estou
A morrer de próprio amor?
Desígnios de algo maior
Com o qual não sei lidar
Amar
Lutar (adiantará?)
Comandam meu
Amor-próprio
me ajude a navegar
sem adernar
sem me sufocar
em meu próprio querer
Querer-te
A ti como quero a mim
É a parte mais difícil
Deslembrar
Da minha história
Pode parecer bonito
mas é mentiroso
Deslumbrar-me
Com a sua história é mentiroso
mas parece bonito
esmiúço meus sentimentos
sobre nós
e não encontro resposta
Então, pergunto-te
Como teu amor-próprio
Conviverá com o meu próprio amor?
MINHA LINDA BEATRIZ (Do livro OCULTO)
Eu gostava
Que tu fosses ao parque comigo, dindo
Eu gostava
Que tu comprasses gelado para mim, dindo
Eu gostava
Que tu me visses
quando eu estivesse a andar de patinete, dindo
Eu gostava
Que tu me desses toalitas para me limpar, dindo
Eu gostava
Que tu me levasses para assistir o kung fu panda, dindo
Minha linda,
Pare de tirar macaquinhas do nariz
Minha linda,
Venha limpar a boca
Minha linda,
Cuidado para não cair na areia
Minha linda,
Não ponha o papel no chão
Minha linda,
Eu vou ao cinema com você
Dindo, eu gostava que tu parasses de chorar
Minha linda,
Anda cá
Para eu te abraçar
E dizer que eu choro
Por já sentir saudade de você
Saudade, palavra que eu gostava que não existisse!
POEMAS (Do livro DENTRO DE MIM)
Os poemas jorram de mim
O difícil é explicar
o porquê das roupas molhadas
quem entenderá
o motivo de tantas letras penduradas
por todo o meu corpo
é impossível explicar
aos que não têm
tempo
para pensar
na importância do sofrer
para crescer
e se dar atenção
Já não quero agradar
Procurando explicações
onde só há emoções
e sentimentos
a recolher
impostos
apenas pelo bem-querer
ao próximo
e a mim mesmo
então
ficamos desse jeito:
estou molhado de tanto chorar...
domingo, 7 de outubro de 2012
escondido
não sei se senti a necessidade psicológica de frear
ou se foi meu corpo que não aguentava mais
pela idade
a velocidade
descomunal
da vida virtual
há quase um histerismo coletivo
esoterismo coletivo
auto ajuda egoista
afirmativos demais
certezas radiofônicas demais
fingimento demais
então
acabei decidindo
em ser
quem eu já era e escondia
optei
pelas dúvidas
da poesia
ou se foi meu corpo que não aguentava mais
pela idade
a velocidade
descomunal
da vida virtual
há quase um histerismo coletivo
esoterismo coletivo
auto ajuda egoista
afirmativos demais
certezas radiofônicas demais
fingimento demais
então
acabei decidindo
em ser
quem eu já era e escondia
optei
pelas dúvidas
da poesia
barriga
será que ninguém quer ver?
quanto mais nos afundamos nas mentiras que inventamos
mais estamos fadados a ficar parados
vomitados
nas nossas idiossincrasias
assustados com tamanha hipocrisia
que sabemos que não nos ajudará
e continuamos a fingir
remar
empurrando a vida com a barriga
fingindo espirrar
para nos livrar dos chatos que sorriem verdades
sejam eles
equilibristas
pintores
palhaços
quando aprenderemos a ouvir nossa própria e rica melodia?
quanto mais nos afundamos nas mentiras que inventamos
mais estamos fadados a ficar parados
vomitados
nas nossas idiossincrasias
assustados com tamanha hipocrisia
que sabemos que não nos ajudará
e continuamos a fingir
remar
empurrando a vida com a barriga
fingindo espirrar
para nos livrar dos chatos que sorriem verdades
sejam eles
equilibristas
pintores
palhaços
quando aprenderemos a ouvir nossa própria e rica melodia?
A banda
No sentido horário: Tom Marques (violão), Felipe valadares (teclado), Marcos Sandro(bateria), Jorge "Ginho" Veloso (guitarra), Renata Rubim (bacling vocal), Eu e João "Kibe" Rafael (baixo).
Wang Wei, ADEUS A YUAN, O SEGUNDO, AO PARTIR EM MISSÃO PARA ANXI
Na Cidade de Wei, a chuva matutina
Fez assentar a poeira leve do ar.
Tudo está verde na estalagem
Verde como as folhas novas do salgueiro
peço-te que esvazies uma vez mais a taça
Tu vais para Oeste, al´me fronteiras, e não tens lá amigos.
Fez assentar a poeira leve do ar.
Tudo está verde na estalagem
Verde como as folhas novas do salgueiro
peço-te que esvazies uma vez mais a taça
Tu vais para Oeste, al´me fronteiras, e não tens lá amigos.
Li Bai, PENSAMENTOS NOTURNOS
Diante da cama
Brilha o luar
Que mais parece
Gelo no chão.
Se levanto a cabeça
Contemplo a Lua.
Ao baixá-la
Sonho com a terra natal.
Brilha o luar
Que mais parece
Gelo no chão.
Se levanto a cabeça
Contemplo a Lua.
Ao baixá-la
Sonho com a terra natal.
religiosidade
é do silêncio dum quarto imundo de ilusão que tiro cada letrinha para formar uma oração de vida que nada tem de essencialmente religiosa nos termos ortodoxos da coisa mas é de uma religiosidade espantosa quando percebemos o tamanho da solução
sábado, 6 de outubro de 2012
Fragmento do último discurso de Steve Jobs
(...)Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: 'Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia você certamente vai acertar'. Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: 'Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?' E se a resposta é 'não' por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa. Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo – expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar – caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Lembrar que você irá morrer, é a melhor maneira que conheço para evitar o pensamento de que se tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir o seu coração.
(...) Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade. O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e ótimas noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: “Continue com fome, continue bobo”. Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos. Muito obrigado a todos".
(...) Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade. O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e ótimas noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: “Continue com fome, continue bobo”. Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos. Muito obrigado a todos".
Steve Jobs, Último Discurso
Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Que a verdade seja dita, eu nunca me formei na universidade. Isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.
A primeira história é sobre ligar os pontos. Eu abandonei a Universidade Reed depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais dezoito meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: 'Apareceu um garoto. Vocês o querem?' Eles disseram: 'É claro'.
Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. Este foi o começo da minha vida. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de 6 meses, eu não podia ver valor naquilo. Eu não tinha ideia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria OK. Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz.
No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam muito mais interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo. Muito do que descobri naquele época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: a Universidade Reed oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa.
Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante. Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.
Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para a frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois. De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Porque acreditar que os pontos vão se ligar em um momento vai te dar a confiança para seguir seu coração, mesmo que te leve para um caminho diferente do previsto, e isso fará toda a diferença.
Minha segunda história é sobre amor e perda. Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares com mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação – o Macintosh – e eu tinha 30 anos. E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém, que achava que era muito talentoso, para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir…
Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. Então aos 30 anos, eu estava fora. E muito escandalosamente fora. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Packard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício]. Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. As coisas que aconteceram na Apple não mudaram isso em nada. Eu havia sido rejeitado, mas continuava amando.
Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa. Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple. E Lorene e eu temos uma família maravilhosa.
Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.
Minha terceira história é sobre morte. Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: 'Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia você certamente vai acertar'. Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: 'Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?' E se a resposta é 'não' por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa. Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo – expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar – caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Lembrar que você irá morrer, é a melhor maneira que conheço para evitar o pensamento de que se tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir o seu coração.
Há cerca de um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de 3 a 6 meses. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas – que é o código dos médicos para 'preparar para morrer'. Significa dizer aos seus filhos tudo o que você pensou que teria os próximos 10 anos para dizer, em apenas poucos meses. Significa ter certeza de que tudo está no lugar, para que seja o mais fácil possível para a sua família. Significa dizer seu adeus. Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade. O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e ótimas noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: “Continue com fome, continue bobo”. Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos. Muito obrigado a todos".
A primeira história é sobre ligar os pontos. Eu abandonei a Universidade Reed depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais dezoito meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina. Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: 'Apareceu um garoto. Vocês o querem?' Eles disseram: 'É claro'.
Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. Este foi o começo da minha vida. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de 6 meses, eu não podia ver valor naquilo. Eu não tinha ideia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria OK. Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz.
No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam muito mais interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo. Muito do que descobri naquele época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: a Universidade Reed oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa.
Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante. Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.
Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para a frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois. De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Porque acreditar que os pontos vão se ligar em um momento vai te dar a confiança para seguir seu coração, mesmo que te leve para um caminho diferente do previsto, e isso fará toda a diferença.
Minha segunda história é sobre amor e perda. Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares com mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação – o Macintosh – e eu tinha 30 anos. E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém, que achava que era muito talentoso, para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir…
Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. Então aos 30 anos, eu estava fora. E muito escandalosamente fora. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses. Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Packard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício]. Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. As coisas que aconteceram na Apple não mudaram isso em nada. Eu havia sido rejeitado, mas continuava amando.
Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa. Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple. E Lorene e eu temos uma família maravilhosa.
Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple. Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama. Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.
Minha terceira história é sobre morte. Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: 'Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia você certamente vai acertar'. Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: 'Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?' E se a resposta é 'não' por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa. Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo – expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar – caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Lembrar que você irá morrer, é a melhor maneira que conheço para evitar o pensamento de que se tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir o seu coração.
Há cerca de um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas. Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de 3 a 6 meses. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas – que é o código dos médicos para 'preparar para morrer'. Significa dizer aos seus filhos tudo o que você pensou que teria os próximos 10 anos para dizer, em apenas poucos meses. Significa ter certeza de que tudo está no lugar, para que seja o mais fácil possível para a sua família. Significa dizer seu adeus. Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá. Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade. O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid. Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes do Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e ótimas noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de The Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês. Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras: “Continue com fome, continue bobo”. Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos. Muito obrigado a todos".
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
poeira
uma poeira na saliva do sopro
soul de alma na calma de um sax man sofredor
a dor da cor da flor do amor
colinas verdes onde velejam velas de rotinas amarelas
lágrimas, palavras, aladas, caladas, cantam
a poesia daquele momento que acabou
soul de alma na calma de um sax man sofredor
a dor da cor da flor do amor
colinas verdes onde velejam velas de rotinas amarelas
lágrimas, palavras, aladas, caladas, cantam
a poesia daquele momento que acabou
ilusões
por não entender
me arrisco a dizer
Monk e Coltrane
tinham além da angústia
uma renúncia de tristeza
tinham sempre um ás na manga
que era o que dava o sabor de fruta
acesa
delicadeza do sofrer
escalas modais de realeza
mesmo tristes eram príncipes
como Cartola
fraque interno
certeza de reias reis da vida ilusória
com sabor azul
me arrisco a dizer
Monk e Coltrane
tinham além da angústia
uma renúncia de tristeza
tinham sempre um ás na manga
que era o que dava o sabor de fruta
acesa
delicadeza do sofrer
escalas modais de realeza
mesmo tristes eram príncipes
como Cartola
fraque interno
certeza de reias reis da vida ilusória
com sabor azul
Circo
Ouvindo Better Git It In Your Soul , com e de Charles Mingus
palmo
espalmo
a alegria
num jazz
gritado
amordaçado
nunca mais
grito
aos quatro ventos
os tormentos
os unguentos
os seiscentos remédios
musicais que inventei agora
assombro as horas dos que se consideram sem merecer
e mereço uma medalha, sem alfinete, por entender que tudo o que nos salva é o que nos falta pouco para começar a crescer sombras
palmo
espalmo
a alegria
num jazz
gritado
amordaçado
nunca mais
grito
aos quatro ventos
os tormentos
os unguentos
os seiscentos remédios
musicais que inventei agora
assombro as horas dos que se consideram sem merecer
e mereço uma medalha, sem alfinete, por entender que tudo o que nos salva é o que nos falta pouco para começar a crescer sombras
intrusos
...e pior
é que alguns acham que na vida* ser adulto
é só ter responsabilidades
sérios olhares
sorrisos irônicos em olhos catatônicos
Por que não se deixar levar pela criança que nos habita?
*essa é nossa única vida, desprevenida, e por isso deveria ser aproveitada em todos os sorrisos, sentidos -- Não deveríamos nos sentir intrusos!
é que alguns acham que na vida* ser adulto
é só ter responsabilidades
sérios olhares
sorrisos irônicos em olhos catatônicos
Por que não se deixar levar pela criança que nos habita?
*essa é nossa única vida, desprevenida, e por isso deveria ser aproveitada em todos os sorrisos, sentidos -- Não deveríamos nos sentir intrusos!
Li Bai, DIÁLOGO NA MONTANHA
Perguntas-me: porque habito a verde montanha?
Rio-me. E nem respondo. Quieto, coração.
Correntes águas, floração, vão para esse escuro
E outro mundo há que dado não é a Mortais.
Rio-me. E nem respondo. Quieto, coração.
Correntes águas, floração, vão para esse escuro
E outro mundo há que dado não é a Mortais.
Li Bai, COVÃO DA MONTANHA DE LESTE -- LEMBRADO
Há quanto tempo não faço a Montanha Leste
Quantas rosas abriram nessa parte, sozinhas
E nuvens brancas passando -- o que ninguém vê
Desce a deusa, ou a lua, e para quem...
Quantas rosas abriram nessa parte, sozinhas
E nuvens brancas passando -- o que ninguém vê
Desce a deusa, ou a lua, e para quem...
Tu Fu, PENSAMENTOS NOTURNOS
Ervas rasteiras,
Brisa suave
Sozinho na noite
Sob o mastro ao alto.
As estrelas suspensas
Sob a vasta planície
A lua ondula
Corre o grande rio.
Vêm das obras, a fama?
O letrado retira-se velho
E doente -- sempre errante
Que sou eu senão uma
Gaivota entre céu e terra?
Brisa suave
Sozinho na noite
Sob o mastro ao alto.
As estrelas suspensas
Sob a vasta planície
A lua ondula
Corre o grande rio.
Vêm das obras, a fama?
O letrado retira-se velho
E doente -- sempre errante
Que sou eu senão uma
Gaivota entre céu e terra?
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Bai Juyi, FLOR OU NÃO
É flor, ou não.
É bruma, ou não.
À meia-noite vem
De madrugada vai.
Chega, devaneio, vernal, efêmero.
Parte, neblina, matinal, sem traço.
É bruma, ou não.
À meia-noite vem
De madrugada vai.
Chega, devaneio, vernal, efêmero.
Parte, neblina, matinal, sem traço.
Eliseo Diego, citação
E para que serve um livro de poemas?, perguntariam agora, obedientes, os meus filhos. Servirá para atender, eu lhes responderia. Mestres maiores lhes dirão, com palavras mais nobres e mais belas, o que é poesia; baste-lhes, entretanto, se lhes revelo que, para mim, é o ato de atender em toda a sua pureza. Sirvam então os poemas para nos ajudar a atender como nos ajudam o silêncio ou a ternura.
Não é por acaso que nascemos num lugar e não em outro, senão para dar testemunho. Ao que Deus me deu de herança, creio que atendi tão intensamente quanto pude; às cores e sombras da minha pátria; aos costumes de suas famílias; à maneira com que se dizem das coisas; e as próprias coisas -- às vezes obscuras e leves às vezes. Comigo se vão acabar estas formas de ver, de escutar, de sorrir, porque são únicas em cada homem; e como nenhuma de nossas obras é eterna, nem sequer perfeita, sei que lhes deixo quando muito um aviso, um convite para que estejam atentos. Para estar, melhor do que nunca estive, no que Deus nos deu de herança.
Li Shangyin, SEM TÍTULO
Sempre difícil encontrarmo-nos, difícil, sempre, separamo-nos
E murcha cada flor no vento que declina
Terminado que é o fio, morre na Primavera o bicho da seda
A vela seca as lágrimas -- quando já é só cinza
De madrugada, o espelho faz-me triste
Mudados neles os meus cabelos
A voz que canta na noite acorda o frio sentido do luar
Daqui não é longe... daqui à Ilha dos Imortais
Pássaro Azul, depressa, gostava de lhe dar uma espreitadela.
E murcha cada flor no vento que declina
Terminado que é o fio, morre na Primavera o bicho da seda
A vela seca as lágrimas -- quando já é só cinza
De madrugada, o espelho faz-me triste
Mudados neles os meus cabelos
A voz que canta na noite acorda o frio sentido do luar
Daqui não é longe... daqui à Ilha dos Imortais
Pássaro Azul, depressa, gostava de lhe dar uma espreitadela.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Du Qiuniang, CASACO DE FIOS DOURADOS
Digo-te -- preza menos o casaco de dourados fios
Aviso-te -- antes prezes os anos da fresca idade
Quando os ramos da floração se abrem, pronto a agarrar, fá-lo
Não esperes que tombe a flor segurando tu então um galho nu.
Aviso-te -- antes prezes os anos da fresca idade
Quando os ramos da floração se abrem, pronto a agarrar, fá-lo
Não esperes que tombe a flor segurando tu então um galho nu.
Huiji, (poema sem nome)
Oh uns e dois, meus dois e três. Filhos!
Tranquilos de olhos. Eles, voltai p'ra cima.
Entre ambas as duas bocas nada de falas
Este é meu convencimento.
Tranquilos de olhos. Eles, voltai p'ra cima.
Entre ambas as duas bocas nada de falas
Este é meu convencimento.
Su Shi, (CENA DE PRIMAVERA)
As flores o seu vermelho perdem, frágil
Os damascos são pequenos, e verdes.
Esvoaçam andorinhas
E verde a água rodeia uma das casas.
Dos ramos voaram já, uma vez mais,
Muitos dos amentos de salgueiro
Onde é que não haverá, na terra, ervas fragrantes?
Dentro do muro, um baloiço, de jardim; fora, uma rua
Fora do muro, um transeunte
Lá dentro, um um riso -- de rapariga bonita
Que a pouco e pouco se extingue.
E agora um coração em fúria, o dela
Contra quem mostrou não ter nenhum.
Os damascos são pequenos, e verdes.
Esvoaçam andorinhas
E verde a água rodeia uma das casas.
Dos ramos voaram já, uma vez mais,
Muitos dos amentos de salgueiro
Onde é que não haverá, na terra, ervas fragrantes?
Dentro do muro, um baloiço, de jardim; fora, uma rua
Fora do muro, um transeunte
Lá dentro, um um riso -- de rapariga bonita
Que a pouco e pouco se extingue.
E agora um coração em fúria, o dela
Contra quem mostrou não ter nenhum.
Su Shi, DE PRESENTE A LIU JINGWEN
Lótus secando não deita sombrinhas à chuva
Mas um ramo fica do crisântemo à prova de frio.
Vistas de um ano inteiro não esquecem, e menos esta:
--Limões amarelos e verdes ainda tangerinas.
Mas um ramo fica do crisântemo à prova de frio.
Vistas de um ano inteiro não esquecem, e menos esta:
--Limões amarelos e verdes ainda tangerinas.
SURPRESA!
...e tudo começou com a morte de meu irmão, Frederico, e depois não parei mais e veio tanta coisa...mais uma morte, da minha mãe, Bertha, e continuei escrevendo e vendo quase tudo desmoronar, com as pedras no meu caminho tentei proteger o jardim de rimas que fiz em cafuné, pela ausência sim, mas não só pela ausência, pela presença de pessoas fundamentais que ontem, hoje, amanhã e sempre estarão ao meu lado, mesmo que eu não as veja, mas sinto a presença e é esse sentimento que me dá coragem de lançar livros, CDs e quem sabe outras surpresas...
Su Shi, BEBENDO SOBRE O LAGO COM TEMPO LIMPO SEGUIDO DE CHUVA
O brilho d'água -- imensa -- salta melhor com tempo claro
O sabor da montanha, incerto, nevoenta, realça a chuva mesmo
Lago de Oeste Rapariga de Oeste
A maquilhagem carregada, leve. Sempre parece bem.
O sabor da montanha, incerto, nevoenta, realça a chuva mesmo
Lago de Oeste Rapariga de Oeste
A maquilhagem carregada, leve. Sempre parece bem.
Zhou Bangyan, ERRÂNCIAS DE MUITO NOVO
A faca do Norte brilha, água
O sal branco do Sul, neve
Finos dedos abrem a tangerina nova
A cortina enfeitada, aquecida há pouco
Incenso -- subindo do queimador animal
Diante, um do outro, tocando flauta de tubos
pergunta ela com brandura -- a quem visitas mais esta noite?
Os cascos de cavalo, escorreg-se, no chão nevado
Lá fora os passantes são raros.
O sal branco do Sul, neve
Finos dedos abrem a tangerina nova
A cortina enfeitada, aquecida há pouco
Incenso -- subindo do queimador animal
Diante, um do outro, tocando flauta de tubos
pergunta ela com brandura -- a quem visitas mais esta noite?
Os cascos de cavalo, escorreg-se, no chão nevado
Lá fora os passantes são raros.
Li Qingzhao, PRIMAVERA EM WULING
Passou o vento. Até a poeira é perfumada.
Já é tarde. Não me apetece pentear-me.
As coisas estão aqui mas ele o homem não -- tudo acabou.
Quero falar -- mas correm-me as lágrimas
Ouvi dizer que no Regato Duplo é ainda Primavera.
Gostaria de ir até lá andar numa barca leve
Mas tenho receio que barca tão frágil
Não suporte o peso de tanto sofrimento.
Já é tarde. Não me apetece pentear-me.
As coisas estão aqui mas ele o homem não -- tudo acabou.
Quero falar -- mas correm-me as lágrimas
Ouvi dizer que no Regato Duplo é ainda Primavera.
Gostaria de ir até lá andar numa barca leve
Mas tenho receio que barca tão frágil
Não suporte o peso de tanto sofrimento.
Yuan Haowen, VIVENDO 9OU ESTANDO) NA MONTANHA
A folhagem, imensa, cabe nas vozes de Outono
E os restos de um burgo -- entra devagar o crepúsculo.
O arco-íris se vai e fica chuva, esbranquiçada
As fumarolas vão, para surgir o azul. Montanhas.
E os restos de um burgo -- entra devagar o crepúsculo.
O arco-íris se vai e fica chuva, esbranquiçada
As fumarolas vão, para surgir o azul. Montanhas.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Bai Pu, AUGÚRIO ENQUANTO MONTA A CAVALO
(Um, de um conjunto ou encadeado de 6)
Encontros bastantes e foram felizes
É muita aflição? Sentimentos
Se embrulham -- pacotes de cânhamo
Passeios sob o muro de Leste por acaso
Ajudam, mas pouco. Lamento. Ah! O frio. Límpida
A lua e contra o seu amarelo a flor.
Encontros bastantes e foram felizes
É muita aflição? Sentimentos
Se embrulham -- pacotes de cânhamo
Passeios sob o muro de Leste por acaso
Ajudam, mas pouco. Lamento. Ah! O frio. Límpida
A lua e contra o seu amarelo a flor.
Yao Sui, CANÇÃO DE PRIMAVERA DO LETRADO VELHO
O meu pincel co'a tinta o tempo centra
Crianças, em baixo são mais que os versos
Quando perguntado, digo do Mundo --- É vasto, o mar.
E não há dia sem tufão ou borrasca
--Sem fazer caso do peixe ou de cálculos.
Crianças, em baixo são mais que os versos
Quando perguntado, digo do Mundo --- É vasto, o mar.
E não há dia sem tufão ou borrasca
--Sem fazer caso do peixe ou de cálculos.
Ma Zhiyuan, (sem nome)
Trepadeiras secas, velhas árvores, corvos no crepúsculo,
Uma ponte baixa, um riacho correndo, umas casas
Uma antiga via, um cavalo magro, o vento oeste,
O sol a pôr-se -- também a Oeste.
E um viandante de coração destroçado
No limite do céu.
Uma ponte baixa, um riacho correndo, umas casas
Uma antiga via, um cavalo magro, o vento oeste,
O sol a pôr-se -- também a Oeste.
E um viandante de coração destroçado
No limite do céu.
algodão
sem mãos que expressem em tintas rotinas
tempero em preto em branco sentimentos brandos
enquanto sigo tentando entender uma nova perspectiva
que desenhe-me em algodão
tempero em preto em branco sentimentos brandos
enquanto sigo tentando entender uma nova perspectiva
que desenhe-me em algodão
expressão 2
de nada adianta
um quadro
bem pintado
(bem pintado?)
bonito
(bonito?)
sem um mínimo de sentido
(sentido?)
de nada adianta um pintor que pinta sem motivo
sem arriscar expressar a dor de sentir de mentir de exprimir em tintas a vida
um quadro
bem pintado
(bem pintado?)
bonito
(bonito?)
sem um mínimo de sentido
(sentido?)
de nada adianta um pintor que pinta sem motivo
sem arriscar expressar a dor de sentir de mentir de exprimir em tintas a vida
Gao Qi, TÚMULOS DE GUERRA
--- Na véspera da festa dos Mortos
Roupas sujas de poeira, lágrimas e sangue,
O triste regresso após anos de guerra.
Varridas pela borrasca: flores de pereira
Passa a véspera da Festa dos Mortos.
São tantos os novos que enlutados
Junto dos´túmulos se lamentam.
Roupas sujas de poeira, lágrimas e sangue,
O triste regresso após anos de guerra.
Varridas pela borrasca: flores de pereira
Passa a véspera da Festa dos Mortos.
São tantos os novos que enlutados
Junto dos´túmulos se lamentam.
Jin Shengtan, (DÍSTICO)
Grãos de lótus: de amargura cheios, coração.
A pêra: amargos dentro -- do ventre.
A pêra: amargos dentro -- do ventre.
Zheng Yan, LÁBIOS VERMELHOS
(No Lago)
E vou e venho entre bruma e vagas
maneira esta de me intitular Senhor do lago Oeste
Com brisa boa e um pequeno remo
P'ra fora puxo do Riacho das Canas.
A disposição no alto
Cimeira canta
E à noite quieta a voz é estranha e clara.
Ninguém te ouve
Aplaudo eu só
Tacitamente escutam as montanhas todas.
E vou e venho entre bruma e vagas
maneira esta de me intitular Senhor do lago Oeste
Com brisa boa e um pequeno remo
P'ra fora puxo do Riacho das Canas.
A disposição no alto
Cimeira canta
E à noite quieta a voz é estranha e clara.
Ninguém te ouve
Aplaudo eu só
Tacitamente escutam as montanhas todas.
Yuan Mei, TROÇA E ARVOREDO
Planto bem arvoredo aos setenta.
Vizinho, não rias de trabalho em vão,
Pois, gente normal há-de morrer um dia
Quando, felizmente ninguém pode saber.
Vizinho, não rias de trabalho em vão,
Pois, gente normal há-de morrer um dia
Quando, felizmente ninguém pode saber.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
atração
temos momentos
porque
a vida são
momentos de sentimentos
e registramos
esses sentimentos
momentos em que somos nós mesmos
porque
a vida são
momentos de sentimentos
e registramos
esses sentimentos
momentos em que somos nós mesmos
DIAS!
DIA!
(com olhos vermelhos de desejo digo)
TARDE!
(com olhos azuis de angústia respondo)
NOITE!
(com olhos desgastados pelos excessos conquistados durmo)
(com olhos vermelhos de desejo digo)
TARDE!
(com olhos azuis de angústia respondo)
NOITE!
(com olhos desgastados pelos excessos conquistados durmo)
arteplásticos
Coltrane exala poesia
Davis agonia
monstros da escala sonora
que angustia
que desafia
o som surdo
da afonia
dos sem consideração
melodia do grito
que é massa
nas mãos dos poetas
sejam eles
musicais
gráficos
ou
arteplásticos
Davis agonia
monstros da escala sonora
que angustia
que desafia
o som surdo
da afonia
dos sem consideração
melodia do grito
que é massa
nas mãos dos poetas
sejam eles
musicais
gráficos
ou
arteplásticos
sementes
a ilusão é que nos move
que diminui a nossa dor
por ela cantamos
por ela rimamos
suamos
nos esforçamos
para deixar algo
que nos qualifique
que nos exale
que nos cimente
que diminui a nossa dor
por ela cantamos
por ela rimamos
suamos
nos esforçamos
para deixar algo
que nos qualifique
que nos exale
que nos cimente
Pt, saudações
páis estranho esse em que por ter conseguido chegar (cegar?) ao poder
um partido quer ensinar-nos a
ser inteiros
sem estudarmos
só pela vontade de querer?
um partido quer ensinar-nos a
ser inteiros
sem estudarmos
só pela vontade de querer?
colheita
Escolhestes
o sentimento
que te definirá?
irás para longe
onde não há rotina?
Colhestes a flor
da dor que sentiu
quando não se viu
no espelho de tuas alegrias?
o sentimento
que te definirá?
irás para longe
onde não há rotina?
Colhestes a flor
da dor que sentiu
quando não se viu
no espelho de tuas alegrias?
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