sábado, 30 de abril de 2011

Carlos

um menino
de cabelos encaracolados
solitário
(solitários?)
me disse que eu não devia desistir de tentar
me disse com seus olhos de lua
seu sorriso, reflexo de mar,
que todos devíamos nos achar
sentir o cheiro das ondas
fotografar mariscos
não devíamos nos refugiar (nos escondendo de nós)
devíamos deixar de ser aflitos por tudo que não nos acaricia
um menino nos deixou um legado
de perfume e amor...
saiba menino você está em mim
semeando poemas e rimas
(cantando melodias que evoquem sua rouca voz...)

solitários

onde
seus olhos se escondem
em quantas fontes?
por quantos horizontes?
ainda irei procurar?
procurá-los é um ralo de
desconfianças e solidão
solitários dedos em solitárias mãos

Abismo

Arrisco
um petisco
instinto de sobrevivência
quadro num círculo
sino batendo em Igreja de colina
tinto vinho sendo servido a um servo à beira do abismo

Almas

Lembrança é raiz
não âncora
apoia nossos novos passos
voo de pássaros
com nome e sobrenome
âncoras não nos deixam vagar entre almas outras

branco quadro

...se não ao seu lado
desfaleço
acordo em sonoros
nãos
não, não posso viver assim
não, não posso me esquecer de mim
desejo sins
sim de vida
sim de tinta
num quadro estático
branco que sou

Seios

quieto
fixo em mim
conceitos
que pareciam esquecidos...
árvores balançam na rua em que estou claudicando perdido
em pensamentos aquecidos por ventos que cheiram a seus seios

Destempero

amiga mão
alisa cabelos
desgrenhados
pelo choro
pelo cheiro
tempero de salivas
sendo lembrado
cloros chorados
desenhados por lágrimas
devassas
em mãos calejadas
amparadas
por sonhos destemperados

Cabelos

Dos meus dedos escorrem medos
escorrem segredos
dos meus dedos
escorre o tempo
areia fina
como seus cabelos

a lembrança me empresta você para mim

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Casa branca

um avental rosa seria apenas um avental rosa se cobrisse um amor rosa mas não se trata de nada rosa a brancura esconde nosso profundo medo...
zelo com a vida

hospital

pétalas de rosa não há
azul do céu abrilhantando lençois não há
não há também
beijos ardentes
queixos nervosos de tanto amar
borboletas coloridas, não
passáros flanando, não
biscoitos e chocolate quente, não

por isso ninguém gosta de hospital

A e B

ouvimos dizer que temos que ter equilíbrio
ouvimos dizer que a virtude está no meio...
que meio?
como limitar nossos desejos?
equilíbrio
se existe
ocorre quando o cabra está
no percurso
entre os pontos A e B

quinta-feira, 28 de abril de 2011

se-pa-ra-dos

não-en-ten-do-por-que-a-ca-ba-ram-com-os-hí-fens-to-dos-não-de-ve-mos-fi-car-se-pa-ra-dos?

amarelo-luz

sendo céu
prendo seus olhos
seus pés plantados nas nuvens são
espaços siderais, brincos azulados,
estrelas, dentes amarelo-luz,
cometas...
acendo
a loucura de me prender a uma intenção

Estrago barato

os ponteiros do passado
são
perversos estados
que escangalham o relógio
que trago
num pulso que pulsa
pulga absurda
de imediatismo barato
estrago um futuro
por me prender a tudo que já vivi

íDOLOs

se é que me entendes nunca houve esse precedente nunca antes nesse país nunca nada foi assim que loucura! não passado não há amargura na verdade temos poucos momentos felizes numa vida repleta de desventura fedemos babamos peidamos sempre que temos que nos posicionar são os joelhos que doem sempre é mais fácil desistir insisto na sua desistência modo mais fácil de me domar é mais fácil criar ídolos do que laços enquanto te exalto não faço

desperdícios

se ed motta continuasse cantando manoel...
se chico continuasse compondo a banda...
se caetano continuasse no recôncavo baiano...
se lenine continuasse naquela onda...
se a madonna continuasse dançando e dublando...
se continuasse escrevendo frouxo...

filisteus

o quadro espanta
e a lágrima não cansa de cair
(objetivo alcançado)
o espectador se pergunta
aqui é meu lugar?
a perspectiva pode ajudar o entendimento?
quantos são os capturados momentos?
com quantos monumentos se faz um museu?
onde andam os filisteus?

Perigo da arte

O perigo da arte é provocar
o cara vê uma obra e para para pensar
num primeiro momento
talvez não entenda
num segundo momento
talvez não goste
se chegar ao terceiro momento
talvez se pergunte
por que essa obra de arte me incomoda?
e aí está o perigo
porque depois disso
a tendência é uma revisão ou exacerbação de conceitos
que podem adicionar pimenta na seguinte questão
estou satisfeito comigo?

Música no RIo de janeiro

Mariano Marovatto, que acaba de lançar um CD e faz doutorado na PUC, é mais duro:

- Falta de tudo na música do Rio. Talvez falte argumentação crítica por causa do comodismo. Aqui acabou a música em processo. As pessoas só vão aonde todo mundo vai. E o cara faz uma canção, vai à praia e já pensa que é artista.



HEY JOE (versão minha)

Hey Joe
só canto o que passa por minha cabeça
Hey Joe
suados blues
deixo como herança
Hey Joe
essa pequena é uma joia rara
Hey Joe
enquanto caço ela produz lágrimas
Hey Joe
a poesia é mais do que uma arte tesa
Hey Joe
inveja cansa, liberdade é prenda
Hey Joe
o caminho vale no fim acaba a graça

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sexo num mundo de droga

talvez manoel com sua alma versus lata com seu cachorro com oito patas não deva ter mais espaço o mundo é dos espertos não das crianças com dialeto talvez não caiba mais existirmos para quê? descobrimos prazeres inventamos afazeres para quê poetas ascetas da solidão num mundo colorido por sexo, drogas e roque em rou para quê?

Débâcle

o destaque
futuro alvo
numa sociedade de débâcle
de ataques
à personalidade
todos querem tudo sem se preocupar em aprender
todos querem tudo o que é mais precioso saber desconhecendo o valor da contenda

Pêssegos

de pêssegos escorrem desejos
defeitos meigos
amarelos ensejos
de solidão
deles retiro o néctar para a expansão das palavras que guardadas estavam
falhas na sombra

a luz dimensiona a sofreguidão

BLOG

...a coisa funciona assim penso um poema e utilizo o blog como um rascunho (poético) desse modo sei que tudo o que escrevi está registrado e fácil de ser achado em caso de precisão depois separo os poemas para os títulos que inventei e depois alguns são jogados fora e depois fecho um livro com no mínimo sessenta poemas e depois...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Vulvas

meninas são bruxas
vivas esculturas
porque sabem rezar
esdrúxulas em culpas
cavernosas vulvas
aquecem o planeta terra
(meninos não sabem por onde começar...)

POCKET SHOW

Num pocket show, com duração de no máximo 30 minutos tocaria:
1 - Pedra;
2 -- À Cecília;
3 -- Desafios;
4 -- Sim;
5 -- Constelação;
6 -- Contra.

E no bis:
1 -- Cegos;
2 -- Minas.

Gotas azuis

(...imprevisível
como uma criança

que pinta enquanto dança...)
inacessível por ser um míssil em movimento

eu sou o centro

eu sou o alvo

dessa equação



se me encontrar parado

há algo errado

no resultado

na solução

dos seus problemas sou o menor

sou azulado

choro gotas de orvalho azuis



suados blues



segunda-feira, 25 de abril de 2011

estrondo

de um pedaço de pele
nasceu uma formiga
criou asas
por querer ser marimbondo
estrondo
oco de uma minhoca
que fala
gozo
louco
de um palhaço com asas
(loucuras )
tudo para esquecer da dor
de perder-te
inerte

SET LIST do novo show

INTRO
1 -- Desafios;
2 -- Encantadas;
3 -- Constelação;
4 -- Fim ou Início;
5 -- Contra;
6 -- Complexa vazão;
7 -- Brigas;
8 -- Inútil (do Ultraje a rigor);
9 -- Jackson;
10 -- Minas;
11 -- Sim;
12 -- À Cecília;
13 -- Pedra;
14 -- Cegos;
15 -- Versos;
16 -- Truques;
17 -- Medley com 2 músicas a serem escolhidas;
18 -- Papai me empresta o carro (da Rita Lee);
19 -- A Saudade/Blues do Medo.

Ventos

...triste...
por ver a vida escorrendo pelas mãos
areia fina
nunca será aprisionada em nenhuma construção
versos são necessários? para quem? quem diz amém? quem sabe falar? vontades são sinceras? aceitas? o que cantar? como me comportar sendo assustado por ventos dde temperamento?

Marco (nada) Plácido

Nesse momento em que, triste, vejo minha mãe se recuperando de uma intervenção cirúrgica no coração, lentamente. Penso, lentamente, que devo parar para me reciclar. Não quero continuar a repetir as mesmas histórias que alegram o riso dos meninos, cheios de vida. Não quero continuar a ter medo de trabalhar em algo que já não condiz com quem eu sou, nesse instante. Não quero diamantes quero apenas um crucifixo de madeira, que caiba em minhas mãos. Não quero me dedicar a palavras que não são minhas, preferio lagartas que virão a voar do que migalhas que ajudam a matar peixes. Não quero ser um feixe de palha, marcar suas mãos, como um arame espinhoso, deve ser gostoso. Não quero ficar olhando o mar quero cair n'água, agitar os pés e espalhar gotas num oceano de enganos. Não quero ser um único tempo sem contradição, água parada dá mosquito, dengue é o início da confusão. Não quero ter que dizer sim para parecer bonzinho, quero ser vinho, parecido com sangue, ex-punk banqueiro não tá com nada. Não quero ser empada sem azeitona, prefiro um samba ruim à Madonna nada tem para me seduzir. Não quero batidas estrangeiras, meigas gueixas, mais negras do que ameixas, isso sim, satisfaz ao meu apetite poético. Não quero ser ético, perigo em forma de rimas, desrespeito das primas, meninas levadas até a última consequência. Não quero fogo, quero arder, dos seus olhos fazer uma cachoeira, tênue areia para arranhar teu sexo, amplexo queimando de tanto querer. Não quero tudo, o que consigo passa a me desinteressar quero o caminho o fim não tem desafio. Não quero medalhas já sei o tamanho do alfinete, estilete entre os dentes é meu sobrenome e meu nome é e sempre será Marco (nada) Plácido.

De quem

em cada canto do país a vida se esparrama e engana àqueles que não podem parar para pensar muitos dos que podem não desejam desejar pois por motivos quais sejam abrem mão de pensar não pensar é não viver viver sob engano equivale a morrer em vida esquecendo de quem somos de queremos sonhar

domingo, 24 de abril de 2011

das mãos

pés pintam estrelas
em telas
coloridas
vidas
sendo vividas
em tintas
em dedos dos pés desconheço
solidão das mãos

Lady Gagá

realismo?
nada é real
num mundo de sexo, drogas e roque em rou
quem foi que disse que a Gaga canta?
quem insiste em falar sobre um programa de televisão inventado de dentro de um micro pensamento símio restrito por bytes sites boates
como tomaremos as rédeas da situação? quem não quer viver de ilusão?

moita

cavo caramelos
cobertos de cabelos camelos cantam na caverna da solidão
(solidez)
sofisticação, um não ao consumo frouxo
frágil, fôlego de anão
mímica muito moita
mora?
agora?

poesio

quando afirmo
me auto ajudo
quando desconfio
poesio

Achismo

eu acho
o seguinte
enquanto eu achar as coisas
é sinal de que nada está perdido...

aFETado

...não é questão de estar certo ou errado
é questão de estar
quando não raciocino ausento-me de mim
deixo-me sozinho
tecendo fios de teias de incertezas
deixo-me claudicar
desprezo-me em ideias preconcebidas
desvirtuadas daquele que fui até aqui

Simples

acaba sendo simples assim:
o poeta prefere o futuro ao presente
acalentando a obra
o cantor quer um romance com a fama
presente

Esquisitos

não, não preciso que concorde comigo
apenas aprecio o raciocínio
tirocínio
assassínio
de sua ideia
premeditada
assassinada
por conceitos
prévios
esquisitos

Intimorato

sou o centro
sou o alvo
sou excêntrico
concentro o vento
do meu temperamento
certo da coragem de tentar
certo das incertezas que a vida prepara
cerco o erro
cerco
sincero
e prego
a vantagem de não temer nada que não seja a morte das ideias

Literatura

literatura
como tudo
é mistura de
talento e temperamento

Galegos

na mesma parede dois quadros brigam por espaço suas figuras entretanto retratam os mesmos fatos os mesmos retratos distanciados apenas pelos anos e pelas desavenças galegas

um tempo

...cansei de ter de explicar...
me acho calado não por ter desistido de tentar
prefiro acreditar que cada um tem seu tempo
o meu agora é de me retirar
parar de brigar para que entendam que a vida é de quem não para

tempos modernos

o tempo permeia meus sentimentos
o poeta está intimamente ligado ao futuro, desejando-o

mas com os pés atados ao passado, fingindo desconhecê-lo

o cantor deseja o presente e por ele fica ausente de algum substrato que o leve ao próximo passo

Loucura seca

hinos são tocados e não escutamos
filmes são exibidos e exibidos estamos preocupados em sermos notados
revistas são editadas e cansados de letras só vemos as figuras
cafés literários são construídos e nos atemos apenas ao preço da xícara
poetas desconhecem o mínimo do que já foi produzido

Sorte?

erramos
no instante em que afirmamos
ter conseguido algo por sorte
sorte de quê?
de termos conseguido chegar alimentados até aqui?
sorte de termos o mínimo de inteligência?
sorte de duvidarmos de nossas certezas?


epifanias

poço de sabedoria...
enterro minhas certezas todo dia
rimo
futuro com inseguro
rio
do fruto que nasceu dum estrume
e me acostumo ao latir de suas epifanias

ignorantes

...adoramos nossas próprias certezas
ninguém tem tempo de prestar a atenção na ignorância alheia

Inteligências

inteligência do contexto
sabedoria
inteligência do texto
conhecimento

sábado, 23 de abril de 2011

goiaba

...nas palavras de Chico Science a lama não é metáfora
é a dura realidade dos que vivem sem a mínima condição de viver
imagine sonhar
arte tem como condição primeira conseguir respirar
dormir com os olhos nas estrelas
sentir cheiro de goiaba no seco do sertão
condição de produzir vento onde chuva não há
artimanhas
de quem não pode pensar em chorar senão nada muda
mas
mesmo sem chuva
uma muda de planta acaba de germinar
nos fazendo antever a palavra-santa: esperança

sinceros

...sem nostalgia
com laços de um presente
com lembrança dos passos dados
olhando de frente um mar revolto
futuro ambiente
para meu barco
arco com pensamentos
que não me deixam dormir
em compensação
sonho acordado
de olhos abertos

sinceros

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Bonecas

engraçado como alguns adultos preferem ficar abismados com o método de um poeta que se assume criança ao escrever enquanto aqueles mesmos continuam fingindo não ser crianças com seus carros motos mulheres-bonecas

Jardins

se da única certeza
retirássemos força para nos lançarmos na destemida vontade de nos realizarmos os psicólogos estariam todos mortos de fome

(e os hospícios dariam lugar a jardins)

Ventania

...e
durante o tempo em que afirma estar certo
pretendendo ser o vencedor
de uma conversa
que
verdadeiramente
nunca começou
atiro dúvidas ao vento
e dele
faço uma história de amor

Mesa

auto ajuda é incisiva
vive de afirmação
poesia não
nunca deixa certeza de nada
provoca o erro
planta a dúvida
jardim de rosa lilases
incerteza
que põe mesa

CHICO SCIENCE, poeta

Da Lama ao Caos

Posso sair daqui pra me organizar (x2)

Posso sair daqui pra desorganizar

Da lama ao caos, do caos a lama (x2)
o homem roubado nunca se engana

O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu vi um chié andando devagar
E um aratú pra lá e pra cá
E um caranguejo andando pro sul
Saiu do mangue e virou gabiru

Ô Josué eu nunca vi tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça
Peguei um balaio fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia e pegou a minha cenoura
"Aê minha véia deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia eu não consigo dormir"
E com o bucho mais cheio comecei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me desorganizando posso me organizar.

Da lama ao caos, do caos a lama
o homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos a lama
o homem roubado nunca se engana

quinta-feira, 21 de abril de 2011

sílabas

...sol a pino
paro e penso
no tamanho dessa estrela
pequena daqui donde estou
tudo é relativo...

como relativo é o tempo
quando alegre
um café passa rápido e o encontro de mãos é quase uma piscada
no triste desencontro levamos anos esperando não sei o que esperando aquilo que não queremos admitir dizer
e um século passa enquanto teclo as devassas marcas de meus polegares em letras esparsas códigos de guerra peloponesa polonesa necessidade de beber sílabas

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ensopado de vida

ao acordar
abro os olhos para sentir toda a onda da vida batendo no meu peito
molhando meus pelos
e tento não cair na sedução fria e salgada de sua indiferença

Gravetos

visão de cego
sentimos o erro alheio
pelo cheiro
tronco de árvore num jardim
nossas dificuldades
são palatáveis
são pequenos espinhos de rosa
são prosa de um poema extenso
nossos erros são gravetos

SEC'LO

...tão pequena
e radiante
inesperada e suculenta
pêra
seja minha
enquanto posso querer-te
ver-te
teclo
um sec'lo
'spero
ter-te

(vida venha inteira
não seja inerte)

terça-feira, 19 de abril de 2011

(florado)

...se um dia venderei flores do meu jardim?
posso dizer que sim
mas
também posso dizer que não é isso que me faz revolver a terra e molhá-la na esperança tanta de deixar um legado

(florado)

Construção

...muitos não entendem...
mais
importante do que vender rosas
é
construir um jardim
repleto de flores-esperança
de dores tantas
que só eu sei quanto custou começar

O artista

não sabe amar
quer ser amado
nutre a ilusão, alimentando-a
com aplausos e o vazio
do palco
o acarinha
o persegue
(me persegue)
ergue a taça de campeão
da própria solidão
esquecendo-se de sorrir para quem merece

segunda-feira, 18 de abril de 2011

IMPUTAÇÃO

Venho pensando nisso já há algum tempo. Muitas dificuldades são colocadas para testar nosso intrumento, nossa capacidade intelectiva...Quando comecei a escrever ouvi algumas barbaridades, do tipo: "Donde você copiou isso!" ou "Foi sua mulher que escreveu?" Desde então passei a desconfiar que provocava uma reação ou instigava que me achassem mais imaturo do que sou, ou era, já não sei mais. Sempre fui brincalhão e acredito que essa característica , considerada como defeito, tenha levado uma boa parte das pessoas que conheço a achar que eu nunca teria capacidade de produzir os textos que tinha escrito. Na sequência, comecei a cantar e o susto foi grande, pois de novo, pela ótica alheia, não poderia estar fazendo aquilo que estava fazendo. De um modo inesperado para mim, esse susto se mantevesse também nos profissionais, ou nos que se denominavam assim, do meio artístico, que tiveram acesso ao meu trabalho. Dentre outras ouvi: "Seu trabalho é de elite e no Brasil é muito difícil vender um trabalho desse tipo". Ora, ora, querer imputar como desvantagem o que é, ou deveria ser, considerada vantagem é no mínimo surreal. Por que isso acontece? Fica para uma próxima vez.

O bilhete

...remo remo esqueço remo remo e penso o ritmo é fundamental ter consciência é surfar em dificuldades respirar em breves horizontes onda gigante de infelicidades diárias nos força a querer pensar para onde estamos a rodar em que ilha pararemos e escrevemos o bilhete salvador

Paixão e amor

a paixão turva os olhos aquece o sorriso o amor nos põe para dormir nos dá ritmo as besteiras geralmente vem pela falta de visão

sábado, 16 de abril de 2011

Do mundo

...caminho a passos largos para o sucesso
de não ter desistido
e
o sentido é esse
continuar
traçando um lindo caminho
sem me preocupar com o fim
do mundo

CORAL NOVO CAMINHO

...como eu disse para Bia, apesar de eu não ter religião, no início de tudo a arte era uma manifestação da religiosidade e, portanto, não vejo problema algum em divulgar música feita com a alma, aliás, como faço meus poemas...então vamos à música É DE CORAÇÃO realizada pelo CORAL NOVO CAMINHO, no CD de mesmo nome.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

NUMÉRICOS

(feliz): 1, 1, 1, 1, 1
(infeliz): 1/2, 1/2, 1/2, 1/2

(criança): 2, 3, 6, 10, 4...
(adulto): 1, 2, 3, 4, 5, 6.
(velho): ...1..., ...2..., ...3...


(executivo): 1+1+1+2,5=5,5.
(advogado): 1+1+1+2,5= cinco (meio).
(poeta): 1+1+1+2,5= cinco histórias e meia vida.


sampa

eu penso bastante há bastante tempo tremo só de pensar mas penso e tento tentar é o que me encanta em mim nada se espanta e manda e sangra temperamento mentol eucalipto cítrico cínico mímico rítmico sangra sampa samba

volume

desde que comecei a escrever escrevo como se fosse morrer e essa intensidade essa brevidade ansiedade de não ter tempo de resolver as coisas todas é que acabou me dando um volume um encanto que agora sei que posso viver

fátimas

crianças não erram inventam um dialeto são sempre alegres mesmo na falta conseguem brincar esperança de um mundo melhor são histórias sendo contadas são gotas de alegres fátimas

Brinquedos

quem tem certeza não é poeta nós poetas trabalhamos com o som com a sombra da incerteza apenas um cheiro de certeza nos alimenta nos dá esperança somos crianças vivemos de restos de sentimentos vegetamos brincamos com restos de brinquedos sempre escrevemos certo por linhas imaginárias

Os antigos não podem me aceitar Os contemporâneos não querem me aceitar Os novos querem ser aceitos ...e eu no meio

Formulações

EU QUERO SER FELIZ EU, SER FELIZ QUERO QUERO EU, FELIZ SER QUERO, FELIZ, EU SER FELIZ, EU QUERO SER FELIZ SER, EU QUERO SER, EU, QUERO FELIZ SER FELIZ QUERO. EU.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Baiano

um poema é um cheiro de certeza
não afirma
desconfia
afia a faca da interrogação
um poema é tudo
menos
afirmação

A fila

...filhos de artistas
produtores especialistas
talentos precoces
crianças
filhotes...

...e depois quem, como eu, não conhece ninguém

Obra de arte

...aquele objeto que te faz pensar durante o susto de tê-lo descoberto

Exercício

...um livro que está sendo gestado
é muito mais importante
que um livro acabado
uma idéia
um ideal
é o que me motiva a escrever
sei bem o quanto demorei e não abro mão do exercício
diário
de pensar no quanto desperdiçamos a vida

remorso

lembrando de fatos do passado, não se emocionou
esquecendo fatos amargos, se enganou
deixou de sofrer no momento devido e perdeu a sensação de que podia superar
agora teme sentir
pois desconhece como se livrar do remorso de um moço passado em anos repleto de enganos

aquarela

enquanto nado
é como se a vida estivesse parada
ali
azul
esperando um respingo
tinta
dum pintor
que sou eu
escolhendo cores azuis
numa aquarela
molhada

Diamante

quem tem coragem ou pode se afastar para melhor observar as opções?
quem tem condições de ver algo que não esteja diante dos olhos?
quem quer se arriscar em pensar os próximos passos?

Estilete

não sabemos ou fingimos não saber
o tamanho da influência
de uma obra de arte
assim
que seu conteúdo nos toca
começamos a pensar
se somos coelhos ou focas
pensamos se gostamos da vida que temos

arte é estilete entre os dedos

Águas paradas

em minha volta a vida flui
peixes nadam em azulejos azuis,
pessoas falam, azuis
pranchas e bóias
descansam, azuis
mui me encantam
poesias
molhadas
azulejadas
por néctar de águas paradas

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Um beijo

um beijo
reflexo do sentimento
em lábios
rosáceos
paixão
requentado
entre
conformados com a solidão
ardente
exigente
começo de relação
ferro extremo entre vadios
feno quente entre entes queridos
um beijo é uma declaração

Release

De um impulso descobri que podia escrever e numa homenagem ao meu falecido irmão lancei três livros de poesia, seus nomes já dizem tudo: DENTRO DE MIM, OCULTO e PRÓPRIO AMOR. Dentro de mim ocultava meu próprio amor e foi o que me levou a querer expandir meu destino, comecei menino a cantar, mas só mostrei depois de lançar o CD "Coleção de Besouros", montei banda e em shows -- no Leblon, na livraria Daconde, SESC-Niterói e na Lapa -- vi que podia tentar uma nova carreira. Agora, em onze composições estou finalizando o CD "MPBs -- Músicas e Poesias Brasileiras, Marco Plácido Brasileiro. Poeta, cantor e compositor ao seu inteiro dispor.




Site: www.marcoplacido.com.br

Blog: marcoplacido.blogspot.com

terça-feira, 12 de abril de 2011

Maiúsculo

Arte com a maiúsculo não é feita para agradar quanto mais o cantor pensar na plateia menos artista será ao tentar agradar esqueço de provocar

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Programa de tv

...direi que um matemático atrapalha o mundo por não entender dos absurdos complexos da poesia
direi e provarei que um cientista não sabe entender o que é um cheiro de estrelas
óbvio inventarei problemas sem solução e por não terem solução os experts não saberão chegar ao final que afinal é como a vida não tem um final é tudo diferente da teoria provarei por a mais b que c é um resultado incompleto que um mais um é muito mais que dois e pode ser muito menos do que um incitarei controvérsias e no fim muito me divertirei com o ar surpreso dos convidados que esperavam um cara falando que amor rima com dor

O que é, o que é

um matemático e um cientista
loucos
por perceber o que dizem meus poemas
estão babando
por tentar entender
o que é um jardim absurdo
o que é um reflexo de estrelas
o que é um desejo-defeito

rabo...rabo

da caverna falo
não... não
quero... quero
saber... saber
de... de
nada... nada
só... só
quero... quero
perceber... perceber
meu... meu
próprio... próprio
rabo... rabo

Vicioso

ninguém consegue me entender e eu não consigo entender você o outro não existe só quando pisa no meu pé meu no pisa quando só existe não outro o você entender consigo não eu e entender me consegue ninguém

Lunático

um amigo matemático
exato
na sua percepção
não disse
mas pensou:
o mundo é dos lunáticos

o mundo é de quem descreve o voo do beija-flor

dois outros

um agricultor
culto?
um poeta
absurdo?
um cientista
mudo?

todos com suas razões e a razão disso tudo é que não conseguimos enxergar onde um pode ajudar o outro a aceitar o fato de que ninguém sabe tudo e de que todos precisamos uns dos outros

duas faces

da mesma moeda
duas
f
a
c
e
s
:

desejos são seus defeitos
meus defeitos são desejos

Sombra

...algumas coisas continuam inexplicáveis...
se todos sabemos que iremos morrer por que
por que temer opiniões
alheias que são daquilo que chamamos de pretensão?
por que querer passar em branco?
por que ficar num canto esperando alguém nos chamar para fazermos algo?
por que não plantarmos árvores que serão nossa sombra futura?

Fundo

...jardim do absurdo
fundo cala um mundo sem pretensão
sem sonhar não há como viver
se bem que prefiro
pretender
palavra proibida
me parece
extinta do dicionário
vulgar
absurdo que chama fundo
um grito de estar aqui

domingo, 10 de abril de 2011

Salto e mergulho

...melhor do que conseguir
é a viagem de viver tentando
estímulo gigante
adrenalina que nenhum salto nenhum mergulho nenhum nada conseguirá atingir
muita vez tentar é melhor do que conseguir...

Cena

Na atual cena musical os produtores reclamam que não há público, o público que não há artistas novos e os artistas que não há espaço

Expo

o que é uma carreira musical senão uma sequência de exposições de temperamento, talento e momento!

Noite serena

um amigo gosta de cantar e eu gosto de ajudar me propus a compor sad songs músicas azuis como um luar numa noite negra mitigada de estrelas e melodias serenas

LOST

num mundo perdido de sem tetos e sem almas
por que escrever um poema por dia?
por que desperdiçar talento em eventos de poesia?
por que continuar escrevendo e para quem?

Plantações

...agora, entendendo um pouco mais sobre a vida, pergunto:
Por que os que tem condição não plantam árvores em suas propriedades?

sábado, 9 de abril de 2011

O ponteiro

como Alice
às vezes estou grande
às vezes pequeno
tremo
(as mãos só relaxam escrevendo)
tento sempre fazer o melhor
às vezes consigo
às vezes não
o ponteiro (coelho) das horas
martela meus ouvidos
ritmo
para meus batimentos cardíacos
exagerado modo de dizer sim aos meus anseios
cobertos de cartas e pelos

Santo dia

cada dia
uma nova batalha
por pão
por alforria
ria de mim
mas
pense
se não brigarmos por nossas ideias quem irá defendê-las?
quem tentará entender uma mente que derrete em rimas?
quem derramará filetes de melodias todo o santo dia?

I was born...

Ai! Os ós são bons (lá longe...)

(Eu nasci em..., em inglês)

Paixão

nino numa melodia seus ouvidos com uma nova canção seus olhos são... estrelas,mãos...cometa a loucura de me fazer olhar o céu de olhos fechados enquanto acordo do outro lado da nossa razão

Batalhas

o vento venta diferente em cada estação sua mão está diferente em cada emoção seus olhos tossem água diferente em cada etapa nossos corpos suam diferente em cada batalha

Cara e coroa

...dois lados da mesma moeda
desconhecê-los é ter medo de jogar o cara-e-coroa da vida
aquele instante antes do resultado
é que separa os homens dos meninos

Amarelinha

...tanta gente se prende na possibilidade do fracasso
e o caminho (amarelo) percorrido na tentativa do sucesso parece sem nexo?

Pingo na pinga

não há mundo melhor dia-a-dia pior tudo o que vivo é o que em mim me atinge na índia deve ser a mesma coisa com um hindu e pior até para um china tudo o que nos intimida forma quem somos fomos nós mesmos que escolhemos? óbvio que não! os humanos somos preconceituosos, sebosos da graxa alheia diminuímos os outros em palavras pela simples satisfação de zoar de enxovalhar e nos animar com o desânimo do vizinho somos fracos, ranzinzas e portanto só na pinga conseguimos dizer amar alguém

Tragédia

pensei em parar de escrever
por que?
por que continuaria escrevendo
vendo assassinatos quase diários aqui no Rio?
por que sentiria vontade de me comunicar com pessoas que só sabem falar aos gritos, aflitos que estão em conseguir chegar...num lugar que talvez não exista?
por que continuar a pensar em rimas quando deveria estar tentando defender meus filhos dessa tragédia de vida?
diária necessidade de acreditar em algo maior do que todos nós para pelo menos diminuir nossa sensação de que o nada já nos alcançou
por que?
por que perder tempo com letras, melodias
a alegria não acabou?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

GREGÓRIO DE MATOS

"A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque, quanto mais tenho delinqüido,
Vós tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória."

O tempero

...fiz especialmente...
esse poema foi feito
(confeito de bolo)
especialmente para você
que me lê
e
ouve a melodia do poema
chega a dançar
aposto
chega a desconfiar que nuvens são de algodão
que chuva é vírgula
que o tempero da vida é se perder
em leitura e escrita

santa aventura

...de vez em quando me dá vontade de esquecer as regras e escrever como se fosse livre como uma abelha que não precisasse procurar néctar como um passarinho que não precisasse voar como um lobo que não precisasse caçar chutaria o primeiro verbo que viesse na cabeça e a última palavra não precisaria combinar aboliria as rimas em prol da doce loucura santa aventura de não ser entendido

O quadro

...aquele quadro na parede também me pertence
prendeu em tintas um passado
não tão longínquo
mas
já ultrapassado
por atos e fatos desgastados por enxadas de terra de desconsideração
as figuras borradas por lágrimas
estão retratando quem vos fala que não sabe quando deve parar de incomodá-los

Cecília

Cecília
estou atrás de uma rima
que rime paixão com seu nome
estou sem fome sem cobre
para comer sem algo que me faça ser
melhor
quero parar de pensar em suceder-me em sombras para lembrar-me só de você
necessito ter que saber onde te esqueço
quando anoitece, anoiteço
e me esqueço em pensamentos torpes
junto ao amanhecer, amanheço pensando em te ter
a tarde, me esconde em vícios simples como um sorvete na esquina
e rio sozinho
esperando tudo recomeçar

Cotia

todos querendo ser do rio e eu realçando minha natural niteroiense beleza nada mais parecido com uma cotia do que um rato branco por falta de sol não entenda estou só treinando digitar com uma das mãos e com o olho bom fechado cadeado de ideias é impressionante como um potencial diminuído é realmente diminuído somos todos os sentidos dependemos de tudo que estamos acostumados por isso não me chame de maluco de otário antes tente andar sem estar acordado tente digitar com sono tente amar com estômago vazio tente

Atípico

exata esquadra rima com a primeira conjugação não vale não me valho de trucagem ancoro coragem não decoro não me prendo ao que já fiz li e reli um monte de poeta arretado alguns ultrapassados pela própria maneira angustiada de vivermos o hoje como se fosse ser perdido na primeira esquina por isso rimo e rio dos pedintes por sexo, drogas e roque fortes são os que sabem o que querem querem querer têm a pretensão de ser sonho é palavra de otário cara típico do rio trabalho como paulista irrita irrita muito o jeito malandro insano de se perder sem volta nas drogas romances de ocasião a distância fornecerá meu ganha pão

tatuí

...deve ser um choque...
um choque
um xote
um cara que não podia fez
por desconhecer não poder
deve ser uma morte para muito severino muito doutor metido a besta deve estar sofrendo sorrindo um riso fino de deboche deve ser (é!) uma sorte não estar nem aí faço rindo faço de implicância nisso nunca nada nem ninguém ganhará de mim quando percebi quando intuí o tamanho do tatuí o tamanho da encrenca pergunta se não escrevo rindo da maledicência...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Vendo vendo

todos os poemas que aqui estão foram feitos de primeira não fico consertando uns poucos têm nova versão pouquíssimos afirmo sem medo o blog virou um caderno de anotações muito bom para quem pratica a arte de se jogar nas folhas em branco "teclusdigitus" melhor dizendo e vivendo vivendo escrevendo escrevendo vou vendo vendo o caminho

Dentes

sério sério
não rio não quero não espero por seu retorno um sorriso insosso
sem carne sem ombro não preciso não me submeto só para fingir que tenho dentes me espreitando esperando a hora de me acordar

Privada

Um arrazoado
é um monte de palavras em atraso
com aqueles sentimentos que já foram gastos
jogados na privada dos meus olhos
eriçados por tantas recordações

A deus

...e...
se aproxima o momento em que terei que dizer adeus...
adeus adeus adeus adeus adeus adeus
há Deus?

hipos

hipótese hipófise hipoglicemia hipocrisia hipoteca hipopótamo hipocondria

quarta-feira, 6 de abril de 2011

céu-constelação

essencial
o silêncio, terra adubada

letras, chuva

o talo da flor são palavras sendo germinadas

entre o nada e o som

entre o espaço e a intenção


um jardim é o reflexo de uma relação

céu-constelação

fósforos

todo dias ouço a voz
se é a voz da razão
não sei
a primeira frase dos meus poemas vem da voz rouca de dentro da minha cabeça saem estrelas e o céu espalha azul nos meus olhos acendo os dedos como fósforo e ponho a tela para brilhar

Vértice

ponto de encontro entre razão, emoção e pretensão

(escrever)

intuição

sinceramente
não creio em técnicas de aproximação
com o leitor
acredito
que todos temos uma melodia interna que nos impõe escrever do único jeito que poderíamos escrever os que tentam escrever de modo diverso não conseguem agradar ao leitor e os que conseguem na maioria das vezes não conseguem explicar porque conseguem daquele jeito

escrever é para mim basicamente intuição

sucrilhos

não entendo de me perder em espaços infinitos não entendo de me acostumar com travesseiros usados carros poluídos...
entendo de mim
me entender me basta
basta o sacrifício de me levar para passear todo dia
cear comigo comendo os mesmos sucrilhos pães com manteiga requentados
esquentado por sonhos da padaria da esquina...
uma esquina já é uma solução para a viagem de dormir

Deletério

hálito de primavera
mostrando as flores escondidas
dentro do peito deletério
porque exposto
disposto em transformar esgoto em osso para a construção de um sonho

tamanho

intestinos

afogo-me em lágrimas
criadas por linguagem exata
homilia
humilhado
paro para pensar em tudo o que me fez errar
e os erros são necessidades estrangeiras
precisam aprender a falar nosso idioma
para serem digeridos
entendidos nos intestinos

Céu

"...quis amar o infinito como um corpo."
escopo de um fragmento que se encerra

num sopro de ideia absurda

de possuí-la, estratosfera

de vê-la inteira nos meus braços sincera

serio das responsabilidades advindas de ser seu

(céu)

terça-feira, 5 de abril de 2011

Poesia

"indecisão
entre um conceito e um som"

findo

conceito de um som não dito

minto em letras

cheiro de certezas

invenção

segunda-feira, 4 de abril de 2011

monólogos

...atuamos por monólogos com tanta tecnologia orkut facebook msn e-mail desaprendemos sobre o poder da confissão desaprendemos em confiar no olhar próximo à nossa respiração

Muro

esse medo nos seus olhos são estranhos remorsos pensamentos e sentimentos obscuros não se curam sem seu próprio perdão (muro interno) simétrico com a vontade de expansão

choque

sorte sendo Deus Deus sendo tosse tosse sendo choque choque sendo morte

domingo, 3 de abril de 2011

Homilia

humildade
é saber
que o corpo é uma prisão
que o sonho é pretensão
que um corte é uma lição
que a morte é ilusão

Pio

acredito
piamente
que Deus existe
para nos deixar evoluir

pretender
é começar a conseguir

Explosão

sorte
nascer forte
receber atenção
alimentação
mínimo de inteligência
esforço máximo
sorte é ter explosão

Credos e Cruzes

acredita em sorte acredita em Deus
acredita em sorte acredita em Deus
acredita em genótipo acredita em Deus
acredita em genótipo acredita em Deus
acredita em fé acredita em Deus
acredita em fé acredita em Deus
acredita em trabalho acredita no Diabo?
acredita em fenótipo acredita no Diabo?
acredita em querer acredita no Diabo?

Sem fé

pedra
polida
estátua
sofrida
olhando a tela em branco
o branco ofende os olhos
em pranto
sangrando
tanto tonto
tento tudo tato passado teto futuro tudo e tudo é em vão tão só tão dó sem ré sem fé em mim

Gentil(sutil)eza

num mundo
onde pessoas matam por qualquer motivo
um homem que pregava o amor só podia ser tido como louco


(ou poeta)

MARISA MONTE, poeta

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca

Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza

Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta

FRANK ZAPPA

vi num documentário Frank Zappa fazia música para ele e eu faço poemas para mim na verdade são partes do meu corpo são fios são esgostos desgostos sendo mostrados arde e por isso é arte

Juventude

prisão num corpo
a velhice prova isso
enquanto novos desconhecemos o sufoco o oco do toco não nos atinge
enquanto novos há a vertigem da juventude tudo podemos tudo criaremos tudo tudo é nosso não há derrotas é essa sensação de vitória a verdadeira ilusão da vida

sábado, 2 de abril de 2011

O milagre

importante
não é a cor das asas da borboleta
importante é ter ocorrido o milagre da transformação
e
ter a ex-lagarta tido a coragem (instinto?) de alçar voo

rabisco

quando ao nos olharmos
identificamos alguns pontos em comum
tudo vira
de cinza a azul
de seco a cachoeira sentimento
cheio de veio de ouro de uma pedra comum que inventamos como joia rara clara
sul decisão de rabiscar em cor o branco de nossa dor

Bossa

...falamos somente sobre nós mesmos
mas
nós poetas
não somos egocêntricos
somos
humanocêntricos
a humanidade nossa é que nos seduz

Os outros

escritores
escrevem sobre os outros
poetas
escrevemos
somente sobre nossos sentimentos
(com Pessoa
admito
os outros não existem...)

Portuguesa

olhos como a terra
de azul
profundo
na certeza da vitória que ainda não veio
esteio do mundo
próprio sem remorso
como se todos fóssemos
(e somos)
seus súditos
princesa, atual
futura autoritária rainha
que ensina a força de um temperamento

HAMLET

cabelos crescem
unhas crescem
por que diminuo?
toda vez que não faço incluo em mim um distúrbio
fundo querer
esperando algo acontecer
como? se não saio da cadeira
sério
pareço aquela caveira daquele cara que não saber ser

dizerteamo

às vezes escrever
é mais fácil
falar
é soltar lágrimas
prisioneiras de um passado
carregado de falhas
às vezes prefiro te mostrar depois de escrever
sinto
mais é assim para mim
funciona desse jeito
meu jeito de dizer te amar é te abraçar e contar a última encrenca falar do próximo show te contar meu projeto de vida deixando transparecer que juntos iremos muitas vezes nos encontrar até para brigar é um jeito estranho eu sei mais foi o jeito que encontrei de dizerteamo de um modo próprio...
...eu sei para mim você está sempre aberta ao diálogo...

Um Drummond (modificado)

eu queria ser azul

para lhe dar o mundo

sendo um blues

te daria todo o sentimento dele -- o mundo

(um Drummond profundo)

todo o meu tudo seria seu

no fundo do poço as moedas seriam nossos sorrisos

crianças crescidas

adultas feridas

cicatrizando ao pôr-do-sol

avermelhados de esperança

(doce suco de fundo)

Bastão

...o que significa tudo isso?
sei lá
não faço para significar
significantes
significados
deixo para os professores
para os críticos não-autores
explicarem doutores que são em julgar
apenas faço
para mim me basta

NANDO REIS, poeta

Ainda lembro o que passou

Eu, você, em qualquer lugar
Dizendo:
"Aonde você for eu vou"
Oh! Oh!...

E quando eu perguntei
Ouvi você dizer
Que eu era tudo
O que você sempre quis
Mesmo triste eu tava feliz
E acabei acreditando
Em ilusões...

Eu nem pensava em ter
Que esquecer você
Agora vem você dizer:
"Amor, eu errei com você
E só assim pude entender
Que o grande mal que eu fiz
Foi a mim mesmo"...
Uh! Uh! Uh!...

Vem você dizer:
"Amor, eu não pude evitar"
E eu te dizendo:
"Liga o som, uh! uh! uh!
E apaga a luz"
Uh! Uh! Uh! Uh!...

Advérbio

(de um amigo católico)

Você continua fazendo aquelas...

orações?!

(e eu)

continuo...

(orações de quem não acredita nisso)

ANDY

(desculpem, deve ser a idade...)

não tenho ouvidos para besteira

o novo namorado da atriz velha
a nova opinião do ministro novo
saber que a presidente gosta de ser chamada presidenta
saber que a Xuxa fez sessenta
ter que aturar a nova banda de quinze

quinze minutos de fama

O touro

desafio-te a me desafiar todo dia desafio-me e o fio da navalha já a mim me pertence figura de retórica fatos da história tudo ou nada sempre olho a tela em branco como um touro prestes a me atacar desafio-te a me desafiar

Cristais

a luminosidade do sol fere minha falta de preparo para o brilho
insisto em ficar na sombra
luz demais faz mal às minhas retinas

cristalinas em não querer arriscar ver o tamanho da sombra minha

Pretensão

pretensão
é que os idiotas chamam de sonho

o único sonho que conheço é o de padaria
o resto,
tudo que queremos deve ser examinado, planejado, estudado e trabalhado

Nuca

...esse resto de gosto na boca
esse perfume que me agarra e derruba
esse cabelo
essa nuca
nunca fuja
nunca fuja...

A cereja

...para encerrar
poesia é apenas a cereja do bolo
mas
é a cereja que nos faz lembrar do bolo todo...

facebookeanos

...aquele cara que achava que todos eram muito legais facebookeanos já não mais existe triste? triste! mas sigo em frente com a determinação de quem sabe que descobriu um dom e por isso tem a responsabilidade de mostrá-lo ficar famoso? nunca passou nem passa pela minha cabeça apenas quero que meu trabalho poético seja reconhecido por ter sentimento de que ele é relevante

Pêra, uva ou maçã

há se soubessem que escrever é uma vida
há se soubessem que tudo vale a pena mesmo a alma sendo pequena
(se é que existe alma penso mais em eletricidade uma coisa mais biofísica)
há se soubessem que escrever é como brincar de capa e espada, de pique-esconde, de amarelinha ou...
de pêra, uva ou maçã

Falante

pode ter certeza

todo escritor é falante

alguns escondem e outros também escrevem pelos cotovelos

Vocal

o que todos os calados adoram é o silêncio
estado
que prejudica minhas cordas vocais
nasceram acessas
vermelhas de tanto gritar por palavras que formam uma vida

escrita

Cálice

o tempo é uma rotina
machuca
impede utopias
cisma de me levar às ranhaduras da vida
cisma em me impedir de sonhar
pretendo tanta coisa e tanta coisa será esquecida
velas numa praia desértica
não têm como sobreviver acessas
acendo um cálice de vinho e me arrependo de não ter podido começar um pouco antes

Espertos

...difícil acordar
e não ter o que dizer...
o que dizer
para quem não tem
teto
amigos por perto?
como se dirigir a alguém que não pode amar por não ter tempo para respirar procurando facilidades onde só há iniquidade?
dizem que o mundo é dos espertos
mas
quem são os espertos
aqueles que mandam e desmandam na economia na política nas nossas vidas
mesquinhas?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Disfarces

crianças brincam de ter uma vida adulta
são pais filhos médicos professores adultos brincamos de sonhar
de cavalheiro dama dálmatas mas brincamos disfarçadamente sem coragem de convidar os amigos para a próxima rodada (da vida)

Salva

para cada cem que acham alguma coisa de algo
um quiça terá coragem de tentar
para cada mil olhos um piscará algo que não seja lágrima
para cada cinco mil cadetes um se salvará da salva de palmas

o mantra

(isso é um mantra)
não espere nada de ninguém expectativas são como um vintém de nada valem vale ouro sua nossa coragem de tentar siga em frente que atrás sempre virão os com as críticas

Lado de fora

...ouvimos dizer que o mal desejado volta...
não volta porque nunca saiu
tudo que desejamos está em nós
todos nossos sentimentos
nos salvam ou demonizam
tudo que acreditamos
nos ofende ou agasalha
toda inveja atrapalha
o próximo passo
pois
estamos olhando para o lado errado

Um Drummond

eu queria ser azul
para lhe dar o mundo
sendo um blues
te daria todo o sentimento do mundo
(um Drummond profundo)
todo o meu tudo seria seu
no fundo do poço as moedas seriam nossos sorrisos
crianças crescidas
adultas feridas
cicatrizando ao pôr-do-sol
avermelhado de esperança
(doce suco)