quarta-feira, 30 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 30 de setembro de 2015 -- labirinto azul

labirinto azul

A Terra é azul
O todo é azul
O nada é escuro?
Como meus olhos negros surdos?
As matas sãs são verdes e o incêndio inventa novas cores
A fumaça cega e aquece a terra e o aterro claro fica raro
Sempre vejo como os pássaros voam e cantam num canto cada vez mais espremido pelos edifícios o que me salva é a areia da praia e mesmo a água infectada colore a manhã

Não sei para onde vou mas continuo como quando o mundo acabou para meu irmão e minha mãe o mundo sempre acaba e sempre acabará para quem morre por isso prefiro pensar no topo do céu azul pintado inventado por mim para mim e que perto do fim continuará azul sim!

terça-feira, 29 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 29 de setembro de 2015 -- BIRDMAN

BIRDMAN

Foda,
Não é abrir as asas
E alcançar o mundo com as mãos pela
Ilusão de controlar o tempo, no momento do show,
Sendo o senhor supremo do (meu) universo.
Foda,
É ter de fechar as asas e encarar a rotina cinza do mundo real

Com curiosidade sociológica para saber até que ponto as pessoas mentem para si e sorriem!

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 28 de setembro de 2015 -- caubóis

caubóis

Efetivamente os realistas têm a capacidade de ver a realidade?
O que é real quando estou sentindo fome?
Um nome um ventre um sobrenome?
Quantos de nós não gostamos de nos iludir e achamos que estamos fazendo aquilo que queremos que de fato nos foi empurrado goela abaixo pela propaganda esperta e viril?
Lembram do caubói do cigarro?

Morreu de câncer sozinho e abismado com o tamanho a cor e o cheiro de sua solidão... 

domingo, 27 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 27 de setembro de 2015 -- tardes febris

tardes febris


...e acaba que o dito artista plástico cospe na tela vontade de se comunicar escolhe cores que alegrem seu pesado estar nesse mundo cinza da vida real que acaba com qualquer ilusão quando todo dia anuncia: a nova guerra a nova política monetária a nova modelo milhardária vida real que adora gente com pouco talento que precisa ser ajudada nos programas televisivos das tardes solitárias de nossa pobre existência febril

sábado, 26 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 26 de setembro de 2015 -- Sorrysos II

Sorrysos II

A Jorge Plácido, 75 anos

Pai,
Todo ano faço um poema que você não lê
Eu entendo e queria lhe dizer
Que também sofro por todos os momentos que não temos com quem nos deixou
Finjo não sentir na sua presença tento disfarçar mas as lágrimas acabam virando palavras
As quais transformo em asas

Para da ilusão sorrirmos um pouco um para o outro 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 25 de setembro de 2015 -- Passádos

Passádos

A vida real não passa
VOA
E como esquecemos que fomos pássaros
Esquecemos de acompanhar seu ritmo
Desdenhamos da vontade que intuímos de voar
E ficamos a olhar o chão

Com medo da ilusão...

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 24 de setembro de 2015 -- alma

alma

A Naná Rossi

Às vezes as palavras não têm sentido
Somente um abraço pode minimizar a falta
Mas de longe
Só posso desejar um desejo
Que tudo se acalme na sua alma
Saiba todos iremos e nos encontraremos no amor
Nesse momento apenas rezemos por calma
Porque depois é só saudade
Saudade que cansa o corpo e nos deixa sem sorrisos

Um pouco cinza vivemos a vida saboreando de mãos dadas nossas desilusões

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 23 de setembro de 2015 -- artifício

artifício

a arte é o registro da emoção
e só há emoção com movimento
(ninguém ri de olhos vidrados,
ninguém chora com lábios parados)
só há emoção com movimento
de olhos de corpos de
sofrimento:
desejo do que não consigo
expresso pelo estranho movimento

que em mim é arte

terça-feira, 22 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 22 de setembro de 2015 -- ciclistas

ciclistas

uma bicicleta sombreando a lua
lembra o ET
aquele animalzinho de olhos grandes e que tocava o dedo na nossa ilusão
de crianças que queremos acreditar em algo que venha dos céus
em algo que nos acalme dessa vida cansada

de pedaladas e de animais estranhos (a que chamamos humanos)

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 21 de setembro de 2015 -- compositores

compositores

A Fábio e Alessandra Coelho

sim
o mar
(O mar quando quebra na praia é bonito é bonito...)
também salga o amor
no barulho das ondas há
olhos sorrindo
bocas brilhando
dois amores com calor
impulsionando vidas
impressionando os ventos
alísios
alívio ver
dois amigos sendo
um
navegar

(Navegar é preciso viver não é preciso...)

domingo, 20 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 20 de setembro de 2015 -- Deus e o diabo

Deus e o diabo

Não crer
É para poucos
E não porque seja uma vantagem
Pois na verdade
Não crer em nada
É ter de resolver tudo
Ser o mundo
Deus e o diabo
Terra do sol
Ser
Glauber
Caetano
Gil
Sarney
Se fazer em mil pedaços de homens e
Ter de trabalhar como mil pedaços de homens
Amar como mil pedaços de homens
Sofrer como mil pedaços de homens
Sem saber como mil pedaços de homens

Chegarão a ser mil homens 

sábado, 19 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 19 de setembro de 2015 -- Pedras, lago e vento

Pedras, lago e vento

A vida é definida pelo movimento

A pedra é pedra porque está parada
Quando em movimento é agressão
Ou brincadeira de criança num lago

O lago parado é depósito de mosquitos
Sendo nadado é alegria de braços
Que parados são tristeza (ninguém dança em silêncio)

Qual pássaros nascemos para nos agitar
Parados somos árvores
Esperando a queda
(Apenas árvores esperando a queda...
Com medo do som das serras, gritos intuídos trazidos pelo vento...)

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 18 de setembro de 2015 -- diabólica

diabólica

O diabo não é mau porque é o diabo
É mau porque é velho
A velhice vê o futuro
Cospe pretéritos
Vê cinzas nas árvores
Sente o cheiro das saudades
E arde como carvão
Por isso desacredita em qualquer obra
Principalmente numa que fale a verdade

Porque a velhice não precisa mais da verdade porque ela já sabe que a  verdade é o fim

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 17 de setembro de 2015 -- dedo babado



Antes da lágrima
Cuspo a palavra
Que define a direção

Antes da farpa
Cuspo a palavra
Lança de sensação

Antes que ouça asneiras
Vomito besteiras
Sobre Picasso Drummond

Antes da ressaca
Tomo ar contra a solidão

Antes que venham estou indo
Antes do latido o carinho
Afago esperto contra a mordida certa

Antes prevenido do que machucado
Antes do não um arranhão

Isso é a arte do meu jeito

Um cheiro de dedo babado impresso na tela

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 16 de setembro de 2015 -- duas mãos

duas mãos

A tristeza não cansa
O que cansa é a falta de esperança
(Essa nossa segunda pele...)
Se não acreditarmos tudo estará acabado
Precisamos acreditar em algo que nos dê paz
Que iniba nossa feia mania de avançar no que é do outro ser
Que está ali a rezar pedindo paciência, amor, dinheiro?
Precisamos de quase tudo que não é nosso?
Ócio criativo ódio do sorriso alheio?

(Precisamos urgentemente de sonhos, nossos, que preencham nossa Necessidade de ilusão

Precisamos insanamente de pelo menos mais duas mãos!)

terça-feira, 15 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 15 de setembro de 2015 -- brigadeiro


umameninacomummeninofezummeninoummeninocomumameninafezumoutromeninoosdoismeninossorriemparaomeninoquesorriparaameninanamesaumbrigadeirodámotivoatantaalegriaprabénsacáciamenina

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 14 de setembro de 2015 -- universo

universo

Gosto do gosto de Deus no rosto
Sinônimo de lágrimas
Depois letras palavras e orações
Poesia é a própria benção
Perdoar(-se) por ser humano e eterno

(porque único até morrer...)

domingo, 13 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 13 de setembro de 2015 -- sal e sexo

sal e sexo

Só será céu se silenciarmos.
Só será sal se sufocarmos.
Só será sólido se cimentarmos.

Só será sexo se universos.

sábado, 12 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 12 de setembro de 2015 -- fado-blues man

fado-blues man

Nenhum
Blues man
Brincava de cantar
(ninguém deve brincar com um dom que no fundo é responsabilidade)
Ninguém deve brincar de nada nessa vida que é única
E passa tão rápido e gasta tanto de nossos desejos e ilusões
Ninguém deve deixar de fazer nada
Tudo tem um motivo e deve ser sentido
Deve ter algum sentido
Para que vire uma canção

(na verdade faço fado-blues porque sou fascinado pelo cheiro da dor azul esperanço)

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 11 de setembro de 2015 -- soldados

soldados

Somos corpos ou destroços?
Somos ossos ou remorsos?
Somos azuis ou um blue?
Somos almas ou calma?
Somos sons ou símbolos?

Somos ridículos animais que matam!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

365 dias com poesia, 10 de setembro de 2015 -- Ontem ainda

Ontem ainda

Ouvindo Hier Encore, com e de Charles Aznavour

Desde os meus vinte anos
Acaricio o tempo
Faço amor com meus
Pensamentos da
Noite que voa
Que aspira projetos
Que inspira sexo
Seixos na praia da
Desilusão
Canção para amigos
Que partiram
Que partirão
Que nunca mais suspirarão

A emoção dos vinte anos (de esperanço)...

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Chagall -- Plácido, poema: P Á S S A R O

parecequehojeédaquelesdiasqueumatopadavirapoesia
emqueumgrãodepoeiradumaobramalfeitanaesquina
salvaumalágrimaemolhossecosdahipocrisiaquegrassa
queassaquegraçaasaessacoisaderimaremetransformar
de homem cansado em


P  Á  S  S  A  R  O

Chagall -- Plácido, poema: cavalo púrpura

cavalo púrpura

A Marc Chagall

Chagall sonha sonha
sonha buquês de flores que sustentam o amor
sonha a dor rosa sonha a cor que sustenta a dor fora do quadrado do quadro
(registra o sonho do sonho magnetizado)


Chagall foi é será  poeta que navega o sonho
Cavalo alado púrpura azul imaginado em dedos
densos tensos por
olhos de outrora do gueto sentimento

Chagall -- Plácido, poema: EQUINÓCIO

EQUINÓCIO


Noite igual, noite igual, noite igual...

Igual, igual, igual, igual igual, igual...

Aos meus sonhos que se foram

Aos seus sonhos que se foram, foram

Iguais a todos que estão aqui

Assustados e escuros
De olhos fechados para o mundo

Pensando saber sonhar
Pensando saber fazer algo...

Querendo nos esconder...?

No sax grito: SEREMOS ÚNICOS!
Quando aprendermos a sofrer
SEREMOS OS ÚNICOS a ver a mesma noite o mesmo dia

EQUINÓCIO de mãos dadas inventando o viver



Versão de EQUINOX, de John Coltrane.

Chagall -- Plácido, poema: Pés de ilusão

Pés de ilusão

Por que não dizer tudo?

Por que se esconder do mundo?

Por que esconder de mim e de você tudo

Tudo o que eu quero dizer é que

a ilusão só existe para os que acreditam em tudo o que querem acreditar


sorrio, pinto e bordo, choro, roço o ócio
sorrio, pinto e bordo, choro, roço o ócio

diversão é ilusão e vida, ilusão é diversão e cura ferida, dá vida

sorri e sinto, pinto e rimo, fixo em mim admiração



Versão de GIANT STEPS, de John Coltrane.

Chagall -- Plácido, poema: Folhas

Folhas


As folhas caem
suspiro lágrimas
verdes de maio
desmaiam palavras

As folhas caem
em tardes gris
eu soluçando
saudade-raiz

A solução:
viver de ilusão
rimar
perdão com amor
achar
um cheiro azul
na dor

O outono cai
verdade jaz
e eu esperando algo acontecer


Versão da música Autumn Leaves (“Les feuilles mortes” de Joseph Kosma e Jacques Prévert)

Chagall -- Plácido, poema: guepardo

Nunca houve não há não haverá
Registro mais triste
Signo anti-humilde severo senso de altivez
Talvez outro se equivalesse
Talvez
A raiva misturada à saliva gasta
Por horas e horas de sessões intermináveis de ilusão...
Nos seus olhos de guepardo
Algo está errado
Uma sensação de alto risco
Intenso ritmo rico cheiro de perigos
Quando fostes
Um buraco no jazz se abriu
Estás em paz?
A paz existe?
Com sua ausência todos estamos tristes...

A Eric Dolphy



guepardo 

Chagall -- Plácido, poema: mentol

mentol


se soubéssemos escutar com a emoção e não com os ouvidos
daríamos razão
àqueles que vivem de ilusão

aos que arranham os dedos
cativando pétalas da palavra
segredo
de agir sem pensar
no tamanho da alegria de errar
e do erro
produzir
sentimentos 

Chagall -- Plácido, poema: bossa nova

bossa nova

A Brigitte Bardot

O tempo na face traça rios
Fazendo das bochechas
Terra devastada
Raízes arrancadas de
Olhos de fado
O crime da velhice não é nossa culpa
Sue chore cuspa
Palavras d’amor
Enquanto mentimos
Sobre quase tudo
(Corpo imundo de dor)
Sentimos com você falta de ar ao nos olharmos no espelho
Ouvimos uma
Orquestra de flautas, bossa nova mal cantada
Mas viemos para continuar e continuaremos a te amar mesmo
Com velhos sentimentos

Velhos ressentimentos não são capazes de nos fazê-la esquecer

Chagall -- Plácido, poema; Azul-blues

Azul-blues

À memória de Carlos Frederico, Fé, Café, Fedo, Tetê, dezoito anos depois...

Cor fria
De sentido quente
Azul-blues
Sempre esteve presente
E sempre estará
Vivemos para nos emocionar
E não devemos abrir mão de quem somos
Gomos da árvore sentimentos
Folhas momentos verdes
Combinam com o nervoso sorriso amarelo de querer amar

Sem saber para onde olhar

Chagall -- Plácido, poema: Vida Rosa

Vida Rosa

Ouvindo La vie en rose com Piaf

Das noites de amor que vivemos
Ficou-me o cheiro de rosas
A vida é rosa
Quando te desejo inteira, aberta em pétalas
Rosa branca da roseira seus espinhos me marcaram me deixaram intenso com sabor de vento na boca rosa roxa branca lilás vermelha da cor da vergonha  que dizíamos sentir mas não sentimos mais
Sente-se e declame um poema d’amor
Prenda-me em seus braços e
Sussurre uma declaração cante uma canção
Que rime olhos de fado com mormaço
Faça uma oração que me instigue a ser melhor
Fale com a face pinte-me ocre
Inspire-me

Expire para mim o amor com cheiro de rosas da vida que levas em ti

Chagall -- Plácido, poema: Lugares-incomuns: abacaxi

Lugares-incomuns: abacaxi

Não se intimidar com o abacaxi (adversário)
Respeitar o abacaxi (adversário)
Abacaxi do peito (amigo)
Viver como se não houvesse abacaxi (amanhã)

Abacaxi de foro íntimo (assunto)

Chagall -- Plácido, poema: Hortelã

Hortelã

A Kandinsky

“Experimentar a si mesmo”
Experimentar-se a si mesmo
Dar fundamento às coisas simples da vida
Coisas simples da vida?
O que são?
Tudo é tudo são
Tudo tem gosto de experimentação?
Mentes minta pintas a pinta?
Sempre sentindo sempre existindo...
Sem experiências a vida não tem

Sabor (e dor e cor e calor e flor e...)

Chagall -- Plácido, poema: Sequência

Seqüência


Explosão

Dimensão

Transformação

Vegetação

Religião

Construção

Destruição



Solidão 

Chagall -- Plácido, poema: exercício

exercício

(arte)
“exercício experimental da liberdade”
Exercício do temperamento de ser criticado pela ânsia por liberdade
(Osso duro de roer
Ensinar o lobo mau a construir ao invés de soprar
Sexo na areia da praia imaginária, dois sendo um, uns sendo o mundo lúdico desenho do voo no escuro do pássaro
Renascido em olhos parecidos com sonhos de (im)possibilidade!)

Rima com arte intransferível gozo do prazer de saber-se preenchido de ilusão na construção do próprio mito clínico cínico

Chagall -- Plácido, poema: mundo invisível

mundo invisível

A Wladimir Kandinsky

O homem é aquele que sonha
Que deseja o mar para navegar seus pensamentos de conquista
Que deseja o céu para conquistar planetas que de longe cintilam

Que deseja as estrelas para brilhar com elas na escuridão da vida comum Imagens da realidade que queria enxergar com os sentidos para sentir o incrível o incrível do mundo invisível

Chagall -- Plácido, poema: Creio II

Creio II

Escrevo errado mas escrevo

Canto errado mas canto

Pinto errado mas pinto

Falo errado mas falo
Talvez por isso não seja escutado
Os educados adoram forma ao conteúdo
Pensam saber de tudo
Quando desconhecem a possibilidade de perceber na ingenuidade da ignorância a

Criatividade

Chagall -- Plácido, poema: menino lobo

menino lobo

Um menino sozinho não consegue perguntar qual é a cor do mar como são os soluços dos surdos chorando uma saudade...
Um menino sozinho não sabe a cor dos verdes duma floresta que já não mais existe e triste não tem a quem perguntar...
Um menino sozinho pode conhecer o mundo pelos olhos infantis sem se machucar?
Um menino é um mundo de imaginação ilusão que o aquece quando o dia anoitece... saberá entender a paixão do lobo pela lua?

Um menino tem que aprender a narrar poucas e boas histórias sem temer o barulho da floresta inventada e do sorriso tênue que desenhou na pedra fazer o mundo valer a pena

Chagall -- Plácido, poema: A bola e o cão

A bola e o cão

Bonito
O cachorro latindo brincando de bola com o menino
Seguindo

A vida separa os dois
O cão morre antes
O menino...

Todos perdemos quem somos?
Pelo crescimento?

Olhamos o mundo de forma diferente depois das primeiras ausências
Mas
Seguimos sentindo falta das simples brincadeiras
Da bola e do cão?
Seguimos...
Seguimos...

Às vezes apenas seguimos sem emoção...

(e nem uma rima é solução...)

Chagall -- Plácido, poema: Sementes

Sementes

Um pássaro voa
Por instinto
Seu corpo não lhe pertence
É usado pela natureza para procriar e espalhar sementes...
E
Nós humanos

Quanto(s) suamos para destruir outros voos?

Chagall -- Plácido, poema: (Des) humanos

(Des) humanos

O mesmo tempo
Em que rio de você você chora por mim?
Tempo seguindo o ritmo dos ponteiros
Que apontam chegadas e partidas
Que arrulham lágrimas de tristeza ou de alegria
Que são só instrumentos dum relógio cruel que não para para nada nem para Ninguém
Esse relógio invisível impede sonhos impede realizações
Ás vezes leva quem deveria ficar e deixa tolos bêbados de sono...
Cruel é a vida que não ensina nada sobre despedidas e que aprendemos na marra
Chorando pelas ruas fingindo que estamos alérgicos à fumaça dos carros Insanos
Que passam correndo sem pensar como quase todos nós

(Des)humanos!

Chagall -- Plácido, poema: milagre

milagre

...e se fossemos príncipes do absurdo não precisaríamos chorar?
Nem caminhar de braços dados com o desespero?
Se pudéssemos inventar uma canção a cantaríamos?
Abriríamos mão da solidão para enxergar outros olhos gulosos?

Se desejássemos não morrer faríamos algo diferente de ficar esperando por um milagre que não sabemos quando, onde ou de quem vem?

Chagall -- Plácido, poema: estopim

estopim

Os jovens já sabem
Não querem escutar para aprender
E eu
Que levei dez anos burilando sem saber
A primeira frase do meu primeiro poema
Que precisou de tanta saudade para ter força para aparecer

Continuo esperando por...