terça-feira, 31 de maio de 2016

366 dias com poesia, 31 de maio de 2016 -- tempo indefinido

tempo indefinido

Dum comentário no facebook surtiu um poema

tempo indefinido...
lugar onde mora a arte
por saudade desenho de mãos dadas
presente passado futuro
furo no estômago da dor
que só vai parar de doer
quando nascer a obra
a obra de arte tão
desejada desenhada desdenhada...
(céu de estrelas refletido nas mãos...pura ilusão)


Jeannette Priolli e Marco Plácido

segunda-feira, 30 de maio de 2016

366 dias com poesia, 30 de maio de 2016 -- ...Deus também

...Deus também

Deus existe

é
nossa crença
no futuro

O Diabo existe
está em nós
é
nossa consciência
no escuro


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

domingo, 29 de maio de 2016

366 dias com poesia, 29 de maio de 2016 -- HERANÇA

HERANÇA

A chuva
descobre a semente
Imaginando
a árvore que vai nascer
Continua chorando
na esperança
(herança)
De ver uma floresta
Florescer
Ali bem debaixo das suas águas
Fartas de não saber


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

sábado, 28 de maio de 2016

366 dias com poesia, 28 de maio de 2016 -- FUTURA

FUTURA

Me aquece pensar
Que a lembrança tua
Pode me emocionar
Me aquece pensar
Que a esperança
Nua e crua
Possa me fazer continuar
Me aquece
Ter a esperança fruta
Do suco que irá me alimentar
Me aquece
Ter a lembrança bruta
Do sentimento
Que me fará transformar
Minha presente vida
Em futura...


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

366 dias com poesia, 27 de maio de 2016 -- IMAGENS REFLEXAS

IMAGENS REFLEXAS

Imagens, que amam
Dilemas, que amam
Poemas, que amam
Palavras, que amam
Conceitos, que amam
Pensamentos, que amam
Ideias, que amam

Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

366 dias com poesia, 26 de maio de 2016 -- MATA

MATA

Não sou
nem quero ser nada
Não sou nem quero ser guarda
Minha natureza bastarda
Não se adapta
à consideração
não sou
nem quero ser mata
Aguardente de faca
da solidão


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

366 dias com poesia, 25 de maio de 2016 -- AS MARÉS

AS MARÉS

Vendo uma obra de Jeannette Priolli

as marés de cinco dedos
pegando usurpando
o olho da razão
com que olho olho meus desejos?
sempre cedo sempre cedo
aos encantos do seu arremedo
de paixão
névoas azuis em profusão
pingando arrependimento...

e o pendulo do tempo massacrando nossos firmamentos... 

terça-feira, 24 de maio de 2016

366 dias com poesia, 24 de maio de 2016 -- SOLUÇO

SOLUÇO

mancha de estopa
paladar de boca
perfume de pescoço
estrume de fosso
gota de poço
define a direção...

poema do poeta...
soluço da solução


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Giacometti, percepção não linear do tempo, por Véronique Wiesinger

Pelo que se pode julgar a partir de sua correspondência, notas e escritos, publicados ou não, Giacometti tinha naturalmente, em razão de suas faculdades memoriais, uma percepção não linear do tempo, bastante inusual no Ocidente.

Desde criança, rostos, paisagens, gestos, vozes que conhecera em diversos momentos do passado podiam ressurgir e existir simultaneamente em torno dele no espaço do presente, uma experiência que o "enchia de êxtase".

Para ele, o tempo podia tornar-se espaço, como na revelação que tem em 1946, e que publica na revista Labyrinthe, de Genebra:"De repente, tive a sensação de que todos esses acontecimentos existiam concomitantemente à minha volta. O tempo tornava-se horizontal e circular, também era espaço e tentei desenhá-lo".

Giacometti, sobre escultura

Jamais uma escultura destrona outra. Uma escultura não é um objeto, ela é uma interrogação, uma questão, uma resposta. Ela não pode ser acabada nem perfeita. A questão nem sequer se coloca. Para Michelangelo, com a Pietà Rondani, sua última escultura, tudo recomeça. E durante milhares de anos Michelangelo poderia ter continuado esculpindo Pietàs sem se repetir, sem voltar atrás, sem nunca terminar nada, indo cada vez mais longe. Rodina também. Um carro, uma máquina quebrada vira ferro-velho. Uma escultura caldeia partida em quatro cria quatro esculturas, e cada parte vale pelo todo, e o todo como cada parte é sempre virulento e atual.

366 dias com poesia, 23 de maio de 2016 -- ENQUANTO...

ENQUANTO...

Enquanto houver sentimento
Enquanto houver nobres momentos
Enquanto houver credo
Enquanto houver amigos por perto...
Enquanto houver olhos abertos...


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

domingo, 22 de maio de 2016

366 dias com poesia, 22 de maio de 2016 -- MOFO

MOFO

só sei céu indiferença em entender inferno certo credo convence cidadãos muito melhor medo mesmo sendo super sincero espero experiências especiais empurrando-me em espirais para poder perecer pendendo pelas palavras pátria patas patacas infinitos escritos insignificantes enquanto moto mofo morto

Do livro Rascunhos Poéticos, 2012

sábado, 21 de maio de 2016

366 dias com poesia, 21 de maio de 2016 -- CHAMA

CHAMA

Do cuspe
Eu quero a água
Do sangue
A vermelhidão
Do escuro
quero o medo
da lágrima
o segredo
de tudo quero um pouco
tudo em mim começará
no instante
em que me faço fogo
no instante
em que nossa ardência em mim
chama


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

366 dias com poesia, 20 de maio de 2016 -- peix’olhos

peix’olhos

Vendo uma obra de Jeannette Priolli

peix'olhos nuveiam a sereia
que se assusta ao acordar
com tão doce olhar
abre a cortina da vida a navegar sonhos
somos sementes azuis no entorno? ou
somos pálpebras a nos fechar?
onde queremos estar
na arte de viver

na arte de amar?

quinta-feira, 19 de maio de 2016

366 dias com poesia, 19 de maio de 2016 -- DE VACAS

DE VACAS

Faço tudo
Pela rima
Quintana de pijama
Iria gostar
De ver passarinhos se rindo
Do palhaço
Oswald
De Mário
Tiraria do armário um belo exemplar
Dos Lusíadas
Para Drummond
Se espremer ao ler
Voz macia e fina
Bela melodia
Cabralina
Só para a rima
Thiago
Mestre da tela em branco
Declamando
Declamando
Amando o vento
Arvoredo
Whitman
Sem truques
Sem muques
Como Hemingway
Gosto mais de vacas do que de touros


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

366 dias com poesia, 18 de maio de 2016 -- Conceitos poéticos

Conceitos poéticos

força interior
mania de acreditar no sol
mania de namorar a lua


amizade
confiança em outros olhos
não ter medo de carregar as malas
com uma das mãos


amor
ver você no outro
ver ouro na outra pessoa


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

terça-feira, 17 de maio de 2016

366 dias com poesia, 17 de maio de 2016 -- BALANÇO

BALANÇO

No balanço
Que vejo da janela
do meu quarto
Tem pousada
Uma pomba
Que não sei
donde veio
Será da paz?
Ou no meio
disso tudo
que vivemos
Nem as pombas
são mais de paz?


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Giovanni Giacometti, pai de Alberto, sobre pintura

Aqui em volta tudo é luz, luminosidade e brancura como nenhuma imaginação poderia criar. Restituir a luz é restituir a vida. A luz sempre foi a fonte do meu entusiasmo. O que busquei nos meus quadros não foi uma harmonia de cores mais ou menos decorativa e de bom gosto. A cor deve engendrar luz, forma e vida. Foi nessa direção que me empenhei.

366 dias com poesia, 16 de maio de 2016 -- TARTARUGA

TARTARUGA

Len-to
Va-ga-ro-so
Tu-do bem de-va-gar
A pou-ca ve-lo-ci-da-de dá a sen-sa-ção de que tu-do es-tá sob con-tro-le


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

domingo, 15 de maio de 2016

Giacometti, conselho recebido de seu pai, Giovanni, sobre a destruição de trabalhos

Conheço os períodos de abatimento e de descontentamento, que são talvez os mais fecundos para os estudos. Parece que nada dá certo, vemos dificuldades intransponíveis e um belo dia, de repente, a gente se dá conta dos progressos realizados, de ter atingido um outro degrau dessa escada interminável, no alto da qual está erigida a perfeição mas nunca a alcançamos.

Assim é a arte, como uma fada Morgana que se furta sempre ao olhar e se afasta. É claro que não devemos nos satisfazer facilmente, nem ter medo de destruir para refazer, mas como não podemos alcançar o alto de uma montanha numa única caminhada, e sim subindo de etapa em etapa, não podemos atingir a perfeição ou a relativa perfeição à qual aspiramos numa única obra. Assim, creio que quando obtemos algumas qualidades substanciais num estudo convém às vezes conservá-lo com suas qualidades, e recomeçar outro para levá-lo mais adiante, baseando-nos na experiência adquirida. Certos estudos servem também como balizas de comparação.

Giacometti,reflexão sobre a memória recebida de seu pai, Giovanni

A lembrança suscita na imaginação uma visão poética que em seguida se perde diante da realidade. A lembrança é poesia e a poesia não é mais do que lembrança.

366 dias com poesia, 15 de maio de 2016 -- Bernardo

Bernardo

entre os vários motivos provavelmente o mais importante foi o que ainda não escrevi sobre quando via o sofrimento do meu sobrinho Bernardo cedo afastado do convívio de parte da família que ficou no Brasil dizia à minha cunhada que o menino seria poeta parece-me agora uma previsão ainda correta pelos motivos que apresentara a ela só que aqueles motivos também me diziam respeito e quando hoje lembrei do Bê e seu olhar de fado tenho o momento exato em que tudo começou


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

sábado, 14 de maio de 2016

366 dias com poesia, 14 de maio de 2016 -- REALCE

REALCE

Aqui
Não é o espaço
Para se negar nada
Na vida existe
A fruta
E
também a espingarda
aqui
realço o belo
para o desfrute do realce
e o alce continua a ser morto
pelo caçador desalmado
mas
apesar de tudo
há poesia
no instante em que o filho do caçador
nega a caça


aqui
há poesia
há caça
E

há a espingarda

sexta-feira, 13 de maio de 2016

quinta-feira, 12 de maio de 2016

366 dias com poesia, 12 de maio de 2016 -- TRANSFORMAÇÃO

TRANSFORMAÇÃO

Lagartas
Não deveríamos
nos preocupar
em dar opinião
Deveríamos
nos importar
Com nossa própria
transformação...


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

366 dias com poesia, 11 de maio de 2016 -- ÁRVORE-DOR

ÁRVORE-DOR

De brincadeira
Fiz versos de amor
Na cumeeira
De brincadeira
Fiz cestas da cor
Verde da trepadeira
Sem brincadeira
Fiz versos da cor
Azul da cachoeira
Sem brincadeira
Fiz cestas da árvore-dor
De uma vida inteira...


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

terça-feira, 10 de maio de 2016

366 dias com poesia, 10 de maio de 2016 -- viagem

viagem

À memória de Bertha Plácido

Amo Paris sem conhecê-la
Bem
Não sei explicar
Talvez seja toda a história que está impregnada em suas pontes
Talvez sejam suas luzes à noite
Talvez seja a tristeza que sinto e que sinto sinto muito em Paris
Talvez seja porque quero amá-la
Como se ela preenchesse uma saudade que carrego comigo das pessoas que se foram mas que estão aqui dentro
Lá na cidade luz eu tenho coragem de com ela caminhar de mãos dadas

Lá, longe de toda luta, consigo o tempo necessário para respirar minhas tristezas e não tê-la apenas como paisagem

segunda-feira, 9 de maio de 2016

366 dias com poesia, 09 de maio de 2016 -- Estrelas

Estrelas

A Jeannette Priolli

pinturas
que são contenção
desenhos
que são pura emoção
sal e idade: SAUDADE
riscos
que não são rabiscos
porque definem a direção
sobras
que não são partes
porque: INTENÇÃO!
amor
perro vermelho solidão
sim, seus olhos são: ESTRELAS


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

domingo, 8 de maio de 2016

Giacometti, Paris sans fin, 1969

Paris reduzida para mim agora a tentar compreender um pouco a raiz de um nariz na escultura; sinto todo o espaço de fora à minha volta, as ruas, o céu, vejo-me caminhando em outros bairros, um pouco por toda parte, minha pasta debaixo do braço, parando, desenhando.

366 dias com poesia, 08 de maio de 2016 -- rei e rainha

Hoje eu só quero chorar
Não há tempo para gastar palavras
Mas quero dizer
Ainda te amar
(Como se pudesse deixar de te amar)
Sinto falta até de nossas brigas
Poucas mas boas
Onde exercíamos o direito de errar
Olhares furiosos mas intensos
Como somos
Como fomos um dia
Se me excedi foi por amor
A quem sou
A quem você foi

Um dia fui só seu e fui rei

À memória de Bertha Plácido


rei e rainha

366 dias com poesia, 08 de maio de 2016 -- enquanto nos queimamos

enquanto nos queimamos

A Angélica Plácido

quando minha mãe se foi
foi ao seu lado que chorei e chorei e chorei
te cansei de me agarrar e te espremer em abraços desesperados
não entendia como ainda não entendo essa saudade de amor
mas o amor é sentido e ainda corre em lágrimas
sempre do seu lado
me sinto mais forte e finjo ser forte para te proteger para você poder me proteger
e na luz fazemos sombra um para o outro
então ficamos juntos nos queimando cada hora dum lado
e trocamos olhares e continuamos vivendo mesmo queimados
e às vezes faz frio
e aí nos aquecemos...


(esse poema é para dizer o quanto te amo)

sábado, 7 de maio de 2016

366 dias com poesia, 07 de maio de 2016 -- AS BALEIAS

AS BALEIAS

Um cacho
Que não liga para as bananas...
Um padre
Que gosta de boate...
Uma drag que não tem realeza...
Uma sapata
Que anda de sandália
E unhas pintadas...
Um poeta careta...

POR FAVOR!
Salvem as baleias!

Do livro Rascunhos Poéticos, 2012

sexta-feira, 6 de maio de 2016

366 dias com poesia, 06 de maio de 2016 -- NA MENTE

NA MENTE

imediatamente pico
insistentemente fico
angustiadamente resisto
alucinadamente antecipo
acaloradamente modifico
satisfatoriamente minto
momentaneamente melindro
simplesmente espirro
vagarosamente erudito
finalmente escrito
deliberadamente fino
politicamente sorrio


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

366 dias com poesia, 05 de maio de 2016 -- Fotos

Fotos

Fotos
não espelham quem somos
Fotos
não brilham como nossos olhos
Fotos
não identificam nosso jeito
Fotos
destacam nossos defeitos
Fotos
não nos permitem sonhar
Fotos
não se escondem para chorar...


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

366 dias com poesia, 04 de maio de 2016 -- Quiromancia

Quiromancia

Um índio olha
uma estrela cadente e não sabe explicar mas entende...
um garoto olha
um crime na esquina e não sabe explicar mas entende...
um poeta faz
um poema e não sabe explicar mas entende...
entende
que alguém mesmo sem entender
sentirá


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

terça-feira, 3 de maio de 2016

366 dias com poesia, 03 de maio de 2016 -- FAGULHA

FAGULHA

Entre pedras
Da batida
Nasce a faísca
Da faísca
O mato seco dá a luz ao fogo
A fogueira queima tudo o todo de mata
A fogueira mata
A mata não respira
O ar não se espalha
Esquecendo da fagulha
Que nua
Não aquece as pedras
Desse poema


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

domingo, 1 de maio de 2016

366 dias com poesia, 01 de maio de 2016 -- BALÕES

BALÕES

...Aquilo
Que todos sabem...
O óbvio
Aquilo que roça nossos narizes
Tropeço em raízes
Crianças olhando balões subirem
Descobrindo o gás hélio
Sério
É por isso que faço poemas...


Do livro Rascunhos Poéticos, 2012.