segunda-feira, 30 de junho de 2014

365 dias com poesia, 30 de junho de 2014 -- confusão



confusão

Muitos dizem que falta religiosidade às pessoas
Sinceramente acho que falta filosofia de vida
Abstraindo a piada que diz que filosofia
É a ciência com a qual ou sem a qual o mundo continua tal qual
Filosofia de vida é a direção pretendida
E quando não temos direção vivemos nessa confusão
Sem saber se estamos indo ou vindo
Sendo ou fingindo
Amando ou ferindo

domingo, 29 de junho de 2014

365 dias com poesia, 29 de junho de 2014 -- drogas



drogas

Enquanto as drogas de todos os tipos nos fazem esquecer
A poesia nos faz lembrar
Talvez seja esse o motivo da pouca aceitação, talvez
Talvez seja o medo que sentimos de sentir, talvez
Talvez por isso as mulheres consumam menos drogas e mais poesia, talvez
Talvez eu esteja com raiva dum mundo babaca em que homens matam e choram escondidos, talvez

sábado, 28 de junho de 2014

365 dias com poesia, 28 de junho de 2014 -- homofobia



homofobia

Como todo preconceito
A homofobia é uma puta babaquice
Quando não é sexualidade enrustida
O que neguinho tem é inveja do frescor juvenil dos homossexuais
Que esbanjam leveza na passarela da vida
E riem para não chorar da solidão que sentem
Fingindo desconhecer que isso é um sentimento recíproco
Do homem isolado por vaidade

sexta-feira, 27 de junho de 2014

365 dias com poesia, 27 de junho de 2014 -- MUNDO CÃO



MUNDO CÃO

Não me perguntem já não sei mais por que escrevo
no início era zelo pelo que pensava necessitava deixar
tudo registrado mesmo cansado nunca parei como parar
de se investigar? hoje já é um hábito a rotina todo dia me
ensina a continuar não posso não devo parar parar para
quê? Se continuo conversando comigo por essas linhas
me arrepio me rio me desconfio e fio as tramas da minha
história não há cansaço não há mormaço que me faça
deixar de escrevinhar e escrevo quase em apneia essa a
ideia de não respirar não gosto de dicionários não gosto
de rabiscado punk poemas na medida certa da minha
inquietação que é grande como dizem os músicos que não
sabem o tamanho da encrenca não entendem que minha
sina é muito maior do que uma simples canção cantá-la
é possível mas impreciso não preciso de orelhas nesse
mundo cão

quinta-feira, 26 de junho de 2014

365 dias com poesia, 26 de junho de 2014 -- ALFINETE



ALFINETE

Não tô nem aí se remete a Saramago se às vezes
lembra Pessoa estou aqui afogado em loas não quero
medalhas sei o tamanho do alfinete estilete entre os
dentes esse é meu nome os que sabem que não sabem
não escrevem por não terem coragem e eu sabendo
que sei escrevo sobre o que não sei não me vejo à toa
nesse mundo midiático em que a performance é medida
mais pelos amigos de bar do que pelo tamanho das letras
em todos os lugares é isso que faz funcionar a engrenagem
nunca direi nada contra isso ao contrário quero
descobrir para que lado é a maré e surfar de pranchão
não tô nem aí para sua opinião vou fazer de qualquer jeito
já aprendi nado de peito no leito deito e tremo a mão de
frio não me importo aprendi a escrever com calafrio
não preciso das condições ideais quem os tem? Comigo
é no ferro! passar bem

quarta-feira, 25 de junho de 2014

terça-feira, 24 de junho de 2014

365 dias com poesia, 24 de junho de 2014 -- matador -- Poema inédito



matador

Ouvindo Killer Joe, com e de Benny Golson

Fera Joe
Fale
Sopre
Ferre
Solte-se

Fera Joe
Calce
Sele
Zele
Queime
A hipocrisia com a melodia de seus gritos
Irados
Armados
Crispados em ferro e fogo com ferrugem

Fera Joe
Corra
Coma
Absorva toda informação
Eles estão atrás de você
(Não admitem quem não mente)

Fera Joe
Cresça
Exerça
Estabeleça
Pinte a grade de azul
Invente um céu e sorria ideias
Vomite ideais
Soprando para longe o vazio da solidão do silêncio do medo
Do medo de vivermos trancafiados em nossos próprios pensamentos

segunda-feira, 23 de junho de 2014

365 dias com poesia, 23 de junho de 2014 -- Ondas



Ondas

A Vinícius Plácido, aos 21 anos

Desde o início pronto
Com a sabedoria e a raiva dos homens que farão algo
Gosta do sol talvez para disfarçar o brilho
Filho lindo menino signo na
Certeza da emoção com direção
Para mim tão parecido
Cada vez mais amigo apesar de distante
Sangue nos olhos da razão de não
Se assustar com os perigos das ondas da vida que vem vão virão
Nos balançar

domingo, 22 de junho de 2014

365 dias com poesia, 22 de junho de 2014 -- CÍLIOS



CÍLIOS

...precisava desse tempo
Em que parei de escrever

...precisava saber...

Se...
Ainda era importante continuar
Se as palavras ainda escorriam da virilha como gotas
lambem chicoteiam seus cílios sem par
Precisava precisar
A ausência às vezes é quase um carinho ninho necessário
para guardar a menina-rima que está a chorar
esperando o alimento tantos foram os momentos que
estive pensando em gravar numa canção a saliva gasta
nessa emoção danada que me mantém atento e de
olhos abertos prontos para lacrimejar a bendita sina
versada

sábado, 21 de junho de 2014

365 dias com poesia, 21 de junho de 2014 -- INCAUTO



INCAUTO

Sinceramente
O sincero
Agride com as verdades

Adoramos falsidade...

Como você está forte!
(dizemos para o gordo)
Você está tão bem!
(dizemos para o moribundo)
É a sua cara!
(dizemos para o incauto).

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Vitória, música nova



Vitória

REFRÃO:

Vamos vencer o sol
rir de nossas certezas

Vamos vencer o sol
esconder as asperezas?

A

Vamos vencer o sol
Vamos vencer com o som
Vamos vencer com as sombras das mentiras

SOLO

B

Vamos vencer o sol
esconder nossas certezas

Vamos vencer o sol
sorrir das aparências

C

Vamos vencer com o som
as sombras das mentiras
Vamos nos proteger       
Vamos nos proteger


D
(Vamos vencer o sol
vamos vencer com o som
vamos convencer todos juntos
o mundo
sorrir de saber X 2)



REFRÃO:

Vamos vencer o sol
rir de nossas certezas

Vamos vencer o sol
esconder as asperezas?

A

Vamos vencer o sol
Vamos vencer com o som
Vamos vencer com as sombras das mentiras

SOLO

B

Vamos vencer o sol
esconder nossas certezas

Vamos vencer o sol
sorrir das aparências

C

Vamos vencer com o som
as sombras das mentiras
Vamos nos proteger       
Vamos nos proteger

MATA, música nova



MATA

Não sou nem quero ser nada
Quero água brava/ correndo por mim

Não sou nem quero ser guarda
Escorrem lágrimas das minhas mãos          X2


Não sou nem quero ser nada
Que não seja ilusão

Minha natureza bastarda
Não se adapta à solidão            X2

Nanananna/nanananana
Nanananna/nananananna


Não sou nem quero ser nada
Quero água brava/ correndo por mim

Não sou nem quero ser guarda
Escorrem lágrimas das minhas mãos          X2


Não sou nem quero ser nada
Que não seja ilusão

Minha natureza bastarda
Não se adapta à solidão            X2



Não sou nem quero ser nada
Quero água brava/ correndo por mim

Minha natureza bastarda
Não se adapta à consideração  
Aguardente de faca da solidão

Não sou nem quero ser mata         

folha seca, música nova



folha seca

E da luz
fez-se letra  X2

Nascida
desmascarada
certeza        X2

E da palavra
Fez-se
seca recordação X2

E do choro
fez-se som X2


Da folha seca
Fez-se música
Da minha emoção fiz um som

Perturbado
Por sua chegada
Macia

Extasiante despedida...


E da luz
fez-se letra  X2

Nascida
desmascarada
certeza        X2

E da palavra
Fez-se
seca recordação X2

E do choro
fez-se som X2

365 dias com poesia, 20 de junho de 2014 -- MOLE



MOLE

Ela jazz
Eu roque

Ela faz
Eu fóssil

Ela ice
Eu choque

Ela mais
Eu mole

quarta-feira, 18 de junho de 2014

365 dias com poesia, 18 de junho de 2014 -- O TODO



O TODO

Todo menino é menino?
Toda menina é menina?
Toda boneca é boneca?
Todo pano é de pano?
Todo engano é engano?
Todo crítico é crítico?
Todo jogador é jogador?
Todo banqueiro é banqueiro?
Todo político é...

(Político)

terça-feira, 17 de junho de 2014

365 dias com poesia, 17 de junho de 2014 -- Schummy



Schummy

SCHUMACHER ACORDOU!
E nós quando acordaremos?
Quando abriremos os olhos para a ideia torpe de que quem corre mais é melhor?
Quando passaremos a fazer algo ao invés de ficar girando no autódromo acumulando milhas?
Quando conseguiremos entender que devemos pensar e ser e não sonhar em ter?
Quando deixaremos de cantar “deitado eternamente em berço esplêndido...” para realizar algo que nos preencha agora sem nos preocupar em dar o exemplo ou quando vai acabar ou quanto vamos ganhar?

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Poema feito em 07/04/14, em homenagem ao meu tio Alfredo Plácido, falecido hoje

sorriso atento

À memória do tio Alfredo

Em silêncio lembro de seu sorriso em apoio de como tudo passava rápido entre a noite de natal e a surpresa do presente de papai noel alguns aniversários de vez em quando em cabo frio geralmente no verão cachorro-quente no maracanã e o som da sua voz conversando com meu pai a amizade de vocês é mais forte do que qualquer outra lembrança e a rima com esperança é simples mas verdadeira espero que possamos ainda conversar sobre o arrepio de ver Zico jogar no Maracanã sobre o sol de Ipanema sobre os problemas do Rio: calor obras trânsito Cabral Garotinho sobre o frio que sentimos e sobre o quanto diminuímos quando não sonhamos

365 dias com poesia, 16 de junho de 2014 -- LONDRES



LONDRES

Por mim, fui
Por você, voltei

Por mim, muque
Por você, chorei

Por mim, flores
Por você, jardim

Por mim, Londres
Por você, Paris

domingo, 15 de junho de 2014

Quadro, JAZZ, 70 X 50 cm, guache


Há mar (música)




A ninguém é permitido voltar
nascemos para nos transformar
de rio em mar
de frio em simples sorrisos
da coragem de tentar
Nascemos para nadar
em lágrimas do medo
que nos paralisava
e dessa louca coragem
amar viver
amar amar amar...

amar amar amar
viver viver viver
e dessa louca coragem
que nos paralisava
nadar em lágrimas
Nascemos para tentar
e ter coragem mesmo em sorrisos frios
de salgar rios
para nos transformar em mar

365 dias com poesia, 15 de junho de 2014 -- Há mar -- Poema inédito



Há mar

A ninguém é permitido voltar
nascemos para nos transformar
de rio em mar
de frio em simples sorrisos
da coragem de tentar
Nascemos para nadar
em lágrimas do medo
que nos paralisava
e dessa louca coragem
amar viver
amar amar amar...

sábado, 14 de junho de 2014

bicho



bicho

amar um bicho
é amar refletido
o carinho feito
reflete nos olhos cheios
de esperança de ser amado
gato cachorro periquito
simples animais...
simples animais?
Seres em paz
Que não anseiam não pecam não matam
E morrem como nós sem saber por que...

Fernando Pessoa, O guardador de rebanhos




O guardador de rebanhos

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),

É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.

Fernando Pessoa, Presságio



Presságio

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…

Fernando Pessoa, Não sei quantas almas tenho



Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa, Todas as cartas de amor




Todas as cartas de amor…


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)