quarta-feira, 31 de julho de 2013

TERRA À VISTA, opinião poético-política





Grande erro cometido por um político:
Deixar de querer perceber o andamento das nuvens no céu.
Poucos são aqueles que conseguem com alguma antecedência entender os novos rumos dos acontecimentos.
Os que conseguirem serão os que se destacarão apropriando sua linguagem e, principalmente, seus atos aos anseios dos cidadãos.
(O isolamento leva sempre à auto-imagem falha!).
Outro engano por parte dos que não conseguem se ligar aos nossos desejos é nos chamar de eleitores.
Porque podemos não ser eleitores dos ditos-cujos e aí se dá o primeiro vício de linguagem, dentre tantos outros erros, que serão, certamente, cometidos pelos políticos sem vocação.
Sem vocação são os que generalizam porque não entendem os detalhes ou por trabalharem pouco não sabem que os detalhes existem e não são detalhes.
Outro indício, que marca os sem vocação, todos usam o pronome pessoal nós quando estoura a merda, quando, na verdade, no nosso sistema político, é o chefe do executivo que tem a palavra inicial do governo (a final é a nossa no momento da eleição!)
O chefe do poder executivo é aquele que deve ou pelo menos deveria dar o tom dos trabalhos, trabalhando e não voando para cima e para baixo, mandando dar porrada em manifestantes e procurando desculpas esfarrapadas de cunho internacional (sic).
Um chefe de estado que pudesse honrar o nome que carrega deveria deixar de se esforçar em justificativas pífias e arregaçar as mangas para tentar melhorar as condições precárias do povo do ente político que administra, dando o exemplo e não cometendo pequenos e grandes deslizes registrados fartamente pelas mídias oficiais e não-oficiais. Não falo o nome do sem-sorte porque acho que não precisa!

365 dias com poesia, 31 de julho de 2013 -- O TREM



O TREM

Só um tolo
Ficaria sentado
À beira do caminho
Esperando o trem da memória
Passar
Trazendo todos os grandes
Nomes da nossa vida poética
Aceno para Drummond
E não sou correspondido
Mando loas
A Vinícius
E nem
um sorriso
Mas
Quando estou quase desistindo
sou agraciado
Com um leve esboçar
De adeus
Vejo Quintana
Comentando com João Cabral
Que aquele menino ali comendo pipoca
Não ficará sentado vendo a vida passar...

Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

terça-feira, 30 de julho de 2013

365 dias com poesia, 30 de julho de 2013 -- CONCEITOS POÉTICOS



CONCEITOS POÉTICOS

Do livro RASCUNHOS POÉTICOS

força interior
mania de acreditar no sol
mania de namorar a lua

amizade
confiança em outros olhos
não ter medo de carregar as malas
com uma das mãos

amor
ver você no outro
ver ouro na outra pessoa

segunda-feira, 29 de julho de 2013

365 dias com poesia, 29 de julho de 2013 -- SOBRA



SOBRA

Com
O sol
Poente
Com água corrente
Com a natureza
Mas sem tristeza
Me vejo
Seu beijo
Com tudo em volta
Com o todo
E a sobra

Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

domingo, 28 de julho de 2013

365 dias com poesia, 28 de julho de 2013 -- jesus



jesus

que o abraço perdoe o perdão
que o verde vire verbo
árvore-folha-de-esperança
que o mundo se apague e
retorne nos olhos de uma criança
chamada menino

sábado, 27 de julho de 2013

365 dias com poesia, 27 de julho de 2013 -- DUAS PEDRAS



DUAS PEDRAS

dos desequilíbrios
da
vida
e
do
poeta
(duas pedras)
nasce
a faísca

A arte chama

Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

quinta-feira, 25 de julho de 2013

365 dias com poesia, 25 de julho de 2013 -- SENTIMENTOS



SENTIMENTOS

Pintar
com sonhos
Esculpir
movimentos
Entalhar
sentimentos
Agravá-los
com versos
Amar
por gestos.


Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

terça-feira, 23 de julho de 2013

365 dias com poesia, 23 de julho de 2013 -- EX-CULTOR



EX-CULTOR

em sinfonias
te toquei
em melodias
molhei-me
de suor
em atípicas brincadeiras sonoras
musiquei solidão
em sozinhas folhas
esculpi uma pessoa

Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

365 dias com poesia, 22 de julho de 2013 -- Tez



Tez

À memória de Carlos Frederico, Tetê, Fê, Café, Fêdô

Irmão
Aquele susto
Tirou meus medos dos outros sustos
E dez anos depois
Pude começar a rimar
Ainda não sei bem como
Mas sei que comecei
E ainda não parei
Desculpe
Não gostaria mas devo isso a você
E por isso me sinto na obrigação de fazer bonito
Como se tivesse sempre olhando nos seus olhos
Numa conversa impossível
Mas muito importante para mim
E espero que para você

Niterói, em 22/07/2013.

domingo, 21 de julho de 2013

365 dias com poesia, 21 de julho de 2013 -- QUIROMANCIA



QUIROMANCIA

um índio olha
uma estrela cadente e não sabe explicar mas
entende…
um garoto olha
um crime na esquina e não sabe explicar mas
entende…
um poeta faz
um poema e não sabe explicar mas entende…
entende
que alguém mesmo sem entender
sentirá

Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

sábado, 20 de julho de 2013

Marco Plácido -- Retrospectiva do blog (papéis)




no verão
"...já tive a ilusão de que ser homem bastaria..."
na primavera
folhas eram borboletas de árvores
no outono
fixei no instinto verdades
no inverno
fechei os olhos e chorei

Marco Plácido -- Retrospectiva do blog (Amigos)





Amigos
Princípios
Príncipes escolhidos
Precipícios, salvam dos
Acolhidos, sempre somos
Recolhidos, em palavras
Aprendemos a nos ouvir e ouvindo aprendemos a submergir ou emergir com o apoio
Apoiamos
Inícios
Meios
E
Fins

365 dias com poesia, 20 de julho de 2013 -- ALPISTE



ALPISTE

O que fazer
Quando se está no meio..?
Desiste
Insiste
Alpiste?


Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Marco Plácido -- Retrospectiva do blog (pescoço)



sábia solidão vã
dedos de uma mão
pagã?
encontro de minh'alma sã
com corpos reais
tantos
santos?
poemas pontificam o desgosto
pelo amargo sal
sobrado de suor de pescoço
torto em não saber a direção
que olhar

365 dias com poesia, 19 de julho de 2013 -- Zig-Zague



Zig-zague

À Thiago Plácido, 8 anos

Dance
Dengue
Pinte
Sempre
Não deixe o mundo te mudar
Se zangue e sorria
Se zangue e zig e zague e zague e zig e
Pinte o azul de cinza
Faça o que quiser
Exerça seus olhos de jabuticaba da alegria mais confiante
De um talento herdado, brilhante
Nada nem ninguém cegará seu brilho
Filho!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Marco Plácido -- Retrospectiva do blog (Menina-árvore)




À Bertha, Angélica e a todas as mamães

O melhor do mundo
É o cheiro de carinho de
Mãos quentes
De mãe quente
Risonha
Criança sapeca
Na indescritível emoção de amar
Um filho que é um princípio
Um príncipe que é uma solução
Uma vida sendo construída
Com todos os medos
Com todos os desejos
E sem nenhuma certeza
Apenas aquela intuição
De menina
Que brincava de boneca
Que era a mãe, a tia, a irmã, a vizinha...

(Uma semente de árvore antes do primeiro pingo de conceito)

Marco Plácido -- Retrospectiva do blog (VERÃO)

Falo de mim
ou de nós?
Falo...
e minha voz machuca
(já me disseram)
Minha voz catuca
a manca e surda
existência dos
sem primavera...

Cultivando nosso inverno
Colheremos outonos
Vocês verão

365 dias com poesia, 18 de julho de 2013 -- SOLUÇO


SOLUÇO

mancha de estopa
paladar de boca
perfume de pescoço
estrume de fosso
gota de poço
define a direção…
poema do poeta…
soluço da solução

Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

365 dias com poesia, 17 de julho de 2013 -- DE MIM DE VOCÊ


DE MIM DE VOCÊ

O poeta
Não lembra
do poema
Não lembra
Porque não precisa lembrar-se de si
Ele é poesia
Eu me lembro de você…
você de mim…
e só

Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Marco Plácido -- Retrospectiva do blog (Contemporâneo)




O balé clássico
É como um quadro figurativo
Já teve mais sentido
Mas ainda é bonito

O balé contemporâneo
Como um quadro abstrato
Deve contar minimamente uma história
Mesmo que em manchas
Mesmo que nos encante pelas cores
Senão não há sentido
E sem sentido
Não sentimos

Marco Plácido -- Retrospectiva do blog (lei da gravidade)



o mundo é redondo
já sei
e gira e mira e fere...esfirra
esfera é fera é mera vontade
da lua é azul
e o que isso melhora minha sofreguidão?
guidão balão de são joão subindo
eu, ah! eu, descendo em mim
disfarçando-me em palavras...

pela lei da gravidade estou descobrindo o sabor da terra

365 dias com poesia, 16 de julho de 2013 -- NA MENTE


NA MENTE

imediatamente pico
insistentemente fico
angustiadamente resisto
alucinadamente antecipo
acaloradamente modifico
satisfatoriamente minto
momentaneamente melindro
simplesmente espirro
vagarosamente erudito
finalmente escrito
deliberadamente fino
politicamente sorrio


Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

365 dias com poesia, 15 de julho de 2013 -- FAGULHA


FAGULHA

Entre pedras
Da batida
Nasce a faísca
Da faísca
O mato seco dá a luz ao fogo
A fogueira queima tudo o todo de mata
A fogueira mata
A mata não respira
O ar não se espalha
Esquecendo da fagulha
Que nua
Não aquece as pedras
Desse poema

Do livro RASCUNHOS POÉTICOS, de 2012.

domingo, 14 de julho de 2013

Marco Plácido -- Retrospectiva do blog (De uma orelha nasce um poema?)


 

De uma orelha nasce um poema? Nasce como do mato nasce mato como do circo nasce o palhaço de uma orelha nasce a música que ninará um solitário sem peixe para que um aquário? ninguém infelizmente fica olhando o nada com água as ondas do mar se vão sem sal é doce minha ilusão dum poema lido menino aflito em perigo pelas verdades uma orelha amolece serenidades molhadas são todas as lágrimas carne viva trágicas como trapézios sem redes como búfalos sem manada como letras sem um poema... que pudesse... me ajudar a suportar... o fim.

Dilma, o poste (Trecho do artigo de Roberto Pompeu de Toledo, da Veja, edição 2330).

A crise da presidente Dilma Roussef expõe os limites da teoria do poste.(...)

Nenhum poste gosta de ser chamado de poste, e a cortesia manda que os fazedores de postes (Lula) não os chamem pelo desprestigioso apelido. (...)

No caso da presente crise da presidente -- porque a crise que começou nas ruas evoluiu, sim, para uma crise da presidente --, os efeitos perversos da eleição de um poste (Dilma) revelam-se nas seguintes evidências:

1 O governo está sem rumo.

A desconhecida Dilma foi-nos apresentada como "gerentona". Hoje é a gerenre que não gerencia uma equipe balofa e incoerente.

Não há nem articulação nem comunicação que funcionem se a outra ponta não funciona. A outra ponta é o gabinete presidencial.


2 Desaba o respeito ao governo. As vaias são o de menos.

Ao vácuo de liderança sucede-se a balbúrdia no Congresso.

O desrespeito à presidente propicia a abertua da temporada de caça ao Erário.


3 O poste foi feito refém.

Dilma já se entregou ao obrigatório ritual de encontrar-se com Lula.

Tem-se uma presidente obrigada à reverência de uma instância superior. O resultado é a perda da reverência que deveria inspirar.

Affonso Romano de Sant'Anna, A voz da poesia

A poesia exige um silêncio abismal. E isto pode levar à vertigem. Ou: a poesia é quando se está à beira de si mesmo. Cair em si, sem se perder, ou achar-se do outro lado de si mesmo. Isto exige perícia. Pois há que ouvir sons, ruídos, mensagens que fluem também do lado de fora, no exterior.

Certa vez fiquei duas horas sobre as pedras do Arpoador, à toa, apenas ouvindo o mar. O marulhar do mar. O marulhar da alma. É preciso uma certa ousadia para se ouvir o nada. O nada é onde tudo começa. É de onde surge a voz da poesia.

Estranha relação entre o eu e o mundo. O pessoal e o social. Há de haver uma orquestração.

Não é de uma valia ficar chorando pelos cantos. O choro pessoal ainda não é poesia. Tem que haver algo mais: converter-se em coro. Por isso a voz do poeta é uma voz de utilidade pública. Quando não sabemos como dizer certas coisas, pedimos a voz do poeta emprestada e entoamos uma verdade simbólica.

Rainer Maria Rilke, poeta alemão, pediu emprestado um castelo para, isolado, ouvir melhor o que os querubins lhe diziam.
Victor Hugo foi para as ruas e barricadas ouvir a voz do tempo.
Rimbaud, de repente, calou-se para sempre. Ficou mudo. Um zumbi perdido nos desertos africanos. Sem voz.
Quando Orfeu soava seus versos, as bestas mais ferozes se acalmavam e até as pedras o entendiam.

Como cada pássaro tem um canto especial, o poeta tem que descobrir qual a sua voz interior. Não se pode cantar com a voz do outro.

Claro que alguns, na literatura e na vida, começam imitando o canto alheio. É um aprendizado.

Camões ouvia Virgílio e Homero. João Cabral de melo Neto começou ouvindo Carlos Drummond.

Na música popular a mesma coisa: Dalva de Oliveira gerou Angela Maria. Mas João Gilberto não pode cantar como Orlando Silva ou Nelson Gonçalves. Ou vice-versa.

Cada qual no seu canto. Na sua voz.

E já que ouvir a voz interior é um risco, alguns a ouvem, e desesperam. Outros tapam os ouvidos. Enchem sua vida de ruídos espetaculares.

O múisco (como o poeta) faz falar o espaço em branco. Faz falar o indizível. Pausa a múisca. Música é pausa no ruído cotidiano. Música é a salvação do ruído.

E como esse mundo ficou barulhento, meu deus!

E se poesia é voz oculta sob prosa, em certas épocas a voz do cantor e do poeta são perigosas.

Eles fazem falar o silêncio, o que foi calado, reprimido.

As ditaduras nos dão estranhas lições de poesia.

repito: poesia exige um silêncio abismal.

Ler, escrever ou ouvir poesia é abismar-se.