segunda-feira, 25 de abril de 2011

Marco (nada) Plácido

Nesse momento em que, triste, vejo minha mãe se recuperando de uma intervenção cirúrgica no coração, lentamente. Penso, lentamente, que devo parar para me reciclar. Não quero continuar a repetir as mesmas histórias que alegram o riso dos meninos, cheios de vida. Não quero continuar a ter medo de trabalhar em algo que já não condiz com quem eu sou, nesse instante. Não quero diamantes quero apenas um crucifixo de madeira, que caiba em minhas mãos. Não quero me dedicar a palavras que não são minhas, preferio lagartas que virão a voar do que migalhas que ajudam a matar peixes. Não quero ser um feixe de palha, marcar suas mãos, como um arame espinhoso, deve ser gostoso. Não quero ficar olhando o mar quero cair n'água, agitar os pés e espalhar gotas num oceano de enganos. Não quero ser um único tempo sem contradição, água parada dá mosquito, dengue é o início da confusão. Não quero ter que dizer sim para parecer bonzinho, quero ser vinho, parecido com sangue, ex-punk banqueiro não tá com nada. Não quero ser empada sem azeitona, prefiro um samba ruim à Madonna nada tem para me seduzir. Não quero batidas estrangeiras, meigas gueixas, mais negras do que ameixas, isso sim, satisfaz ao meu apetite poético. Não quero ser ético, perigo em forma de rimas, desrespeito das primas, meninas levadas até a última consequência. Não quero fogo, quero arder, dos seus olhos fazer uma cachoeira, tênue areia para arranhar teu sexo, amplexo queimando de tanto querer. Não quero tudo, o que consigo passa a me desinteressar quero o caminho o fim não tem desafio. Não quero medalhas já sei o tamanho do alfinete, estilete entre os dentes é meu sobrenome e meu nome é e sempre será Marco (nada) Plácido.

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