sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

OFICINA POÉTICA “RASCUNHOS POÉTICOS” (5)

8 -- Poemas Autobiográficos

Todos os poemas são autobiográficos? Bom, esse é...

CRISTÃO

Nascido na Tijuca há quarenta e cinco anos roxo meio torto como o anjo de Drummond tio bêbado quase se matou de felicidade avó mãe e pai único filho durante um período o doente da família depois disso tive tudo de ameba a tifo rimos muito fomos felizes num apartamento apertado de Icaraí mudei aos dez e talvez isso tenha me dado uma dor mudança de cor tamanho e quem não sabe disso? Vinte poucos anos depois voltei pai e aflito com meu destino não conseguia parar de me preocupar aos quarenta a vida não demora a passar e quando dei por mim não queria mais brincar de nada que não fosse poesia e música onde estavam todos esses anos em que fui seguindo sem um plano desenganado pelo estamos seguindo como a vida nos leva e agora que sei o que quero estou achando que ainda espero algo de que temo o nome meu nome continua sendo marco aurélio cruz plácido filho irmão marido pai e cristão até quando até quando?

9 – Poesia, coisa de romântico ou de poeta?

Vamos atacar os dois problemas identificados:

1 -- Os estudantes, por se verem obrigados a ler determinados livros, no geral, passam a odiá-los. Tudo piorará se o professor for, não um apaixonado por literatura, mais um recalcado com o talento alheio (não pensem que estou exagerando porque no mundo real é o que mais acontece).

2 -- Poemas românticos, existiram, existem e sempre existirão, a questão não é ser ou não romântico, é ter ou não algo a dizer, seja com ou sem romantismo.

Para endossar, muito do que acontece no mercado editorial, longe das grandes editoras, é produção de românticos, que por estarem efetivamente apaixonados por algo ou alguém, publicam o livro de poesia da sua vida. Não necessariamente com qualidade literária.

Qualidade literária é o que? Para mim, haverá qualidade quando, independente do que está escrito, exista algo dito que não esteja escrito. A potência de uma obra de arte normalmente não está no que está explícito e sim no que está subentendido.

Essa é a grande dificuldade da poesia, por exemplo, o leitor tem que querer "perder" um tempo e tem que ter um mínimo de conhecimento para descobrir se há ou não algo subentendido. Com um pouquinho de boa vontade o bicho não é tão feio quanto parece...

Um poema de qualidade deve ser sorvido como um acepipe sofisticado e único. Se o cidadão quer entender na primeira olhadela sobre o que foi escrito deve realmente ficar com os Harry Potters e Eclipses da vida, sem preconceitos, como tudo na vida é apenas uma escolha.

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