sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

OFICINA POÉTICA “RASCUNHOS POÉTICOS” (8)

13 – Orelha de um livro de poesia

ORELHA

Orelha feita pela poeta Helena Ortiz para o livro "Melhores Poemas de BUKOWSKI -- Tradução de Jorge Wanderley"

"O que move a mão do descrente? Amar com gesto de planta e montanha, agarrar a rocha, estender a mão ao raio e, coração aceso, repousar no colo das meninas. Caminhar pelo deserto povoado de audácias e erros. Caminhar sem tréguas, sem esquecimento, de pólvora moldado, e construir, nas artes da colagem, a alucinada humana essência.

Tudo é carne viva, e por isso Jorge Wanderley nos traz agora esse Bukowski, bebedor do mesmo ácido sombrio, habitante das sombras por afinidade, sem qualquer traição. Antes morrer todos os dias. Antes palavras ásperas, tropeços, pileques patéticos e trágicos e tanta morte nesses mergulhos -- adiamentos. Buracos sombrios e mutilação, anestesias que não permitem esquecer a revolta com o imperfeito em cada altura, mesmo com a salvação disponível no pomar das palavras. Dessa obra de carne tantas vezes morta, tantas vezes aviltada, a alma de Jorge Wanderley dá sinal, agente infiltrado, escolhido pelos deuses para louvar a poesia, como se dissesse: estou de novo aqui, como sempre estive, vivendo ainda, o mesmo rigor nessa virtude, a mesma adoração da juventude, do tempo do Gráfico Amador.".

14 – Donde vem os poemas?

De uma orelha nasce um poema?

De uma orelha nasce um poema? Nasce como do mato nasce mato como do circo nasce o palhaço de uma orelha nasce a música que ninará um solitário sem peixe para quê um aquário? ninguém infelizmente fica olhando o nada com água as ondas do mar se vão sem sal é doce minha ilusão dum poema lido menino aflito em perigo pelas verdades uma orelha amolece serenidades molhadas são todas as lágrimas carne viva trágicas como trapézios sem redes como búfalos sem manada como letras sem um poema... que pudesse... me ajudar a suportar... o fim.

15 -- Críticas:

Como temos nossa prosódia, sotaque e som de voz, os poetas também têm seu jeito peculiar, cada qual apresenta seus argumentos e mentem (obrigado, Pessoa) de um jeitinho especial, não há como querer comparar.

Podemos, sim, ter opinião sobre o trabalho de cada um, isso é bastante natural, e o mais fácil, pois opinião não tira pedaço! É como se disséssemos num grupo de locutores que fulano tem a voz mais bonita do que sicrano, na verdade, essa, uma simples opinião.

Respeito todas as opiniões emitidas sobre o meu trabalho, mas também não deixo de dar opinião sobre as opiniões. Engraçado é ver a reação dos opinantes. Normalmente se vêem com dificuldades de aceitar uma opinião diferente da sua! Ora, se podem criticar não podem ser criticados?!

DUAS FRASES

Duas frases definem toda a nossa vida: Podia ser melhor (PSM) e Foda-se (F-se)!

O show está bom mas...PSM ou F-se!

Não gostei da sua atitude...PSM ou F-se!

Niterói está muito mudada...PSM ou F-se!

Fulana está tão magra...PSM ou F-se!

Os poetas da geração mimeógrafo são...PSM ou F-se!

Caminhando e rimando

nenhum olhar atravessado nenhuma lei nem a do silêncio nenhum carro nenhum engarrafamento nenhum emprego nenhum desemprego nenhum sim muito menos um não nenhum montão de coisas ruins nenhuma crítica mesmo que fosse elogiosa para os contrários nenhum aflito comentário errado nenhum podia ser melhor nenhum Bon Jovi nenhum fresco som da garotada que ainda não sabe que está errada nenhum zero nenhum universitário seja forró seja sertanejo nenhum realejo nenhum filho de famoso nenhum colosso de osso nenhum bando muito menos uma banda...

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