domingo, 6 de dezembro de 2015

Nicanor Parra -- Plácido, poema traduzido: SÓ PARA MAIORES DE CEM ANOS

(41) SÓLO PARA MAYORES DE CIEN AÑOS (28)


Sólo para mayores de cien años
Me doy el lujo de estirar los brazos
Bajo una lluvia de palomas negras.

!Pero no por razones personables!

Para que mi camisa me perdone
Faltan unas cuarenta primaveras
Por la falta absoluta de mujer.

Yo no quiero decir obscenidades
Las groserías clásicas chilenas
Si la luna me encuentra la razón
Eternidade en ambas direcciones.

Por la falta absoluta de mujer.

!O perdonan las flatas de respeto
O me trago la sangre de narices!

Hago volar las reliquias al sol
Estornudo con gran admiración
Hago la reverencia con dolor
Esa misma que hice en Inglaterra
Un ataúd que vomitaba fuego.

Yo doy diente con diente en las esquinas
Qué seria de mí sin ese árbol
A disfrutar del espasmo sexual.

Disimulo mis llagas a granel
Yo me río de todas mis astucias
Porque soy un ateo timorato.

Yo me paso de listo por el cielo
Sólo quiero gozar un Viernes Santo
Para viajar en nube por el aire
En dirección del Santo Sepulcro.

Sólo para mayores de cien años
pero yo no me doy por aludido
Porque yarde o temprano
Tiene que aparecer
Un sacerdote que lo explique todo.


Versos de salón -- 1962.


SÓ PARA MAIORES DE CEM ANOS

 

Só para maiores de cem anos

Me dou o luxo de esticar os braços

Sob uma chuva de pombos negros.

 

Mas não por razões pessoais!

 

Para que minha camisa me perdoe

Faltam umas quarenta primaveras

Pela falta absoluta de mulher.

 

Eu não quero dizer obscenidades

As clássicas grosserias chilenas

Se a lua encontra a razão

Eternidade em ambas as direções.

 

Pela falta absoluta de mulher.

 

Me perdoem a falta de respeito

Mas trago sangue nas narinas!

 

Faço voar relíquias ao sol

Espirro com grande satisfação

Faço reverência com dor

Essa mesma que fiz na Inglaterra

Um caixão que vomitava fogo.

Bato dentes com dentes nas esquinas

O que seria de mim sem essa árvore

A desfrutar do espasmo sexual.

 

Dissimulo minhas chagas a granel

Rio de minhas astúcias

Porque sou um ateu timorato.

 

Me faço de fácil para o céu

Só quero gozar mais uma sexta Santa

Para viajar numa nuvem pelo ar

Em direção ao Santo Sepulcro.

 

Só para maiores de cem anos

Mas não me dou por incluído

Porque cedo ou tarde

Tem que aparecer

Um sacerdote que explique tudo.

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