sábado, 5 de dezembro de 2015

Nicanor Parra -- Plácido, poema traduzido: MADRIGAL

(19) MADRIGAL (38)

 


Yo me haré millonario una noche
Gracias a un truco que me permitirá fijar las imágenes
En un espejo cóncavo. O convexo.

Me parece que el éxito será completo
Cuando logre inventar un ataúd de doble fondo
Que permita al cadáver asomarse a otro mundo.

Ya me he quemado bastante las pestañas
En esta absurda carrera de caballos
En que los jinetes son arrojados de sus cabalgaduras
Y van a caer entre los espectadores.

Justo es, entonces, que trate de crear algo
Que me permita vivir holgadamente
O que por lo menos me permita morir.

Estoy seguro de que mis piernas tiemblan,
Sueño que se me caen los dientes
Y que llego tarde a unos funerales.

Poemas y antipoemas -- 1954.

MADRIGAL

 

Eu me farei milionário uma noite

Graças a um truque que me permitirá fixar imagens

Em um espelho côncavo. Ou convexo.

 

Me parece que o êxito será completo

Quando logre inventar um caixão de fundo duplo

Que permita ao cadáver juntar-se ao outro mundo.

 

Já queimei bastante as pestanas

Nesta absurda corrida de cavalos

Em que os ginetes são jogados de suas montarias

E caem entre os espectadores.

 

Justo é, então, que trate de criar algo

Que me permita viver folgadamente

Ou que pelo menos me permita morrer.

 

Estou seguro de que minhas pernas tremem,

Sonho que me caem os dentes

E que chego tarde a uns funerais.

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