sábado, 5 de dezembro de 2015

Nicanor Parra -- Plácido, poema traduzido: SOLO DE PIANO

(09) SOLO DE PIANO (37)

 

Ya que la vida del hombre no es sino una acción a distancia,
Un poco de espuma que brilla en el interior de un vaso;
Ya que los árboles no son sino muebles que se agitan:
No son sino sillas y mesas en movimiento perpetuo;
Ya que nosostros mismos no somos más que seres
(Como el dios mismo no es otra cosa que dios);
Ya que no hablamos para ser escuchados
Sino para que los demás hablen
Y el eco es anterior a las voces que lo producen;
Ya que ni siquiera tenemos el consuelo de un caos
En el jardín que bosteza y que se llena de aire,
Un rompecabezas que es preciso resolver antes de morir
Para poder resucitar después tranquilamente
Cuando se ha usado en exceso de la mujer;
Ya que también existe un cielo en el infierno,
Dejad que yo también haga algunas cosas:

Yo quiero hacer un ruído con los pies
Y quiero que mi alma encuentre su cuerpo.


Poemas y antipoemas -- 1954.

 


SOLO DE PIANO

 

Já que a vida do homem não é senão uma ação à distância,

Um pouco de espuma que brilha no interior de um vidro;

Já que as árvores não são senão nuvens que se agitam:

Não são senão cadeiras e mesas em movimento perpétuo;

Já que nós mesmos não somos mais do que seres

(Como deus mesmo não é outra coisa que deus);

Já que não falamos para ser escutados

Senão para que os demais falem

E o eco é anterior às vozes que o produzem;

Já que nem sequer temos o consolo do caos

O jardim que boceja e que está repleto de ar,

Um quebra-cabeças que é preciso resolver antes de morrer

Para poder ressuscitar depois tranquilamente

Quando se tem usado em excesso a mulher;

Já que também existe um céu no inferno,

Deixe que eu também faça algumas coisas:

 

Eu quero fazer um ruído com os pés

E quero que minh’alma encontre seu corpo.

 

 

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