domingo, 3 de janeiro de 2016

David Mourão Ferreira -- CASAS CAIADAS, POETAS PORTUGUESES 2016

Por entre casas caiadas
de luar e de silêncio,
paira no meio da estrada
a poeira de outros tempos...

por entre casas caiadas,
mas com desgraça por dentro
(ó varandas enfeitadas
com trepadeiras de vento!),

algumas desmanteladas,
de apodrecidas empenas
(todavia nos telhados
antenas e cataventos...),

por entre casas caiadas,
por entre casas (Silêncio,
que ronda o medo na estrada
em automóveis cinzentos!)

há jorros de luz salgada,
há torrentes de veneno...

E dentro daquelas casas
quando foi que nós morremos?

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