terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Fernando Pinto do Amaral -- MENSAGENS, POETAS PORTUGUESES 2016

Invisíveis regressam as palavras
na penumbra que desce e que me abraça
quase em silêncio. As ruas da cidade
revelam cada rosto do passado,

cada perfil ou cada olhar -- sorrisos
que setembro segreda e vou sentindo
como se fossem teus, como se ainda
por milagre viesses ter comigo

a mais um bar deserto, a mais um sonho
filho da meia-noite, nado-morto
talvez com este amor. O frio do outono
vai diluindo as margens do meu corpo

numa estrada neblina que submerge
a casa onde viveste, agora imersa
no mar das minhas lágrimas, eternas
como esse teu jardim -- ó atmosfera

envolta em doces mágoas, entre os muros
de séculos e séculos! As escuras
refluem as palavras, as noturnas
mensagens do passado ou do futuro.

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