PROMONTÓRIO -- Lêdo Ivo
Sempre
busquei a profusão das chuvas
e
celebrei o excesso.
A
porta que se abre à claridade do relâmpago
divide
o dia em partes desiguais.
Mas
entre a luz e a sombra há um espaço
onde o
sonho e a vida acordada se juntam como dois corpos
separados
das almas desunidas.
É a
este lugar que retorno
quando a chuva cai em Maceió e derruba as folhas
dos
cajueiros floridos.
Os
goiamuns inquietos percebem nas locas a alteração do mundo
que
oscila entre a alma e as raízes dos mangues
como
duas cores de arco-íris.
Berço
das tanajuras, pátria ameaçada pelo trovão,
dunas
sonâmbulas que só caminham à noite,
mar
que umedece os lábios rachados da areia,
longe
de vós serei um exilado.
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