Pudesse elevar-se o espírito acima do tempo,
ser o mundo só um espetáculo comovente,
qualquer coisa de especioso abaixo das nuvens,
onde a luz ao incidir fosse pura estesia.
Estábulo onde fechados esperamos o drama
por encenar no presente espaçoso que é nosso:
chaminés, gólgotas, campos de batalha,
domínio de prazer forense, breve e matizado
pela dor, onde, providos de um costume,
fomos instruídos em verdades que se ocultam
e sem outra instância de apelação que a morte,
em busca de conforto pelo fim do dia.
Pudesse elevar-se o espírito acima do tempo,
consigo levando nos dedos um pouco de terra queimada;
por pudor não olhasse embaixo o mundo,
já sem relógio e informes profecias,
envolto em luz espectral e fundado no que não existe.
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