O mar invade Lisboa mas por dentro
enquanto o vento enfeita
as filhas dos polícias
e há um vago frio nos olhos
mais dementes
destas tardes.
As crianças vestem
coloridamente
se mórbido e inesperado
séquito.
Mas nas ruas da Baixa
nota-se uma abundância
palpável
um rio vagamente doloroso
um mar por dentro.
Nas lojas de fazendas
na menina da caixa
no fastio amarfanhado
dos porteiros.
Gotas marítimas notavam-se
no brilho das pulseiras
de uma amante
líquido miúdo mas brilhante
até nas varizes das peixeiras.
Há quem diga sol
um sol insólito é bem certo
mas nota-se até na cauda dos insetos
piedosas solícitas gotas de humi(I)dade.
O mar invade tudo mas por dentro.
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