sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

365 dias com poesia, 15 de janeiro de 2016 -- CEMITÉRIO DO CAJU

CEMITÉRIO DO CAJU -- Lêdo Ivo

Os mortos são como os navios.
Assim como os navios ignoram que estão ancorados nos
                                      portos e suspensos pelas vagas
os mortos não sabem que estão além da vida, respirando
                                                               o vento do mar.

Entre o céu cinzento e as instalações portuárias
a morte é uma sílaba perdida.
Sobre a lápide avariada a lagartixa repousa

mudada em epitáfio.

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