COMPASSO
DE CALMARIA -- Lêdo Ivo
Já não
falo de amor aos céus de pedra
nem
firo as águas com os remos sujos.
Aprendi
a viver.
O
pulso de meus dias canta em mim
e a
poesia é o espelho do espírito.
Completei-me,
afinal.
Das
altas persianas vejo o sol
ao
compasso dos bosques inativos.
Paisagens
são relâmpagos.
Agora,
até os anjos compreendem
minha
necessidade de estar só.
Sou
incomunicável.
Porém
esta conquista não é dádiva.
Lutei,
buscando a ilha onde pudesse
enterrar
meu tesouro.
Assim
estou, mais pobre do que nunca.
Tudo o
que fulgurava está oculto
e
jamais volverá.
Vertigem
de não ser meu próprio hóspede
nem
ter memória em cego firmamento,
aqui
estou, sozinho.
Nem
pecados, nem gestos, nem trombetas
exploram
minha lenda. Estou à espera
deste
reino que é a morte.
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