SEM O MUSGO QUE É A FLOR -- Lêdo Ivo
Feérico,
todavia
espero
o tempo de ser o pobre muro
sem o
musgo que é, nele, a flor do tempo,
a hora
em que não mais terei de inventar a primavera;
época
dentro em mim, ela prescindirá de olhos
para a
sua evidência. E mesmo a doçura de viver, que ora
recorre à
inflexão de tua voz,
liberta
de tua pronúncia aos dezoito anos, se esconderá em mim
---
poeira refugiada num tapete.
É doce
envelhecer abolindo o supérfluo,
E
crescendo em amor, sabedoria e humano.
Tantas
belezas desprezadas para fixar apenas o essencial...
De
quanto quis deter, como quem puxa as rédeas de um cavalo
ficaram uma estrela que não vi, um pouco de mar
célere,
o
sonho revel que me perturbou o repouso,
a
alheia melodia que estorvou minha canção
e a
lâmpada que outros acenderam por mim em minha sala.
Contudo,
nada foi perdido. Sobre a colheita
vem a
morte, e não encontra o imaturo,
a
morte semelhante ao verão que ama as coisas completas
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