2 juillet 1937
quel triste celui de la chaise percée de la vieille mandragore –
borgne – hachée menu – cousue de fil blanc à la robe de mariée du coup d’épée
donné à la flamme du bec de gaz de l’aurore boérale étendu à sécher sur la
fleur évanouie de l’étoffe de soie mauve du rire jaune citron des comptes à
dormir debout et des pleurs orangés piques à la machine de la nuit de guimauve.
quel coquet désir de frire l’amas de révérences aux poils de la
bête en colère écoute l’oreille collée à l’arôme du thym les coups de fouets
dans ses chevilles et quel triste sort mendiant éprouvé aux caresses celui de
la chaise percée de mille printemps apporte les regrets du miroir de sa plaie à
la chemise en toile d’araignée de la vieille mendiante inscrite sur le dos du
libre arbitre mangé des vers de l’épingle qui traverse la tige de la fleur
d’oranger piquée au centre du rideau qui couvre la mandragore
mandrágora
quanta tristeza naquela cadeira
atravessada pela velha mandrágora – zarolha – picada miúda – coberta de feridas
no vestido de noiva estocadas feitas de chamas do bico de gás aurora boreal
estendida secando a flor evaporando o tecido de seda malva riso amarelo cítrico
imaginando negativas em choros laranjas espremidas na máquina da noite
adocicada.
quão gracioso desejo do nada rimas
de respeito pelos pêlos da besta em cólera
escuto a orelha colada ao aroma do
tomilho golpes de chicote nos tornozelos e quanta tristeza experimenta o
mendigo carências daquela cadeira percebidas à distância primavera recebe
lembranças do espelho chaga na camisa teia de aranha da velhice suplicante
inscrita na lombada do livro livre arbítrio fome de versos de alfinetes que
atravessam o talo da flor da laranjeira picada no centro da cortina que cobre a
mandrágora
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