18 septembre 1940
vu matin
I
flammes pétrifiées des nuages angora suintant ses baves sur les
briques liquides du ciel empestant les draps des vignes ☼ les pattes de la
table mordant à la poitrine le soleil qui se traîne à sés pieds couvert de
chaînes ☼
le canari de la harpe du bleu saupoudré sur la pâte à frire sonne
l’heure à ses clochettes
II
croûtes du fromage des cheveux emmêlés des arbres qui s’évaporent
sur la dalle du ciel pose sur les madriers du fleuve la laine qu’huile la lampe
de ses narines du beurre de l’herbe caresse de sés doigts l’haleine emmaillotée
qui tremble
III
aux quatre angles la fenêtre déchire le jour qui point et pan une
pluie d’oiseaux morts frappé le mur et ensanglante la chambre de ses rires
vista matinal
I
chamas petrificadas nuvens da cor
angorá babam nos tijolos líquidos do céu empesteiam o lençol das videiras ☼ os
pés da mesa mordem o peito do sol que se arrasta aos seus pés coberto por
correntes ☼ o canário da harpa azul espalha sobre a pata frita soa na hora
anunciada
II
casca do queijo cabelos
embaraçados árvores que somem na laje do céu pousado nas madeiras do rio a lã
que acende a lâmpada de suas narinas qual manteiga de ervas carícia de seus
dedos hálito nervoso
III
os quatro cantos da janela desejam
o dia que aponta e guarda uma chuva de pássaros mortos que batem no muro e
ensangüentam o quarto de risadas
Nenhum comentário:
Postar um comentário