quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Manoel de Barros, em Compêndio para uso dos pássaros -- EXPERIMENTANDO A MANHÃ DOS GALOS

...poesias, a poesia é


-- é como a boca
dos ventos
na harpa


nuvem
a comer na árvore
vazia que
desfolha noite


raiz entrando
em orvalhos...


os silêncios sem poro


floresta que oculta
quem aparece
como quem fala
desaparece na boca


cigarra que estoura o
crepúsculo
que a contém


o beijo dos rios
aberto nos campos
espalmando em álacres
os pássaros


--- e é livre
como um rumo
nem desconfiado...

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