quinta-feira, 5 de março de 2015

Graciliano Ramos, Vidas Secas. Marco Plácido, Poema:Sinha Terta

Sinha Terta

Quem é do chão não se trepa
Nas contas com o branco, dono de tudo, Fabiano ainda pagava o tal do juro
E ouvia sermão: “Era bom pensar no futuro”
Nunca ferrou um bezerro ou assinou orelha de cabrito
Estava sempre devendo
Que juro! O que havia era ladroeira!
O patrão zangou

-- Isso era ignorância da mulher, patrão, ele como não sabia ler acreditava na conta da velha!
-- Desculpa, patrão!
Recordou-se quando o cobrador da prefeitura quis imposto de parte de um
Porco!
Descoberto na malandragem da venda escondida
Morreu no imposto e na multa (descobriu que era perigoso criar porcos)
Sabia, nasceu como o pai e o avô para amansar brabo, curar feridas com rezas e consertar cercas Como um cachorro só recebia ossos

Toda vez que os homens sabidos lhe dirigiam palavras difíceis saía logrado!

(Mas eram bonitas às vezes decorava algumas e empregava-as fora de propósito Se ele soubesse falar como Sinha Terta haveria de arranjar-se


Gostava de falar com a mulher porque falava por gestos)

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