segunda-feira, 4 de maio de 2015

Rainer Maria Rilke -- SONETOS A ORFEU – II, XV



Boca de fonte, oh boca generosa,
dizendo sem cessar a mesma água pura.
Máscara de mármore em face da figura
fluente da água. E entre esta boca e a fonte,

os aquedutos de onde vem. De longe,
contornando túmulos e montes do Apenino,
colhes neles o canto que aqui, límpido,
escorre de teu queixo enegrecido

na calha aberta. É surdo o ouvido
de mármore, onde sonora e em vão
murmuras incessante...

ouvido da terra. A água fala então
só a si mesma? Se lhe interpõem

Uma vasilha, para de falar.

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