segunda-feira, 4 de maio de 2015

Willian Shakespeare -- SONETO V



Aquelas mesmas horas que tão bem moldaram
Tua imagem sem par que a todo olhar fascina
Usarão seu poder que tudo determina
Para arruinar a forma bela que criaram.

Assim o tempo arrasta incessante o verão
Em direção do inverno, onde o destrói de vez.
A seiva, o frio a estanca, e as folhas se vão:
A beleza é então brancura e desnudez.

Eis que, se do verão não tivesse ficado,
Líquido, um prisioneiro entre muros de vidro,
Nada de seu fulgor nos teia restado.

E assim as flores, destiladas, vencem o olvido.
E se, para vence-lo, abrem mão da aparência,

Vivem, malgrado o inverno, agora como essência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário