segunda-feira, 25 de maio de 2015

Iberê Camargo, em Iberê Camargo: As horas

Seria interessante se eu pudesse unir, no agora, o passado e o presente, tudo. Porque, na verdade, nós sempre perdemos, o passado fica para trás, é sucata, é coisa modificada, destruída, apodrecida -- isso é o passado. E nós estamos no presente, e na frente há sempre uma luz, nós sempre estamos caminhando. Agora, se pudesse o pintor unir essa coisa, esse passado, que eu buscava, como quando eu fazia aqueles "núcleos", como se eu mergulhasse as mãos na terra, como se eu quisesse reencontrar os meus brinquedos, os meus carretéis que estavam sepultados em meu pátio de terra batida. Assim, eu queria resgatá-los, trazê-los para o agora, seria interessante...Agora, eu não sei, começa a aparecer nos meus quadros essa coisa... esses fantasmas, o meu passado. Cessa o tempo, acaba. Não há mais passado, presente e futuro. Só o tempo, único. É muito estranho.

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