sexta-feira, 1 de maio de 2015

POESIA FEMININA JAPONESA (5)

 MITSUHASHI TAKAJO (1899 – 1972):

Trocando os lugares,
de repente, céu e terra ---
doença em Outono.

Balizeiros em flor ---
come dessa cor de fogo
e morrer queimado.

Em cima, no poste,
o eletricista fica
mudado em cigarra.

O vento de Outono ---
as barbatanas de um peixe
mais transparentes que a água.

A mulher de pé
sozinha, pronta a avançar
pela Via Láctea.

Folhas a cair,
folhas e folhas caindo
também na minha cama.

Mesmo em dia assim,
de céu e terra parados,
as formigas correm.

Ali o balão
insuflado de tristeza,
subindo no ar.

O tronco curvado,
depois que a hera morreu,
inexplicavelmente.

Começo de Inverno ---
árvores, vivas e mortas,
já não se distinguem.

Pelo gelo fino
minha sombra a deslizar
até que mergulha.

Suas vidas duram
só enquanto estão a arder ---
mulher e pimenta.

Um cemitério ---
a camélia quer cair
logo que dá flor.

Onde a tartaruga
mergulhou, a agitação
faz mexer a água.

Por entre os milhares
de insetos a zumbir,
um deles fora de tom.


class=MsoNormal> 

Nenhum comentário:

Postar um comentário