“Tu
és flor, as tuas pétalas
Orvalho
lúbrico molha;
Eu
sou flor que se desfolha
No
verde chão do jardim.”
Têm
por moda agora os líricos
Versos
fazer neste estilo...
Tu
és isto, eu sou aquilo,
Tu
és assado, eu assim...
As
negaças deste gênero,
Carlotinha,
não resisto;
Vou
dizer que tu és isto,
Que
aquilo sou eu, vou dizer:
Tu
és um pé de camélia,
Eu
sou triste pé de alface,
Tu
és aurora que nasce,
Eu
sou a fogueira a morrer.
Tu
és vaga pacífica,
Eu
sou onda encrespada.
Tu
és tudo, eu não sou nada,
Nem
por descuido doutor;
Tu
és de Deus uma lágrima,
Eu
sou de suor um pingo,
Eu
sou no amor o gardingo,
Tu
Hermengarda no amor.
Os
fatos restabeleçam-se,
Ó
dona dos pés pequenos:
Eu
sou homem – nada menos,
Tu
és mulher – nada mais;
Eu
sou empregado público,
Tu
minha noiva bem cedo,
Eu
sou Arthur Azevedo,
Tu
és Carlota Morais.
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