segunda-feira, 4 de maio de 2015

Stéhane Mallarmé -- O TÚMULO DE EDGAR POE



Tal que em si mesmo enfim a eternidade o muda.
O poeta suscita com uma espada desnuda
Seu século assustado de não ter percebido
Que a morte triunfava nessa voz estranha?

Como um vil sobressalto de hidra ouvindo o anjo
Dar sentido mais puro às palavras da tribo
Proclamava bem alto o sortilégio haurido
No fluxo degradado de uma negra mistura.

Do solo hostil e a nuvem hostil, ah quanta afronta!
Se nossa ideia falha ao esculpir um relevo
De que o túmulo de Poe, deslumbrante se orne,

Calmo bloco caído de um desastre obscuro,
Que esse granito oculte ao menos seu contorno

Aos negros vôos da Blasfêmia esparsos no futuro.

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