terça-feira, 5 de maio de 2015

Gabriela Mistral -- A CHUVA LENTA


Esta água medrosa e triste
como criança que padece,
antes de tocar a terra
desfalece


Quieta a árvore, quieto o vento
e no silêncio estupendo
este fino pranto amargo
caindo.


O céu parece imenso
Coração, que se abre amargo.
Não chove: é um sangue lento
E longo.


E dentro do lar os homens
Não sentem esta amargura,
Este envio de água triste
da altura.


Este longo e fatigante
Descender de águas vencidas,
Para esta terra tendida
E transida.


Chove...e como chacal trágico
A noite espreita na serra.
O que vai surgir na sombra,
Desta terra?


Dormireis, quando lá fora
Cai, sofrendo, esta água inerte.
Esta água letal, irmã
Da morte.




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