sexta-feira, 1 de maio de 2015

POESIA FEMININA JAPONESA (6)

 KATSURA NOBUKO (1914)

Mulher ao meio-dia:
aguardando sem cansaço
um fogo distante.

Noite de natal ---
desde quando, esta tristeza
por estar casada?

São os patos bravos ---
uma fatia de silêncio
entre o seu grasnar.

Vestida à vontade,
encontro-me com alguém
em noite de pirilampos.

Um ramo já seco,
sem nada para tocar,
agarrado ao céu.

Dois seios entre os ombros
e esta melancolia ---
a chuva sem fim.

Mesmo em voo contínuo
o pato bravo não escapa
aos raios do luar.

Sobre esta balança,
meu corpoquente do banho,
em noite de neve.

Onde me despi,
Para lá da escuridão
Um íris em flor.

Neve na janela ---
um corpo faz a água quente
vazar da banheira.

Na pele da mulher
que ainda não concebeu,
sol quente de Outono.

Dia de Primavera ---
um vento que vem do mar
sem que o mar se veja.

Na água parada,
imagem clara das flores
com a morte no pé.

Pensa no fogo que arde
no mais profundo da terra,
um ano após outro.

Um rebento de bambu
despindo a sua bainha ---
o vento parou.


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