sexta-feira, 1 de maio de 2015

POESIA FEMININA JAPONESA (7)

YOSHINO YOSHIKO (1915)

Embora já morto,
o crisântemo não cai ---
que imagem pungente!

Com a mãe doente
as crianças já não brigam ---
seu jantar é frio.

Gelo pouco espesso
e, sob ele, armadilhado
um brilho do poente.

Grandes girassóis
a cercar a grande casa
da grande família.

Montanhas nevadas,
grandes vagas --- e entre elas
um longo comboio.

Como quem remenda
meias, remendo a mente
e prossigo a vida.

Luar em noite nublada ---
um rio, murmurando em japonês,
faz-me sentir em casa.

Como quem flutua
num ventre, banho-me em paz ---
manhã de ano novo.

A planta de bambu
desembainhando a vagem
diante de mulheres.

O som da pilha de pratos
a tinir uns contra os outros ---
noite de Outono.

No campo nevado
para sempre paralelos,
trilhos de carroça.

Como uma mulher
que desmaia, o lótus branco
caiu por inteiro.

No cimo do monte,
alguém pregando uma estaca
acorda a paisagem.

Numa velha árvore,
qual criança abandonada,
um rebento em flor.

Como aterroriza!
cada máscara no drama
tem a boca aberta.

Na água quieta,
a olhar a própria imagem ---
um ganso perdido.

A luz do luar
concentrada na cratera ---
neve no Monje Fuji.




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