terça-feira, 5 de maio de 2015

Pancetti, quadro. Poema: MILHAZES

MILHAZES

Se eu fosse pintor
Nunca seria
Tradutor de imagens
Fiéis da natureza
Fotografia serve para isso.
Se eu fosse pintor
E conseguisse traduzir tudo o que sinto
Vendo o movimento das pessoas nas ruas
Sentimentos de música, teatro, balé
Com cores, pinceladas ritmadas, meio bebopianas
Talvez pintasse como Beatriz
Seus arabescos multicores
Espelhando mil amores sem-fim
Qual um caleidoscópio
Nos botando a girar
A cabeça pra funcionar
Tendo que olhos de mosca ter
Para tudo apreciar
Seria muito bom
menos bom que ela
Dulcíssima quimera
A me inspirar
A apreciar
A arte
Sem querer entender
Se moderna, conceitual e coisa e tal
A arte do belo
O belo pelo belo para o belo
Embelezando nossa triste existência
Mas por conseqüência
dos seus milagres

menos pobre e servil!

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