sexta-feira, 3 de abril de 2015

Reinaldo Arenas: Holguin, 1943 – Nova Iorque, 1990. Cresceu num pequeno povoado, sem pai, no seio de uma família pobre e louca, composta pela mãe, os avós e dez tias solteiras.

TU E EU ESTAMOS CONDENADOS

Tu e eu estamos condenados
pela ira de um senhor que não dá o rosto
a dançar sobre um lugar calcinado
ou a esconder-nos no cu de algum monstro.

Tu e eu sempre réus
daquela maldição desconhecida.
Sem viver, lutando pela vida.
Sem cabeça, pondo o chapéu.

Vagabundos sem tempo e sem espaço,
uma noite incessante nos envolve,
nos enreda os pés, nos tolhe.

Caminhamos sonhando um grande palácio
e o sol sua imagem gasta nos devolve
transformada em prisão que nos acolhe

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