DOIS GIRASSÓIS SOBRE O ASFALTO
No terminal ferroviário
sentada com a minha mãe
dois girassóis sobre o
asfalto.
A sua mão apaga toda a suja
paisagem. Nunca comi senão
dessa mão
nunca
senão desse fruto macerado.
Ensinavas-me um caminho para
que não me perdesse.
E sempre regresso, pequeno
afluente,
procurando um pouco de
sossego
como ao enfermo se dá
uma colherada de sopa
e a colher faz frias,
metálicas promessas
até que a cabeça se detém
recostada contra o velador.
Uma larva cantando a um verme
-- a canção roída por dentro,
O talo resplandecente
conectado ao tubo de oxigênio.
O mar, como um patrulheiro
pisando-me os calcanhares.
Talassa talassa
Tentei viver sete vezes.
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