sexta-feira, 18 de maio de 2012

Juana de Ibarbourou, TE DOU MINHA ALMA

Te dou minha alma desnuda
como estátua à qual nenhum manto escuda,
Desnuda como o puro impudor
De um fruto, de uma estrela, de uma flor.

De todas essas coisas que têm a infinita
Serenidade de Eva antes de ser maldita.

De todas essas coisas,
frutos, astros, rosas.

Que não sentem vergonha do sexo sem folhagem
A quem ninguém ousara fabricar roupagens.

E sem véus, como o corpo de uma deusa serena,
Que tivera uma intensa brancura de açucena,

Desnuda e toda aberta de par em par
Pela ânsia de amar.


Tradução: Thiago de Mello.

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