quarta-feira, 30 de junho de 2010

ARESTAS

Depois de quase duas horas num puta engarrafamento, cheguei em casa e me lembrei de postar um poema que fiz logo assim que iniciei meu trabalho de preparação vocal. Uma das coisas que acho mais legais na Marriet é a capacidade de entender a especificidade de cada paciente. No meu caso, ela logo percebeu que apesar de querer cantar melhor, minha onda é poesia. Desde o início viu que não estava trabalhando com um cara que queria ser cantor e sim com um poeta que queria interpretar suas canções.

E isso, aliado ao fato dela gostar de poesia, foi fundamental para alcançarmos em pouco tempo um ótimo resultado, pois não fazemos um trabalho fonoaudiológico no sentido estrito é um trabalho artístico-fono-terapêutico! Muito bom e tem me acrescentado muita confiança, característica fundamental para quem vai enfrentar as feras do palco.

Sem maiores delongas, vamos ao poema.

ARESTAS

Cansado de tanto falar
Para ouvidos
que não sabem enxergar
Para olhos
que salivam por coisas tolas
Rouco de tanto escutar
vazias palavras
Amígdalas
tensas
Tolas
frouxas
Com suas afirmações
sem nexo
sem ferro
assisto fraco
a diagnósticos exatos
cantores exatos
sem emoção
sem condição de entenderem que cantar
não é apenas exalar ar
cantar é viver
a vida com arestas

Abraços, Marco.

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