Isso é tudo e não
muito, bem sei.
É só para lhes dizer
que ainda vivo.
Como alguém que um
tijolo levasse consigo.
Para mostrar como foi
sua casa uma vez.
PRIMAVERA
DE 1938
1
Hoje,
domingo de Páscoa
Uma
tempestade de neve atingiu a ilha.
Entre
as sebes verdejantes havia neve. Meu filho pequeno
Levou-me
a um pé de damasco junto ao muro
Afastando-me
de um poema em que apontava com o dedo aqueles
Que
preparam uma guerra que
Aniquilaria
este continente, esta ilha, meu povo, minha família
E
eu. Em silêncio
Colocamos
um saco
Sobre
a árvore com frio.
2
Sobre
a baía pendem nuvens de chuva, mas o sol
Ainda
doura o jardim. As pereiras
Têm
folhas verdes e ainda nenhum broto, e as cerejeiras
Brotos
e ainda nenhuma folha. As umbelas brancas
Parecem
rebentar de galhos secos.
Pelas
águas encrespadas da baía
Corre
um pequeno barco de vela remendada.
Ao
gorjeio dos estorninhos
Mistura-se
o trovão distante
Dos
canhões dos navios
Do
terceiro Reich.
3
Nos
salgueiros à margem da baía
A
coruja chama com freqüência, nessas noites de primavera.
Conforme
a superstição dos camponeses
A
coruja informa aos homens
Que
não viverão muito. A mim
Que
tenho consciência de haver dito a verdade
Sobre
os dominadores, nenhum pássaro da morte
Precisa
informar sobre isto.
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