quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Bertolt Brecht, poema: O MERCADO DE FLORES






Na Capital imperial a primavera está quase no fim
Quando as ruas se enchem de coches e cavaleiros: chegou
O tempo das peônias. E nós nos misturamos
Ao povo que aflui ao mercado de flores. “Aproximem-se!
Escolham suas flores deste ano. Preços diversos.
Quanto mais botões, naturalmente, mais alto o preço.
Essas brancas – cinco peças de seda.
Essas vermelhas – vinte côvados de brocado.
Para proteger do sol um sombreiro
Contra a geada a cesta de algodão.
Salpicadas de água e as raízes cobertas de lama
Transplantadas conservarão a beleza.”
Sem pensar, cada família segue o caro costume.
Um velho agricultor, vindo à cidade para
Ir a duas ou três repartições, ouvimos suspirar
Balançando a cabeça. Ele pensava talvez:
“Um buquê dessas flores
Pagaria os impostos de dez cidades pobres.”


Po Chu-yi

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