segunda-feira, 30 de abril de 2012

Wallace Stevens, What We See Is What We Think

AQUILO QUE VEMOS É AQUILO QUE PENSAMOS

Ao meio-dia, a desintegração da tarde
Começava, o regresso ao fantástico, se não mesmo
aos fantasmas. Até então tinha sido a outra via:

Imagináramos as árvores violetas, mas as árvores continuavam
verdes.
Tão verdes, ao meio-dia, quanto para sempre ficariam.
O céu era azul para além da mais abobodada frase.

Meio-dia significava isto: o fim do tempo normal
Uma subida, um élan sem perturbação,
O imprescritível zênite, livre de arengas,

Meio-dia, e o primeiro instante cinzento depois,
Uma espécie de cinzento violeta, um violeta verde, um fio
Com que tecer a perna ou a manga de uma sombra, um esboço

No pedestal, uma ambiciosa página dobrada,
Em cima, à direita, uma pirâmide em que um lado
É como um corte espectral nas sua percepção, um declive,

E a sua caricatura fulva e a fulva vida,
Um outro pensamento, o supremo bulício...
Pois aquilo que pensamos não é nunca aquilo que vemos.


Tradução: Maria Andresen de Sousa.

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