AQUILO QUE VEMOS É AQUILO QUE PENSAMOS
Ao meio-dia, a desintegração da tarde
Começava, o regresso ao fantástico, se não mesmo
aos fantasmas. Até então tinha sido a outra via:
Imagináramos as árvores violetas, mas as árvores continuavam
verdes.
Tão verdes, ao meio-dia, quanto para sempre ficariam.
O céu era azul para além da mais abobodada frase.
Meio-dia significava isto: o fim do tempo normal
Uma subida, um élan sem perturbação,
O imprescritível zênite, livre de arengas,
Meio-dia, e o primeiro instante cinzento depois,
Uma espécie de cinzento violeta, um violeta verde, um fio
Com que tecer a perna ou a manga de uma sombra, um esboço
No pedestal, uma ambiciosa página dobrada,
Em cima, à direita, uma pirâmide em que um lado
É como um corte espectral nas sua percepção, um declive,
E a sua caricatura fulva e a fulva vida,
Um outro pensamento, o supremo bulício...
Pois aquilo que pensamos não é nunca aquilo que vemos.
Tradução: Maria Andresen de Sousa.
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