NO CAMINHO DE CASA
Era quando eu dizia
"Não há uma coisa chamada verdade"
Que as uvas pareciam mais cheias.
A raposa acorria do seu buraco.
Tu... tu dizias,
"Há muitas verdades,
Mas não são partes de uma verdade"
Então, à noite, a árvore começava a transformar-se
Deitando fumo através do verde, fumo azul.
Éramos duas figuras numa floresta.
E dizíamos que estávamos sós.
Era quando eu dizia,
"As palavras não são formas de uma única palavra.
Na soma das partes só há as partes.
O mundo deve ser medido pelo olhar";
Era quando tu dizias,
"Os ídolos viram muita pobreza.
Ouro e serpentes e piolhos,
Mas não viram a verdade";
Era nessa altura que o silêncio ficava maior
E mais longo, a noite mais redonda,
O perfume do Outono mais quente,
Mais próximo e poderoso.
Tradução: Maria Andresen de Sousa.
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