terça-feira, 24 de abril de 2012

crise

o tempo passa aproveitando-o ou não
(e todas as retinas cansadas sabem dessa verdade sem contestá-la)
a juventude é da pá-virada
pois se espanta com as obviedades da vida que desconhece e que não querer conhecer
(por isso se espantará quando começar a envelhecer, sem saber, sem saber do que poderia prever)
a meia idade, que dizem ser aos cinquenta -- como se todos chegassêmos ao cem anos, atravessa as crises com mais resignação, muitas vezes ajudada pela oração, que consola e alivia uma raiva atávica e segue em frente com o medo inerente a quem também não pensou que podia envelhecer
a melhor idade -- ironia dos mais novos, com a terceira e última idade, não vê saída e aproveita até a última piscada desprevenida para se livrar de todas as idiossincrasias que poderiam ter sido despachadas lá pelos quarenta, antes ou depois da crise
(isso alguém me disse)

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