DA POESIA MODERNA
O poema da mente no ato de encontrar
O que basta. Nem sempre houve o que encontrar:
Havia uma cena pronta: que repetia o que
Estava no guião.
Então o teatro transformou-se em
Algo de diferente. O que ele era tornou-se recordação.
É preciso estar vivo, é preciso aprender a fala do lugar.
É preciso olhar os homens do tempo e encontrar as
Mulheres do tempo. É preciso pensar no que é a guerra
E é preciso descobrir o que basta. É preciso
Construir um novo palco. É preciso estar nesse palco
E, como ator insaciável, devagar e
meditadamente, dizer palavras que ao ouvido, Ao mais delicado ouvido da mente, repitam
Exatamente o que ela quer ouvir, no som
Em que uma invisível audiência escuta,
Não a peça, mas ela própria, expressa comno se,
Numa emoção de duas pessoas, como se, de duas
Emoções tornadas uma. O ator é um metafísico
No escuro, arranhando
Um instrumento, arranhando uma corda metálica cujos
Sons atravessam súbitas exatidões, um todo
Em que a mente está, abaixo da qual não pode descer,
Para além da qual não tem vontade de ir.
É preciso
Que seja o encontro de uma satisfação, e talvez de
Um homem patinando, de uma mulher dançando, de uma mulher
penteando-se. O poema do ato da mente.
Tradução: Maria Andresen de Sousa.
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