sábado, 3 de março de 2012

António Ramos Rosa, poeta português

A palavra

A palavra é uma estátua submersa,um leopardo que estremece em escuros bosques,uma anémona sobre uma cabeleira.Por vezes é uma estrela que projecta a sua sombra sobre um torso. Ei-la sem destino no clamor da noite, cega e nua,mas vibrante de desejo como uma magnólia molhada.Rápida é a boca que apenas aflora os raios de uma outra luz. Toco-lhe os subtis tornozelos,os cabelos ardentes e vejo uma água límpida numa concha marinha. É sempre um corpo amante e fugidio que canta num mar musical o sangue das vogais. de Acordes(1989)

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