quinta-feira, 29 de março de 2012

Carlos Nejar, poeta (Não somos apenas aquilo que existe)

Não somos apanas o que existe.
Há camadas que guerreiam.


Apenas o alargamento
de terra e raízes.
Rios correndo países
de paciência.


Apenas o estribilho
de línguas
vivas ou mortas.
Um pêlo, a brisa,
os corpos na água.


Inumeráveis
as gerações se conhecem,
proa de um rosto.
E nos parecemos
com o tudo que muda,
ficando.


Das coisas
tomamos o bordão,
o andamento.


Não apenas o que existe.
Também o que não existe,
somos.

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