Os pés dos sapatos juntos.
Hei-de calçá-los, soltos
e imensos, e talvez rotos,
como dois velhos marujos.
Nunca terão o desgosto
que tive. Jamais o sujo
desconsolo: estamos postos,
como eu, em chão defuntos.
Em vãos de flor, sem o riacho
de um pé a outro, entre guizos.
Não há mais demência ou fome.
Sapatos nos pés não comem.
Só dormem. Porém, descalço
pela alma, é o paraíso.
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